O director do Público, Manuel Carvalho, escreve hoje um editorial que só não o deslustra porque já perdeu o lustro há muito tempo, com as posições ideológicas que defende no jornal e que desvirtuam o jornalismo de cão de guarda da democracia, em prol da assunção explícita, pelo menos neste caso, de voz do dono deste governo ou modo de governar.
O ataque descabelado de um careca ao Ministério Público não tem eira nem beira que o sustenha, desde logo pelos artigos dos seus próprios jornalistas que afinal o mesmo Car(v)alho nem lê. Se lesse sentiria vergonha ao escrever estas inanidades que passo a citar:
" Se este clima persistir, deixará de haver certezas sobre o domínio da razão ou da sensatez. Um almoço de 30 euros pode passar a ser indício de crime. Um telefonema de um director-geral a um empresário, prova de conluio. Uma promessa de ajuda para desbloquear um procedimento banal entrará no rol de tráfico de influências."
Esta alarvidade escrita nem deveria merecer grande comentário tal é a evidência da asneira e do enviesamento de juízo de um jornalista que deveria ser competente e isento, em prol do povo ou pelo menos dos clientes que lhe compram o jornal ou mesmo do patrão que lhe paga o salário.
No caso concreto não se fala em almoços de 30 euros, sem mais, mas de almoços repetidos de centenas de euros, pagos por empresários comprometidos com favores que solicitam a quem pagam tais almoços e que são governantes. Em qualquer país civilizado estes comportamentos assumem relevância criminosa e foram os próprios governantes que gizaram as leis que assim o consideram.
No caso concreto não se fala em telefonemas anódinos de directores-gerais e empresários banais, mas sim de telefonemas repetidos e avulsos, com conversas comprometedoras relativas a promessas e favores a fazer rápida e eficazmente para favorecimento de tais empresários, como sucedeu comprovadamente.
Tais telefonemas implicam directa e inequivocamente altos funcionários e amigos de um primeiro ministro, mencionado aliás como facilitador de tais empreendimentos, sem que se possa desmentir que tal não tenha sucedido e por isso mesmo suspeito dos mesmos ilícitos penais.
No caso concreto não se fala em anódinas promessas de ajuda para desbloquear um procedimento banal mas sim de promessas aliás satisfeitas para desbloquear procedimentos ilegais e nada banais, comprovadamente entendidos como tal por alguns dos funcionários a quem fora pedido tal desbloqueamento, na expressão caricata deste jornalista cuja isenção e competência assim se expõe.
O que ficou exposto no caso concreto, claramente indiciado para já e dito expressamente por um juiz de instrução não é apenas "Uma operação bem-sucedida de lobbying empresarial", como escreve o jornalista citando um dos seus gurus, Vital Moreira, outro desmiolado de senso comum e um activo sectário do poder ideológico que tomou para si, desde o comunismo que apostatou até ao socialismo que o acaparou.
Não se trata apenas de censurar politicamente a escolha de amigos e colaboradores do primeiro-ministro mas sim destes amigos e colaboradores, um deles com dezenas de milhar de euros escondidos no gabinete primo-ministerial Tudo isso passa ao lado do escrito salafrário deste jornalista que não vê o que é evidente de senso comum e com recorte manifestamente criminal.
Tudo isto permite-lhe lançar um anátema contra o Ministério Público cuja actuação se pautou no âmbito da mais estrita legalidade e cuja oportunidade se encontra coberta pela lei processual vigente, aprovada por estes mesmos governantes que agora criticam tal actuação.
Este anátema, acompanhado da catilinária corrente e proveniente da central de propaganda político-partidária dos entalados, deste PS, é lançado por este jornalista como se fosse o mais perfeito direito de crítica a uma ilegalidade patente e notória do titular da acção penal e a favor dos suspeitos e indiciados que fazem parte do governo.
O jornalismo assim exposto é por isso mesmo um exercício de apaniguado deste poder político, desavergonhadamente tendencioso e em nome de algo indefinível mas cujo processo de intenção não me custa nada elaborar: em nome da ideologia e do interesse político neste governo de esquerda. Portanto, um jornalismo de propaganda política que é a negação da própria profissão. É do Car(v)alho, sem dúvida!
Nem sequer a leitura do jornal que dirige o demoveu de escrever este estenderete de alarvidades, com seja a entrevista do presidente do Sindicato do MºPº que coloca os pontos nos iis e até o artigo das jornalista que explicam o assunto, claramente a até agora indiciado no inquérito em curso.
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