sábado, agosto 31, 2013

Expresso: o nacional-jornalismo histórico

O Expresso de hoje reincide na reescrita da História recente de Portugal. Para comemorar  a passagem de 40 anos sobre o aparecimento do jornal, anda a repescar ideias feitas pelo revisionismo histórico dos Rosas&Pereira, sempre com o "fassismo" em pano de fundo e o jornalismo nacional do costume.
José Pedro Castanheira, um dos lídimos representantes da corrente histórica do jornalismo luso é o autor do artigo de hoje.

Como se verifica, o assunto é a censura que o jornal sofreu semanalmente, desde que saiu, em 6 de Janeiro de 1973. Com destaque particular, neste caso, para as notícias do "caso Wiriamu". O assunto já foi tratado aqui, em  14.7.2013.
O caso Wiriamu foi devidamente noticiado no Expresso de 14 de Julho de 1973. Com Censura, naturalmente e que o jornal deveria explicar agora, num contexto em que o revisionismo histórico-jornalístico tivesse em conta um maior respeito pelos leitores.

O jornalista José Pedro Castanheira lamenta-se agora, como já o tinha feito quando publicou o livro O que a censura cortou, em Abril de 2009, sobre o leite derramado no regime anterior nas notícias que pretendiam abertamente pôr em causa o mesmo regime, autoritário, não democrático, segundo o modelo actual ( que é uma maravilha como todos reconhecem...). O regime, era sabido, tinha uma mão de ferro sobre notícias que envolviam assuntos de guerra. Aliás, que país a não tem? Os EUA, actualmente, o que fizeram ao soldad@ Manning? Condenaram-n@ a dezenas de anos de prisão, precisamente por revelar segredos de Estado, que tinham a ver com a guerra.
Mas...o que pretendia o Expresso de então e o de agora, com José Pedro Castanheira? Liberdade total de publicação? Denunciar uma Censura que era institucionalizada e com base legal? Voltar a insistir que o regime de Marcello Caetano era fascista, como pretendem os Rosas&Pereira?
O que é que pretendem com esta reescrita da História? Voltar aos mesmos temas de sempre que ocuparam o relato e a narrativa das últimas décadas, sobre a realidade portuguesa anterior ao 25 de Abril de 1974 e que era o que foi, mas não exactamente o que tem vindo a ser relatado, com falsificações histórias a eito e a preceito, como mais esta o é?

O regime movia-se numa legalidade  que era a que existia no Estado Novo, com uma Constituição referendada ( esta que temos que tal é?) e com leis que balizavam claramente o que se podia ou não fazer, incluindo os jornais. Sobre a Guerra no Ultramar, como era o caso, seria de esperar melhor cobertura jornalística do que a permitida pelo Governo e Estado de então? Haverá actualmente algum governo democrático, no mundo, que tal permita? O massacre de My Lay, no Vietnam de então, não lhes ensinava nada a estes profissionais do nacional-jornalismo que agora ensinam os novos ( tipo Ana Lourenço), perpetuando a essência da Mentira?
Então porque é que o Expresso pretende confundir as pessoas e reescrever sempre a mesma História?
E sobre o caso da capela do Rato? Estamos na mesma. O Expresso queixa-se que não o deixaram colocar a notícia logo na primeira página...mas seria de esperar tal coisa, num contexto daqueles em que o assunto da guerra era delicadíssimo na sociedade portuguesa, havia soldados portugueses a lutar, e o livro de Spínola já elaborado e a sair, escassas semanas depois, viria a colocar tal discussão na ordem do dia?
O que pretendia mesmo o Expresso? Noticiar que alguns católicos e não católicos, esquerdistas todos, queriam protestar em manifestação, que sabiam ser proibida por lei, suscitando por isso uma reacção policial imediata como sucedeu, com todos os pormenores que agora o Correio da Manhã costuma dar mas o Expresso nem por isso ( vide caso das secretas, uma vergonha para o jornal e o seu actual director)?
Pois a notícia seria notícia, mais ou menos desenvolvida ( mas não do modo como o Expresso pretendia. Nem na Inglaterra se admitiria tal coisa, como se viu durante a guerra das Malvinas) em quase todos os países europeus, mas não aqui, por autorização legal, cuja legitimidade o Expresso contesta. E o Expresso sabia-o muito bem. Vem agora protestar contra quê, afinal? Contra a Censura que se percebe muito bem o alcance num caso destes, ou contra o regime de então que integrava tal instituição?
Queria viver em democracia burguesa num regime que não a admitia abertamente? E a contradição resolvia-se de que maneira? Com o ser e não-ser? Com a condescendência do regime de Censura de uns coronéis reformados, aliás conhecidos da direcção do jornal que pactuava pessoalmente com tais pessoas, e  que pretendiam enganar sempre que podiam e com o objectivo oculto de contribuir para a "democratização" que veio a acontecer em 25 de Abril de 1974?
Era isso?  Se era, não entendo bem a estratégia, porque o que veio a seguir mostra o que ganharam com a troca: bancarrotas sucessivas, liberdade de imprensa igualmente limitada, perigo iminente para a mesma democracia que pretenderam ( a Ala Liberal infliltrou-se na Assembleia Nacional para conseguir maior democraticidade a um regime que era essencial e declaradamente corporativo) implantar.

