quarta-feira, maio 07, 2014

A informação nacional continua a recomendar-se: nada explicam

Expresso online:

"Não acredito numa palavra", ouviu-se entre os sócios da Associação 25 de Abril, onde esta quarta-feira se realizou o debate, promovido pelo blogue Ânimo, quando terminaram os 10 minutos dados ao candidato da Aliança Portugal.
Paulo Rangel era o segundo a intervir e foi sob um constante, ainda que discreto, 'bruáá' na sala completamente cheia que tentou passar uma "mensagem de encorajamento e de esperança", assente na ideia de que, três anos depois, "estamos num momento de viragem" e que "cumprir o sonho de abril" é conseguir "manter o Estado Social sem deixar o país na bancarrota".
Vasco Lourenço, o anfitrião, já dera a entender que não seria fácil ao "representante do Governo" discursar perante aquela plateia, ao confessar esperar que das europeias de 25 de maio saia um cartão vermelho ao Governo.
Marisa Matias, a primeira a falar, foi, ao contrário, muito aplaudida. Houve até quem gritasse "bravo" ao final de uma intervenção orientada para a defesa da tese de que "há alternativa à política de austeridade, é uma questão de escolha: entre a dívida e os mercados, por um lado, ou as pessoas, o Estado Social, a democracia, por outro".
Mas João Ferreira, da CDU, não lhe ficou atrás: "Tem o meu voto", houve quem dissesse ao atual eurodeputado comunista, que defende a recuperação da soberania monetária e orçamental ou, dito por outras palavras, a politicamente incorreta saída do euro.
Francisco Assis foi ouvido com atenção, mas aplaudido mais por cortesia do que por convicção. Foi o único a referir-se explicitamente à "saída limpa", anunciada no domingo à noite por Passos Coelho, como não correspondendo a "nada de verdadeiramente significativo", transferindo o momento decisivo para as eleições de dia 25: "A troika vai, mas fica um Governo que vai mais longe que a troika na aplicação das suas políticas. A grande mudança é o que pode acontecer a 25 de maio, se reordenarmos políticas nacionais e europeias". 


 Ainda do Expresso online:

Em entrevista exclusiva ao Expresso, o presidente do Eurogroup diz que Portugal está hoje melhor do que estava a Irlanda quando optou pela saída limpa. Mas se Portugal perder o acesso aos mercados, "então já não é um cautelar, é um novo programa", avisa. "O governo português está agora nas suas próprias mãos." 

Como se pode ler pelos exemplos supra, os portugueses continuam muito bem informados sobre a política nacional.
Em 1974, pouco antes de 25 de Abril,  não era muito diferente...

Quem entendeu bem o jornalismo português, de sempre, foi o filósofo esquerdista arrependido, Sartre: um jornalismo atento ao fait-divers, muito venerador de certos poderes e obrigado à ignorância.
 
Em Abril de 75  o filósofo estivera por cá, mai-lo seu ajudante no Libération, Serge July. No Expresso de 5 de Abril desse ano, numa página,  contava que os jornais portugueses em geral não lhe pareciam bons porque "não explicavam nada".
A diferença, para os dias que correm? Estão piores naquelas qualidades intrínsecas.E continuam sem explicar nada.


E quem beneficiou desta "Liberdade" com 40 anos em cima? Pois um dos maiores beneficiários foi o dono das impresas sic, o Francisquinho do tempo de Caetano. O 25 de Abril de 1974 foi com toda a certeza o dia mais feliz da sua vida. Foi o dia em que lhe saiu a sorte grande. Foi o dia em que deixou de ser Francisquinho e passou a ser um grande democrata da Ala Liberal e até fundou um partido que ontem fez 40 anos. Por esse motivo prosaico, o antifassismo militante foi logo adoptado como linha política editorial e assim perdura há quarenta anos.
Em vez do Porsche usado que lhe incendiaram com um daqueles artefactos que a luar e o prp conheciam bem, tem agora um empório e pode ter Porsches em barda.

Que vantagem poderia ter em informar bem as pessoas que lêem os seus jornais e vêem as suas tv´s? Pouca. Nenhuma mesmo.

Um povo informado é um povo esclarecido e que não compraria os seus produtos...

12 comentários:

Anónimo disse...

Ver qualquer noticiário da SIC é um espectáculo. Na semana passada vi um quase inteiro, não sei em que dia, e havia notícias tão edificantes como o William e a Kate que fizeram não sei o quê na Austrália. Logo a seguir deu uma peça sobre uma velhota que era um fenómeno na net já não sei porquê. O mais engraçado é que estas notícias costumam ser acompanhadas de textos supostamente espirituosos. Enfim, o mal é geral, qualquer telejornal é feito destas insignificâncias, sem qualquer tratamento informativo mais aprofundado de notícias relevantes, a não ser uma ou outra, sabe-se lá por que obscuras razões. Quanto ao Expresso, tenho um cunhado que o compra há décadas, mais por hábito do que por outras coisas. Há vinte e tal anos ainda demorava algum tempo a lê-lo, hoje em dia despacho-o em 15 minutos. Mal por mal prefiro o Correio da Manhã. Fala sobre os crimes e não tem pretensões intelectuais nem colunistas supostamente eruditos.

josé disse...

