Observador:
José Sócrates guardou em casa o original da carta de demissão do antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha, quebrando as regras do arquivo da Presidência de Conselho de Ministros (PCM). Luís Campos e Cunha demitiu-se ao fim de pouco mais de quatro meses, depois de se queixar de “pressão sistemática” por parte de José Sócrates,
que terá insistido na demissão da administração da Caixa Geral de
Depósitos de maneira a abrir caminho para o amigo Armando Vara entrar no
banco público.
Segundo as normas vigentes na PCM, os
originais de todas as comunicações recebidas por ministros ou pelo
primeiro-ministro devem ser guardadas, sem excepção, no arquivo.
Para além disto, cada gabinete deve guardar uma cópia física e outra
digital do documento. Posteriormente, os ministros, ou o
primeiro-ministro, podem guardar uma cópia para o seu arquivo pessoal —
mas nunca, em qualquer ocasião, devem ficar com um original.
Não foi, porém, isso que José Sócrates terá feito com a carta de
demissão de Luís Campos e Cunha, que esteve apenas 131 dias à frente do
Ministério das Finanças. Segundo o despacho de acusação da Operação
Marquês, a que o Observador teve acesso, “o original deste
documento encontrava-se na posse do arguido José Sócrates, no dia 22 de
Novembro de 2014 [um dia após a sua detenção no aeroporto de Lisboa], na
sua residência pessoal”.
Nessa carta de demissão, que é citada no processo, Luís
Campos e Cunha, queixa-se de sofrer da parte de José Sócrates uma
“pressão sistemática relativa à substituição da Administração da CGD”
e refere que uma ascensão de Armando Vara ao Conselho de Administração
do banco público “é contrária às reformas de que este Grupo necessita”. “Recuso-me a alterar pessoas sem uma estratégia”, acrescentou Luís Campos e Cunha.
No fim da entrevista, Vítor Gonçalves, cheiinho de medo, a tremer, com cara compungida, fez-lhe a pergunta fatal: hoje como é que senhor vive, como é que paga as suas despesas?
"Essa pergunta...essa pergunta é indigna de um jornalista, ó Vítor Gonçalves! Isso é pergunta do Correio da Manhã. Eu deveria dizer-lhe: e o senhor o que é que tem a ver com isso?"
Foi assim. Mas lá disse: eu hoje vivo de uma única coisa, de uma pensão. De deputado.
É esta a verdade de José Sócrates: hoje vive de uma pensão. A renda do apartamento em que vive é maior do que a pensão que recebe...e o jornalista já não teve coragem, porque visivelmente perturbado, de lhe perguntar como é que pagava aos dois advogados que tem a tempo inteiro...
E fica tudo dito.
21 comentários:
E o Teixeira dos Santos, a negar peremptoriamente a versão dada por Campos e Cunha, com que cara é que fica agora?
Esta é outra "smoking gun", na posse de um MP que não tem nada, nenhuma prova, nenhuma evidência.
Só uma escuta aqui, uma escuta ali...
O Teixeira é um mentiroso mas não mentiu, neste caso. Fez o que julgava que o chefe queria. Tão só. Ia lá recusar a nomeação do Vara...
O Teixeira dos Santos deveria ter vergonha e afastar-se da praça pública. Talvez fizesse bem internar-se um convento a escrever a rezar.
Não é esse o ponto, José.
No âmbito da comissão de inquérito à CGD Campos e Cunha, em Janeiro deste ano de 2017, afirmou que foi pressionado por José Sócrates o tempo todo (os 4 meses) em que foi seu ministro das finanças, pressionado para demitir a administração da CGD e nomear uma nova, com o nome de Vara no meio.
Acto contínuo, Sócrates desmentiu-o.
De seguida, ainda em Janeiro e provavelmente a pedido, Teixeira dos Santos afirmou que no seu caso não houve qualquer pressão de Sócrates para demitir a administração da CGD e nomear uma nova, com Vara.
