sexta-feira, dezembro 04, 2009

A "roubalheira" do segredo de justiça

DN:

O caso das escutas realizadas no âmbito do processo Face Oculta voltou a ser levado pelo BE ao Parlamento, com o líder bloquista, Francisco Louçã, a ir directo ao assunto no debate quinzenal, questionando o primeiro-ministro se já fez queixa judicial contra "o gravíssimo crime de espionagem política de que foi alvo nos últimos meses".
Na resposta, José Sócrates falou apenas de crimes de violação do segredo de justiça, onde estão envolvidos vários suspeitos, sublinhando que nunca utilizaria esses crimes para "efeito de arremesso político".
"Nunca aproveitaria nada do que fosse revelado com base num crime com o objectivo de atacar um adversário político", declarou, manifestando-se confiante que a Justiça saberá perseguir "os criminosos" que violem o segredo de justiça.
Nunca aproveitaria nem deixaria aproveitar, porque é pessoa de bem: é esta a imagem projectada com mais uma mentirola.
Por exemplo, no caso da ""roubalheira no BPN" , foi exactamente assim e o aproveitamento político, em campanha eleitoral ficou por conta da casa. Que aliás, já há muito se sabe do que gasta.
Por outro exemplo, com as violações de segredo de justiça, favoráveis aos próprios suspeitos e que consistem, elas sim, num crime grave de obstrução à investigação e à justiça e conduziramà troca de telemóveis, como refere hoje mesmo o jornal Sol.
Entre outras coisas, o jornal refere o seguinte que resultará das escutas efectuadas a um suspeito e em que interveio o primeiro-ministro que "estava a par de tudo":
"Terá sido solicitado a uma empresa, que fez cartazes e panfletos, que empolgasse os valores facturados, de forma a aumentar os custos da campanha ( faltando depois investigar o trajecto do dinheiro para verificar para onde tinha ido a diferença)".
São estes segredos que verdadeiramente incomodam o poder político. Qualquer poder. E é por isso que o segredo de justiça é tãããoooo....importante. Mesmo imprescindível, dir-se- ia. E naturalmente respeitado por todas as forças políticas.
Menos os que falaram na tal "roubalheira"...

6 comentários:

Dr. Assur disse...

Caro amigo

Já ouviu falar do "Robinóquio"?

Diogo disse...

O segredo é a alma do negócio. E política é negócio.

Cada vez mais veria com bons olhos um grande incêndio na Assembleia da República. Sem sobreviventes.

joserui disse...

José tenho lido aqui o sítio, mas percebo pouco disto. E esta época é má para mim para comentar, mas... Não resisto a acrescentar algo ao assunto Centenário da República e Cayatte:
Afinal o estacionário por 99.000€ não inclui o logotipo apresentado no portal dos 99.500€ ambos da lavra de Henrique Cayatte. Esse foi adjudicado a uma FBA – Ferrand, Bicker & Associados, Lda. que também está no portal Transparência na AP, por 10.000€.
O bizarro (há sempre o bizarro) é que o logotipo foi alvo de um concurso de ideias por parte do CPD (Centro Português de Design). Esse concurso tinha um prémio de 5.000€, mas não houve vencedores. E assim, passou a custar o dobro.
O presidente do CPD é o Henrique Cayatte. -- JRF

josé disse...

Roubalheira?

É preciso averiguar, mas no pasa nada porque esse modo de fazer negócios com o Estado já entrou na rotina e de tal modo que apesar do que já se sabe do caso Face Oculta, a inocência dos envolvidos deixa qualquer um varado.

Incrível.

MARIA disse...

O problema é que nem todos sabemos a mesma coisa e a dada altura os que não se alienaram já da luta pela cidadania, não sabem verdadeiramente em que devem acreditar.
Em todo o caso é estranho que o Senhor Primeiro Ministro considere um mero artifício das artes políticas o esclarecimento de factos aparentemente relevantes do ponto de vista criminal e envolvendo tal classe.
Pois esse raciocínio é que é demasiadamente "técnico" para ser acompanhado por quem considere que tem direito a instituições exemplares dignas de utilizar o poder de punir aqueles como punem deixando a dúvida se o fazem com as próprias mãos mais limpas...


Saudações

Maria

joserui disse...

José, agora consta que a presidência e Cayatte vão "comunicar" que o site da discórdia é "provisório". Li no Rassabiator.
Custa-me ver o Dr. Santos Silva envolvido nestes modos de fazer negócios com o estado. Tenho-o como uma pessoa recta. Mas o facto é que se fosse no BPI, daria valor ao dinheiro. -- JRF

O Público activista e relapso