sábado, dezembro 05, 2009

A anomia portuguesa













Estas imagens são da tarde de hoje, em Roma, Itália e saíram do sítio do jornal la Repubblica. Reportam uma manifestação gigante, contra Berlusconi, por causa...de quê, exactamente?

Por causa disto, essencialmente e que já foi alvo de atenção internacional, de há anos a esta parte. Por causa destas capas da Economist ( porventura a melhor revista de informação geral que se pode ler e que escapou à crise, vendendo cada vez mais), Berlusconi accionou judicialmente a revista, tal como fez com outros jornais e revistas, mesmo internacionais ( Le Nouvel Observateur).


Resta dizer que os manifestantes e os que pressionam Berlusconi para sair de onde está, não são propriamente de direita, seja lá isso o que for, mas também não se confundem com a esquerda típica ou atípica. O partido Democratico, uma força que agrega o centro e esquerda convencional, nem sequer apoiou a manifestação.

E por cá, em Portugal? Os escândalos que têm atingido directa e indirectamente este primeiro-ministro que temos, têm sido ainda mais graves do que os que rodeiam Berlusconi,. Este último tem visto a sua vida privada ser devassada como por cá o centrão político nunca admitiria ( mas o El País de Juan Luis Cébrian apoia activa e freneticamente). Se fizessem ao primeiro-ministro de cá o que têm feito a Berlusconi, já os sousas tavares júdices marinhos e pintos e quejandos teriam rasgado as vestes de indignação pela violação da sagrada privacidade de um primeiro-ministro que em privado decide da coisa pública, como nunca se viu.

Portanto, o que assistimos continuadamente é a uma anomia, a um desinteresse alargado e uma contra-ofensiva dos situados que temendo perder os lugares, até se dão ao luxo de inventar cabalas nunca vistas e ripostam pelo absurdo e pelo descaramento.

E como somos um país periférico, a Economist nem sequer sabe o que por cá se passa...porque senão já teríamos não uma ou duas, mas várias capas a exigir publicamente que terminem estes escândalos sucessivos, ainda por cima relacionados com a corrupção pura e simples.
Se assim não fosse, há muito que os portugueses teriam dito em coro:

Questuber! Mais um escândalo!