O presidente do Tribunal de Contas, Guilherme de Oliveira Martins, do PS, concede uma entrevista hoje, ao Diário Económico, inserida nas "entrevistas de Verão" que aquele jornal anda a publicar diariamente, durante este mês.
O que GOM diz é o habitual bla bla exculpatório de eventuais apaniguados partidários, armados em gestores da coisa pública e que são directos responsáveis pelo descalabro de milhares de milhões de euros com reflexo nas contas públicas. GOM, em resumo e depois de apontar que o tribunal de Contas avisou em devido tempo para o risco das operações swap ou para as PPP´s catastróficas, acaba por dizer: "não diabolizemos as PPP, não diabolizemos os swaps". Ou seja, deixem lá, perdoem aquilo que foi sem querer e para a próxima a ver se não se repete. Uma doutrina católica, de caridade aplicada a quem nos prejudicou a vida colectiva em modo irremediável e horrendo de consequências.
Tal, sendo válido para os pecados católicos de quem acredita, não o pode ser para quem pecou contra o regime democrático que temos, laico por excelência jacobina. Quem decidiu em nome de um interesse público que negligenciou de modo grosseiro tem que ser punido e de modo exemplar porque outra coisa será escandaloso. Nenhum dos gestores que estiveram nos processos de decisão foram para essas empresas empurrados ou obrigados. Ganham muito mais que os salários mais elevados da função pública. Tem regalias inerentes que não têm comparação com outras funções do Estado, com excepção das governativas. Têm geralmente futuros profissionais assegurados na troca de lugares de administração entre empresas públicas e tal não pode continuar sem consequências visíveis e reconhecíveis pela população que paga os desmandos dessa gente, com sacrifícios e penúria, enquanto os mesmos continuam com a vidinha que tinham e não tem comparação com a vida do cidadão médio. Daí o escândalo destas declarações deste "compõe" da política nacional erigido em presidente de um tribunal que deveria ser levado mais a sério.