Mas demitiu, de facto, a administração da CGD e nomeou uma nova, com Vara. UMA SEMANA depois de tomar posse.
Como não terá deficiência mental, sabe, na sequência dos três depoimentos referidos (1. CC afirma que foi pressionado por JS; 2. JS diz que não pressionou CC; 3. TS diz que, tomando posse imediatamente após a demissão de CC como Ministro das Finanças, não foi pressionado), todos prestados nos espaço de dias, sabe, dizia, que o que está a fazer é a confirmar ou a dar força à versão de Sócrates. À mentira.
E não o tomo por vidente ou particularmente intuitivo para, numa semana, ter adivinhado precisamente o que o chefe queria na CGD e inclusive ter acertado no nome exacto do administrador com o pelouro do crédito.
Recebeu instruções directas, como é evidente.
https://www.publico.pt/2017/01/12/politica/noticia/cgd-teixeira-dos-santos-nega-pressoes-para-mudar-gestao-1758113
Recebeu mas não pode admitir. Por isso a versão benigna não o favorece na mesma. Vai dar ao mesmo.
afinal o 44 mora onde o encontrei há uns meses
junto à marina da Expo por cima dum esplanada
ouvi muito mentiroso, mas este ultra-passa 'tudo o que a antiga Musa canta'
anda por aí muito pó para a passa
Não vi a entrevista, mas pela sua descrição, é surreal essa resposta final.
Mas devo dizer que é importante que os jornalistas, já que se prestam a esse papel, sejam assim humilhados em directo, e julgo que será das poucas coisas (a única?) de Sócrates que aplaudo.
Um pouco como aquele adepto que já não suporta ver a sua equipa a jogar há tanto tempo de uma forma tão confrangedora e, a perder em casa e a levar banho de um qualquer rival, começa a festejar os golos do adversário.
Se é para fazerem este papel, então ao menos que sejam trucidados.
Justiça!
C'um caraças!
Devem ficar apreensivos os procuradores da caserna. Alguns mitos foram desfeitos cabalmente numa simples entrevista.
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Em face da ausência completa de provas a pergunta que se impõe é a seguinte: porquê?
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Por que raios haveria o ministério público de prosseguir e escrever um romance.
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Eu tenho uma explicação.
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Os indícios primeiros levaram os procuradores a um frenesim mediático que nunca tiveram ou teriam tido na vida toda.
Esse estado de êxtase por parecer haver matéria para acusar um pm criou uma certa vaidade, volúpia, e percepção de que podiam com a acusação dum PM subir na carreira e chegar a postos mais altos.
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A certa altura começaram a esbarrar com ausência de provas e até documentos que contrariavam os primeiros indícios.
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Nessa altura, em vez de recuarem, resolveram dar largura ao jogo. Tudo menos perder a hipótese de subir na carreira e ser apreciado. Por essa razão metem processos que nada tinham a ver com o ex PM. O vale do lobo, a pt é o BES.
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A construção do romance foi engendrado da seguinte forma.
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Detectar movimentos bancários de pessoas ligadas a todas as empresas envolvidas é arranjar decisões políticas que coincidissem com os prazos dos movimentos. Fazendo a colagem dos tempos concluia-se inavriavelmente cada frase com " e acreditamos que o benefício disto tudo era o socas".
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Este salto na lógica, sem prova, veio agora à tona.
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Nunca pensei ser possível apresentar uma acusacao sem provas. Uma acusacao fundada em crenças.
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Sócrates esteve impecável na entrevista. Apresentou provas que desenhem alguns pontos e outras serão apresentadas no futuro.
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A que mais me chamou a atenção foi o fecho da conta na Suíça em 2008. Que machadada na acusação. A outra foi o documento assinado pelo secretário estado com data que comprovada a atitude de isenção do governo na opa.
