Pela leitura do semanário Sol de hoje dei conta da morte do jornalista Nuno Rocha, na passada terça-feira, aos 83 anos.
A notícia passou despercebida e não dei conta até hoje, o que é significativo pelo que representa em termos de omissão jornalística.
Nuno Rocha é um dos primeiros jornalistas resistentes ao comunismo esquerdista que se instalou em Portugal logo após o 25 de Abril. Um exemplo muito raro e assinalar, porque todos eram de esquerda, nessa altura e não admitiam convívio fácil com quem pensasse ao contrário.
Nuno Rocha, em 29 Maio de 1975 fundou o semanário Tempo, logo após ter sido fundado O Jornal, por jornalistas de esquerda e que saiu nos primeiros dias do mês, para glorificar o regime e o então MFA.
O Tempo era um jornal contra-revolucionário e por tal motivo perseguido politicamente, como se demonstra por esta notícia no O Jornal de 12 de Setembro de 1975, em pleno PREC. Se este processo tivesse saído vencedor em 25 de Novembro de 1975, Nuno Rocha seria certamente uma das pessoas presas, por motivos políticos, tal como o fora já em 13 de Abril de 1975, pelo COPCON de Otelo Saraiva de Carvalho.
A notícia que segue é a demonstração da poltranice do jornalismo nacional que temos, ainda temos. E a prova está na omissão noticiosa dos jornalistas que há, formados numa escola que não sabe ensinar porque dirigida por herdeiros do PREC e esquerdistas de sempre, alguns deles envergonhados.
Em 1985 o semanário comemorou dez anos. Assim:
13 comentários:
Era muito lido, lá em casa.
Vivíamos então em Abrantes, estava eu no 5º ano.
não lhe falei da morte de Nunocha por pensar que tinha visto
vi-o ao vivo no Grémio Literário a almoçar com o prof dr freitas
lia Manuel de Portugal
e o meu Amigo Pedro da Silveira, da Seara Nova, a escrever sobre o melro antunes
assistiu ao banquete dos Patiños disfarçado de criado de mesa
Fiquei admirada com o falecimento de Nuno Rocha e mais admirada fiquei com a sua idade. Nunca mais soube nada dele depois que deixou o seu Jornal. Costumava comprar todos os números do Tempo enquanto este existiu. Lia a maioria dos artigos e os Editoriais (excelentes) e até cheguei a enviar uma pequena carta para o "correio dos leitores" (creio ter sido este o nome do espaço) a dar os parabéns ao Director e a alguns articulistas excepcionais, dentre eles o Manuel de Portugal cujas crónicas eram absolutamente imperdíveis. Este magnífico escritor provocava tantos ou tão poucos engulhos ao regime e aos seus mentores que, com o decorrer dos anos sem poderem travar as suas denúncias e críticas duras como punhais ao chamar os bois pelos nomes relativamente a políticos inconsequentes e de carácter indignante, tinha que ser òbviamente silenciado para parar com os seus inflamados escritos e assim aconteceu. Foi 'despachado' para os Açores, crê-se que a pretexto de algum cargo irrecusável e nunca mais se soube nada dele. Este género de medidas drásticas é o que os traidores à Pátria, travestidos de grandes democratas, sempre fizeram e continuam a fazer àqueles que querem calar, àqueles que ousam pôr os seus podres a nu. Isto quando não os mandam assassinar.
Que pena este Jornal ter acabado e pena maior que o brilhante Manuel de Portugal tenha deixado de ser seu colaborador.
Não me posso esquecer de outro assunto extraordinário e creio ter sido este Jornal o único que o abordou. Os vários artigos em que Nuno Rocha vaticinava o fim do regime soviético, opinião que deixou muito gente céptica - argumento espantoso se pensarmos que ele o previu não muitos anos antes do colapso da U.S.! - porque, segundo Nuno Rocha, aquele regime não resistiria aos avanços tecnológicos que se sucediam a um ritmo imparável, facto que tornaria impossível um tal regime perdurar continuando a fechar-se ao exterior.
E visto à distância quão certo estava Nuno Rocha antes do tempo.
Era preciso coragem para enfrentar o PREC
Era precisa muita coragem e havia muito poucos a fazê-lo eficazmente ou pelo menos com determinação.
Tenho um nome em mente que tem sido coerente, sempre: Pedro Ferraz da Costa.
Os estupores dos comunistas a começar pelo traidor-mor e inimigo de Portugal, Cunhal, recusaram sempre ser entrevistados pelos jornalistas do Tempo. Diziam não conceder entrevistas a jornais fascistas, como eles, pobres de espírito, consideravam o Tempo. Lembro-me de Nuno Rocha ter referido essas recusas como algo menos correcto da parte dos militantes e do secretário geral daquele partido. Talvez Deus os tenha castigado. A memória de Nuno Rocha como defensor da direita portuguesa e simultâneamente denunciador do iníquo regime comunista, perdurará como o excelente jornalista que foi, nunca renegando o seu portuguesismo. Ao passo que dos inimigos de Portugal que lhe negaram entrevistas, além de o terem humilhado como jornalista e como português, desses não restarão quaisquer memórias, do mesmo modo que do regime por que tanto pugnaram - e desaparecido há muito - nem a alma se lhe aproveitou. O destino que lhes estava reservado talvez tenha sido castigo d'Aquele em quem não acreditam nem nunca acreditaram, quem sabe? É que Deus escreve direito por linhas tortas.
Não tomou conhecimento da morte do Nuno Rocha e, pelo que vi, também não leu isto onde se fala dele e que vale a pena ler:
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/se-for-preciso-corte-metade-8592060
Concordo com José.
Pedro Ferraz da Costa: rigoroso, arguto, combativo, corajoso, lúcido.
"A man for all seasons".
Da espada ao guarda-chuva. :-)
Tiro ao alvo:
Vou confessar-lhe uma coisa: não gostava do Tempo e achava aquele jornalismo abaixo de gato, para não dizer de cão. Comprei muito poucos números do jornal, entre os quais o que publico. Na década de setenta, nenhum.
E folheava-os. Quanto ao Manuel de Portugal tenho o livro de recolha dessas prosas e acho-as pouco interessantes.
Voilà!
Gostava da Rua, esse sim, um exemplo do que era escrever em jornal contra a corrente da época.
Não gostava muito do O Diabo por causa da truculência da directora, uma híbrida intelectual.
Mas achava e acho o Cid um génio da caricatura e de quem tenho os álbuns.
É assim.
Meu pai comprava o tempo.
Como também comprava "a rua" (mmmúrias), "a barricada" (do ex-sni silva nobre), o jornal novo (artur portela filha, um pobre ersatz do eça, maila bonecada hibrida...) - e "o diabo" que uma tia beata, fassista (e muito tolinha, coitadita), trazia de Lisboa. e continuava comprando quando estava no Porto.
Do diabo, gostava das cusquices e bota abaixos, mas não da penedal directora.
Também por lá aparecia o jornal Templário (de Tomar), por causa de uma plumitiva e afamada reaça que nele articulava - e de que me já não lembro o nome.
Em relação ao azougado rocha, a partir de certa altura topei-o muito yupie e crisófilo...
Manuell de portugal era chato - mas apodou o dom lourençote de melena e pá, que à data foi laracha muito apreciada.
O gajo tinha ar de sargento tarimbeiro.
Algumas vezes, associei-o ao gordanchelas sargento garcia (do zorro)
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