Com a troca, ganhamos a Liberdade de expressão? Nem tanto. Logo nos meses a seguir, instalou-se uma nova censura, mandatada pela Esquerda bem pensante do MFA e com apoio de alguns jornalistas comunistas ( uma boa maioria dos jornalistas portugueses de então), esquecidos da Censura anterior, porque os comunistas são mesmo assim.  Ganhamos maior liberdade de expressão? Sem dúvida. Mas...para quê? Para dizer que a temos? Mas se não temos? O Expresso hoje em dia publica tudo o que poderia publicar, por exemplo para colocar em causa certos interesses e poderes como os que Balsemão acapara desde que foi primeiro-ministro, depois da morte de Sá Carneiro, altura em que ganhou o jackpot do poder mediático? Os interesses de certa banca nacional estão ou não protegidos com estes tipo de jornalismo que o Expresso faz? Que diferença faz a Censura de antes e a de agora, interna, de consciência dos interesses do patrão e dos poderes instalados na sociedade portuguesa?
Atrevo-me a dizer uma heresia: a Censura actual é bem pior que a que existia antes de 25 de Abril de 1974. E provo-o se necessário for.
Para já deixo os habituais recortes.

O Expresso de 18 de Maio de 1974 só queria a "irradicação definitiva do fascismo". Tal e qual, o que revela muito bem qual era o espírito fundador do jornal de Balsemão: associar o regime de Caetano a um suposto "fascismo", expressão tomada de empréstimo aos comunistas e reciclada imediatamente por um jornal que fora guarida de uma "Ala Liberal" ( de que Balsemão fizera parte) com assento no lugar do bicho careta, a própria Assembleia Nacional. Coisa mais canalha, e de vira-casaca, é difícil de encontrar. Só num Machete e figuras semelhantes. 


E como é que o Expresso convivia com a famigerada Censura que agora denuncia em livro e em ediões comemorativas? Assim, como o Expresso de 14 de Dezembro despudoradamente mostrava, sem qualquer vergonha em dar à estampa a prova da promiscuidade com o tal regime fascista que agora queriam "irradicar". Nojo maior é difícil de encontrar. Só na atitude de um Balsemão ao longo dos anos...

Balsemão este que não se coibiu de confirmar e contar a história da relaçao do jornal com a Censura, no tal livro acima citado. Edificante sobre a dignidade institucional e humana e que teve como protagonista outro personagem deste Estado de coisas a que chegamos: Marcelo Rebelo de Sousa, quase a filhado do "fascista" que pretendia depois "irradicar"...
Como se lê, a promiscuidade com o tal regime a "irradicar" era total e completa. E não tem sequer vergonha de o dizer agora...

E a Censura depois de 25 de Abril funcionava ainda de modo mais insidioso e atingia as franjas políticas a extrema não alinhada, fazendo adivinhar o que se preparava num futuro próximo, caso a Esquerda alinhada tomasse o poder como chegou a deter por escassos meses, em 1975.
O Diário de Lisboa de Lisboa de 3 de Maio de 1974 dava o mote: liberdade sim, mas limitada aos "antifassistas". E quem definia o género? Ora...será preciso dizer?


 Em 24 de Agosto de 1974, o mesmo Expresso, porém, já dava mostras de preocupação com os novos poderes censórios...e a coisa não ficou por aqui, com o famigerado "documento Jesuíno" que pretendia reinstaurar a Censura, novamente e não de modo prévio mas com multas pesadíssimas para quem infringisse os cânones mal definidos dos novos poderes.

Portanto, o Expresso deveria ter mais vergonha, memória e recato. Ou então não censurar estas coisas que ocorreram e têm um contexto que não é contado, tal como não se conta o outro do "fascismo".

E afinal como é que o regime "fascista" que o Expresso queria "irradicar" era segundo as palavras do próprio Marcelo Caetano? Assim e que agora simplesmente é ignorado em prol de uma versão histórica que estes jornalistas tipo José Pedro Castanheira aproveitam, tomando a narrativa de empréstimo aos inimigos figadais de tal regime, os comunistas de todos os matizes?

Era um regime que falava em "moral" em vez de "ética " porque os conceitos eram outros ( agora são melhores, com a roubalheira desenfreada na classe política de poder que se instalou?).
A imagem é do livro de ensino para o 6º e 7º anos liceais de Organização Política e Administrativa da Nação.


E a legalidade era explicada em termos simples que não conflituavam com uma Constituição marxista e que aqueles consideram aceitável nos tempos que correm. Os textos são extraídos do livro  Quinto Ano de Governo de Marcello Caetano, publicado em 1973 pela Secretaria de Estado da Informação e Turismo. Direcção-Geral de Informação. Propaganda política, claro está. Mas leia-se e compare-se com a actual...para ver as diferenças.


Evidentemente que podem discordar dos valores e métodos do regime a que Caetano presidia. Podem até considerar tais valores utrapassados, mas pelo menos citem-nos. Digam quais eram. Mostrem a realidade histórica, para além da fachada "fascista" que pretendem sempre apresentar como essência do regime.
Isso é falso, rotundamente falso e como tal pouco valor tem , como História. Serve apenas um propósito, aliás o de sempre: o ideológico de que nunca se libertaram. O da Esquerda comunista travestida em democracia para o papalvo ver e votar ou num socialismo que só nos tem conduzido à miséria de bancarrotas sucessivas.






Questuber! Mais um escândalo!