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Rb
Sempre que vejo citar o "mirone" fico com a sensação que ainda não perceberam que o dito é um projecto político disfarçado de jornalismo e por isso a credibilidade é zero.Concerteza que nem tudo que edita é mentira mas, já a Maria Turra, de Cabinda ao Cunene usava os mesmos métodos. Aquela fileira de eucaliptos do "Compromisso Portugal" é que o sustenta
Esta transcrição é de uma entrevista, deduzo numa TV. Portanto, este trafulha e mentiroso compulsivo, continua a ter palco para debitar a seu bel prazer, o que lhe apetece. Pelos vistos em frente a mais um invertebrado. Tudo isto mete nojo.
PS: Rogo mais uma vez ao José, que meta ordem neste blogue, que é o melhor que há, mas é deixado ficar mal pela péssima frequência. A minha tese é que escrever demora um bocado, apagar é um segundo. Ao fim de uma dúzia, está resolvido o problema definitivamente.
Tenham paciência. Desviem-se das bostas...
Joserui
Não é uma TV, é a RTP que vive da taxa do audiovisual
Ainda se convidassem a Moura Guedes para entrevistar o arguido!
Bastaria convidarem o Eduardo Dâmaso. O que era mais que natural na medida em que se poderia aquilatar o teor das explicações aldrabonas do entrevistado com os factos apresentados por quem os conhece.
O Vítor Gonçalves não tem estaleca de entrevistador e parece que se convenceu que tem.
Se este salafrário fosse confrontado numa entrevista com o que fez ao Perna, seu motorista ( !) espalhava-se de tal modo que nunca mais iria à tv.
José, o que é que ele fez ao Perna?! Se puder responder, agradecia que revelasse. Thanks!
RTP… pois já tinha visto num jornal qualquer…
A ideia que dá é que o trafulha está verdadeiramente convencido que se vai safar. Deve andar por aí muita formiguinha a trabalhar.
A verdade é que a maior parte do país "está-se cagando" para tudo isto. E é aí que embate toda a casta de teorias sobre uma reforma, regeneração ou refundação do país. Está mais para afundação.
Ao Perna contratou-o por um salário próximo do mínimo em relação ao qual fazia descontos. E depois pagava-lhe outro tanto, sem descontos, em fraude fiscal.
E fazia-lhe o que vem escrito no recorte que apresentei.
José, tenho vindo a ler todas as notícias, mas essa passou-me ou não liguei.
Parabéns pelos excelentes artigos e primeiras páginas dos jornais que tem vindo a publicar. E pelas suas oportunas e acertadíssimas opiniões que tem dado sobre os mesmos.
Por causa dos Correios da Manhã de anteontem e de ontem e do que neles se podia ler e que aqui reproduziu, resolvi adquiri-los, coisa o que não faço por norma, só compro O Diabo como já referi. Para ler mais sobre este assunto e para guardá-los, está claro. Vai ser óptimo voltar a ler sobre este escândalo inaudito daqui a muitos(?) anos, para nessa altura tanto os presentes que o presenciaram, assim como os vindouros, relembrarem ou tomarem então conhecimento cabal da podridão moral em que este regime/sistema esteve mergulhado e dos seus responsáveis directos pelos crimes económicos cometidos durante mais de quarenta anos.
Esperemos que num futuro não muito longínquo este maldito período histórico seja apenas o retrato fiel de acontecimentos inqualificáveis do passado perpetrados por políticos corruptos e criminosos e que nunca mais se venha a repetir. Uma triste e dramática experiência que perdurará na memória de quem teve a desgraça de a ter vivido e que jamais a esquecerá.
A este bando falta um módico que seja de dignidade… é arrepiante.
Mas, senti o mesmo ao ver aquela fotografia do Costa mais a não sei quantos, de colete, a fazer de conta… pensei — que falta de dignidade atroz têm estes representantes do estado… é isto este país?
Admito que o problema seja meu e seja um preconceituoso insuportável.
É arrepiante, sim. Deu nisto este país. Tomado duma ralé ascorosa que se dá a ares.
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