quinta-feira, dezembro 29, 2011

Um sintoma, apenas um sintoma

Sapo:

Mónica Moreira, a médica que assaltou uma ourivesaria no centro comercial Roma na passada segunda-feira, é também a médica que «foi afastada do centro de saúde de Alvalade depois de ter auxiliado Armando Vara a passar à frente de vários doentes», avança o Correio da Manhã.

A médica foi detida pela PSP depois de ter roubado jóias no valor de 7200 euros na ourivesaria Antiquorum, e de ter agredido a funcionária da loja com gás pimenta no rosto. Para o assalto levou também o seu filho de 15 anos, que não sabia das intenções da mãe mas justificou-as como «desespero por falta de dinheiro».

Quantos médicos de centros de saúde não fizeram coisas destas, ou seja, beneficiar amigos ou conhecidos ou mesmo pessoas por quem se dispuseram a facilitar a vida ( no caso passar um atestado médico com urgência e passando à frente de outros "utentes")?

Devem ser muitos, pela certa. Quantos foram "afastados" do serviço por causa disso? Provavelmente nenhum-excepto esta médica. O que aconteceu então de especial para isto ocorrer? Alguém, entre esses tais "utentes" queixou-se da discriminação e em vez de escrever em livro amarelo, fez escarcéu público. Daí até à notícia em correios da manhã é um passinho que o jornalismo caseiro e do tipo para quem é bacalhau basta, dá com todo o gosto- e proveito.

E lá foi a médica para um emprego menor, para uma vida pior e para uma aflição maior. Tudo porque favoreceu um inenarrável que anda a ser julgado por crimes de corrupção. Possivelmente nem o conhecia e apenas facilitou por uma fraqueza profissional.

Merecia ser afastada por isso? Sim, se o critério fosse justo e igual para todos os que assim actuam. Se não, a iniquidade é gritante e quem devia ser corrido a pontapé metafórico seriam aqueles que nos serviços de inspecção fizeram o que fizeram. Aposto que agora dormem descansadinhos.

Questuber! Mais um escândalo!