Deixei de comprar esse jornal a não ser ocasinalmente. E mesmo nessas ocasiões quase que me arrependo. Foi o que aconteceu com as duas edições sobre o 25 de Abril.

Não leio o carderno principal e a revista é uma merda. A Atual ainda se safa com os artigos do Calado. E mais nada.

Floribundus disse...

até ao séc. xix praticav-se
a ESTERCOTERAPIA

aconselho-a aos jornalistas

em alternativa podem deitá-los no mesmo caixote do lixo para onde atiram os fetos retirados durante os abortos

noutros tempos diriam perante esta desordem de albergue espanhol
'guarda che casino!'

lusitânea disse...

A papinha socialista internacionalista tem que ser apresentada como a única solução.Apesar das 3 bancarrotas...

lusitânea disse...

Para ajudar despenalizaram as drogas, o "casamento" entre homens é moderno e um pobre do planeta que cá meta um pé tem logo direito ao nosso dinheiro.Diversificaram as religiões e o ouro em "papel".Enfim as conquistas de 9 séculos foram oferecidas aos nossos inimigos tradicionais voluntariamente...
A classe política mais traidora desde sempre enquistou-se e tornou-se um cancro...

Floribundus disse...

'a esquerda mais devoradora de sempre'

o MONSTRO limita-se a dar votos
bater nele é 'chover no molhado'

segundo a cgtp a 12-13 haverá
'o maior comício de sempre'

já não há 'fontes' de informação,
actualmente há torneiras

endoidava se levasse esta trampa a sério

muja disse...

Enfim, o mal é geral, qualquer telejornal é feito destas insignificâncias

As insignificâncias em si não constituem problema algum. O que é grave é serem intercaladas com assuntos sérios e ser-lhes atribuída a mesma importância.

Não há diferença alguma entre a maneira como é introduzida e apresentada uma peça sobre o Orçamento ou sobre um assunto de política externa; e uma peça sobre a Kate, as cuecas da Cátia ou a última bacoquice do bacoco da moda.

Tudo é apresentado de igual forma e ênfase. E ainda por cima intercalado: ora o orçamento, ora as cuecas da Cátia.

E não me venham dizer que "é o que as pessoas gostam". As pessoas gostam do que lhes dão. Se lhes derem merda a comer durante um ano, habituam-se. Não significa que sejam estúpidas.

Isto é de propósito.

muja disse...

Nisto é que devia haver uma lei de imprensa a sério. E quando o Caetano falava nisso tinha muita razão.

Além disso, tenho para mim que o exame prévio se destinava mais a controlar a veracidade dos factos reportados na imprensa que tivessem a ver com a actividade do Governo, do que impedir difusão de ideologias políticas.

Li uma vez umas palavras do dr. Salazar sobre isso. Que a imprensa distorcia, manipulava e mentia sobre o trabalho do Governo. Não numa questão de políticas, mas de factos e números.

Em todo o caso, pouco importa. O exame prévio não é eficaz para esse efeito.

Mas acho que se justifica uma lei de imprensa - ou de informação pública. Por exemplo, que impedisse esta imbecilidade de misturar coisas sérias com bacoquices. Nem que obrigasse, por exemplo, a que tudo quanto fosse notícia sobre governo, política, instituições públicas, política externa, etc, tivesse forçosamente que ser apresentada no início dos telejornais. Para o fim podiam passar o esterco que quisessem.

Se não cumprissem era multar até ganirem. Se persistissem, fechá-los. Assim como assim, é preciso haver mais concorrência.

Outra é o Governo ter um orgão de informação pública oficial. Não o Diário de Governo/República, mas algo destinado ao cidadão comum, que explicasse o que o Governo faz ou não faz em linguagem clara e acessível e possa ser considerado como referência sobre tudo quanto o Governo informe. Assim as pessoas não estavam dependentes da manipulação dos interesses privados - necessariamente obscuros -, e poderiam comparar e confrontar.
Os outros meios, se reportassem informação, particularmente números, diferentes da do Governo tinham de explicar muito bem em que se baseavam para o fazer e, caso fosse preciso, haveria algo concreto com que poderiam ser julgados e punidos em tribunal se se verificasse que era informação falsa ou sem fundamento.

A informação é crítica numa sociedade moderna, especialmente para os sistemas democráticos. Não pode estar completamente dependente de balsemões. O cidadão tem direito a saber o que faz o seu Governo da boca deste. É dever do Governo informar o cidadão.

Amélia Saavedra disse...

Eis uma grande noticia... Começa hoje... não percam...

http://expresso.sapo.pt/karl-marx-esta-vivo-e-em-lisboa=f868991

"Karl Marx está vivo e em Lisboa
Marx morreu há 131 anos mas o marxismo não só não é uma utopia como está na ordem do dia para muitos seguidores. O II Congresso Internacional Marx em Maio decorre esta quinta-feira, sexta e sábado."

Manuel disse...

E "O Diabo" ? parece ser um jornal que apresenta matérias que os grandes só pegam com pinças. Pelas capas que apresentam no blog, parece ser um oásis neste deserto de jornalismo.
http://jornalodiabo.blogspot.pt

Manuel de Castro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
zazie disse...

"com um daqueles artefactos que a luar e o prp conheciam bem"

ehehehe

O Público activista e relapso