segunda-feira, fevereiro 16, 2015

Salazar e o fantasma do Medo

Falar ou escrever sobre Salazar nos dias de hoje ainda é coisa ingrata porque quem o faz arrisca o insulto ou a irrelevância mediática. E muitas vezes o insulto, o vilipêndio soez de "fascista", o que provoca medo em muita gente que depende dos media para viver bem a sua vidinha.

Nos últimos 40 anos o "discurso" democrático, quase exclusivamente de esquerda,  arredou do seu convívio alargado e pretensamente abrangente, sem distinção de figuras, credos ou raças,  a figura de Salazar ou mesmo de Marcello Caetano.
Tirando uma ocasião, em 2007, num evento televisivo sobre "os maiores portugueses", em que Salazar figurou destacado, à frente dos demais ( o segundo, Álvaro Cunhal nem metade dos votos obteve...), a figura, a obra e o tempo de Salazar foram novamente obliterados mediaticamente.

De vez em quando surge uma qualquer notícia ou até um livro sobre a figura de Salazar, como sucedeu com a biografia política, monumental, de Filipe Ribeiro de Menezes em 2009 ou com os livritos interessantes de Fernando Dacosta, antes disso. Porém, panorama geral, pouco ou nada se alterou nestes últimos anos.
A obras fundamentais de Salazar,  maxime os seus discursos e que traduzem uma escrita impecável e de clareza exemplar, continuam esquecidas e apenas se podem encontrar em alfarrabistas. A compilação dos seus discursos, de leitura obrigatória para se compreender a vida e obra daquela figura histórica do nosso país, continua apenas a poder ser lida numa meia dúzia de volumes há muito tempo esgotados e esquecidos, mas não por alguns alfarrabistas que sabem bem o valor que têm e por eles pedem centenas de euros. O mesmo sucede com a biografia em seis volumes, organizada por Franco Nogueira, um seu discípulo e ministro.

Por isso talvez valha pena tentar perceber o que sucedeu nos últimos 45 anos em Portugal para nos podermos situar e definir a nossa identidade actual como portugueses. A figura de Salazar, nesse contexto, não pode ser esquecida e por aqui fica um contributo.

Em 27 de Julho de 1970 Salazar morreu e ficou o seu legado que dali a meia dúzia de anos seria totalmente esquecido, até por alguns próximos que fizeram a figura de judas e outros o negaram mais vezes do que a conta.
O Século Ilustrado de 1 de Agosto desse ano fez uma reportagem alargada do funeral de Salazar.


A oração fúnebre dita na altura, no mosteiro dos Jerónimos, perante o corpo presente de Salazar, foi da autoria do padre Moreira das Neves e resumia o que então se pensava e dizia de Salazar, oficial e em geral, com excepção dos meios da esquerda comunista que tinha o discurso que veio depois subsituir este que se apresenta:











No entanto, para atestar o "estado da arte" acerca da memória de Salazar nos tempos que correm nada como mostrar o que hoje existe de memorial na terra que o viu nascer, Vimieiro, Santa Comba Dão.

Em 1970 aquela revista Século Ilustrado mostrava a sua casa e legendava, a propósito da passagem do féretro, vindo da estação de combóio, no Vimieiro a algumas dezenas de metros e  em direcção ao cemitério local, umas centenas de metros mais acima...


Estes locais, hoje em dia apresentam-se assim:

O cemitério, logo à entrada e ao lado esquerdo apresenta duas fiadas de campas rasas. Uma delas é a de Salazar e as restantes são da família.  A sobriedade e singeleza do conjunto impressionam logo porque nada mais há de igual no cemitério ( e poderia haver). A inscrição original, na pedra tumular,  diz apenas AOS 1970. O resto, ou seja a lápide na parede, esteticamente feia perante o conjunto, anuncia ao passante quem ali está.







Quem vem para baixo e em direcção à casa, depara logo com esta construção dos anos 40: uma "escola cantina", que era particular porque mandada construir por portugueses  no Brasil, nessa altura e que agora é...pública.



Logo a seguir e pegada a esta escola está a casa de Salazar, a primitiva depois daquela onde nasceu e a única que se encontra actualmente habitada por um sobrinho-neto. Uma casa modesta, onde Salazar passou os tempos de adolescência e estudante. Tem imagens em azulejo de Nossa Senhora da Conceição.


E mais abaixo a casa posterior de Salazar, onde passava férias quando era presidente do Conselho ( cor de rosa...)  e aquela onde nasceu, ainda mais abaixo. Estão assim e parece que pertencem, de algum modo,  à Câmara local que se comprometeu há alguns anos a arranjá-las.
 






A casa tem uma lápide que diz: "aqui nasceu Salazar em 28.4.1889, Dr. Oliveira Salazar, um senhor que governou e nada roubou."

A parte de trás destas casas pode ver-se assim e dá uma dimensão real do património imobiliário da família de Salazar:



No interior e na continuação destas casas-arrecadações, lá em baixo à esquerda, está uma garagem que guarda este carro, um Chevrolet americano,  onde Salazar se fazia transportar quando em férias. Era de um familiar e não tinha nada a ver com o Estado...


A rua que passa neste local chama-se "avenida Dr. António Oliveira Salazar". Dantes era em paralelo, como se pode ver acima. Hoje é em alcatrão ou "tapete"...
A imagem não mostra mas para além da fiada de árvores do lado esquerdo  passa o IP3, rente à propriedade e que foi cortada ao meio com tal obra pública.
Se a casa fosse de um qualquer soares, aposto que não havia ip que lá passasse...


Em Santa Comba Dão, a três km, neste sítio que é o átrio exterior do tribunal, dantes havia uma estátua de Salazar que agora só se pode ver em quadros...pendurados num restaurante local.




Agora, no mesmo local, há isto...uma homenagem, em modo de provocação, aos mortos do Ultramar e que moravam no concelho. Esqueceram de indicar os que morreram durante a guerra civil que se seguiu à "libertação das colónias"...


A estátua? Foi decapitada e depois o resto dinamitado...
Por quem? Ora, pelos democratas que há por aí.

Alguns metros mais acima,  cravados no muro do adro da igreja de Santa Comba Dão, estão estes panéis de azulejo dos anos cinquenta ( 27.4.1953...um dia antes da data de aniversário) e que não mostram sinais de terem sido vandalizados. O painel do meio mostra a casa onde nasceu Salazar.


Questuber! Mais um escândalo!