terça-feira, fevereiro 03, 2015

A faca de dois legumes do DN


Esta notícia do DN de hoje revela por sinais de escrita o que vai na alma do seu actual director, André Macedo, e que nesta imagem se encontra semioticamente resumido, com o verdadeiro director, Proença de Carvalho, semi-escondido e com rabo de fora, encostado ao painel:


  O director do jornal achou por bem colocar na primeira página uma circunstância equívoca, incorrendo no mesmo tipo de jornalismo que o director Camões imputa à "Coisa": a manipulação de informação com um objectivo inconfessado mas explicitamente entendido. 

A notícia nem sequer se revela factualmente verdadeira, porque o juiz em causa, no sítio em questão ( Facebook) se limitou a exprimir uma opinião, por transcrição de uma comunicação pública do presidente da associação sindical dos juízes. E o assunto concreto que moticou esse presidente da associação de juízes a manifestar-se ( tardiamente, é bom que se diga...e numa entrevista ao Diário Económico) foi o desrespeito manifesto para com o poder judicial, pelos mesmos do costume, ou seja o PS enfeudado a esse tipo de manifestações que perduram de há dez anos a esta parte. O Diário de Notícias, sobre isto que é demasiado grave para uma democracia, nada escreveu, nada comentou, nada deu a conhecer sequer.

Agora aparece com a faca a cortar o legume que lhe interessa, podendo mostrar que há o outro legume que lhe serve de caução. Se é notícia que o juiz que vai apreciar o recurso sobre a prisão preventiva apoia o juiz de instrução no processo? É, claro que é, porém nem é assim tão relevante na medida em que acredito que uma esmagadora maioria de magistrados portugueses apoia a decisão tomada, pelo que se conhece publicamente. Porém, nem isso é necessariamente verdade e é inventado literalmente pelo DN nem o objectivo é apenas a notícia pura em si.
O que o director do DN pretende, sob os auspícios do indivíduo encostado ao painel, é apenas deslegitimar uma qualquer decisão que seja contrária aos desejos de ambos que se sabe de ginjeira quais são ( também tenho direito a especular sobre semioses): libertar o recluso 44 da ordália em que se encontra, deixá-lo andar à solta porque foi ele no fim de contas quem melhor lhes protegeu os interesses pessoais e patrimoniais ao longo dos últimos anos.
E daí a pressão oculta numa notícia como esta.

Quanto ao juiz em questão, com a idade e experiência que tem, não creio que isto vá influenciar seja o que for. Porém, há uma coisa que já aprendeu- e bem: não se deve expôr publicamente, com nome próprio em "redes sociais".
Tem agora a prova disto que digo e escrevo há muito tempo: qualquer magistrado que possa vir a ser chamado a desempenhar papel de relevo em processos assim mediáticos, tem que se preservar destas coisas concretas e no caso, dos andrés macedos e proenças que andam sempre na sombra a defender o que lhes interessa. A Justiça não é uma delas, a não ser que com elas coincida.
O que o magistrado deve fazer, se quiser emitir opiniões livres, é não revelar o nome. E se isso for relevante, então não deve escrever. Mesmo no facebook.
E para completar esta ética muito simples mas de recta intenção deve seguir o ditado de Bob Dylan numa cantiga: se quiseres andar "fora da lei", deves ser honesto.

Questuber! Mais um escândalo!