quinta-feira, março 10, 2022

A justiça terá memória curta?

 Já aqui escrevi sobre a campanha em curso para descredibilizar a investigação do processo Marquês, atingindo directamente a honra pessoal e profissional do juiz de instrução Carlos Alexandre. A manobra, insidiosa e caluniosa a meu ver, assenta em factos falsos apresentados como a última versão da verdade que interessa ao acusado, o inefável José Sócrates que assim pretende matar dois coelhos de uma cajadada: anular as acusações em tal processo e impedir o mesmo juiz de intervir em casos processualmente relacionados, como seja o da EDP. De caminho impede-o de se pronunciar publicamente seja sobre o que for, sob pena de processos disciplinares, já encetados antes e com avisos de precaução...

Pois bem! A Sábado acaba de dar um contributo para a reposição da verdade, uma vez que a justiça parece ter perdido uma memória nem sequer muito antiga. 

O ponto nevrálgico da acusação ao juiz, deduzida pelo advogado Delille, assenta na pressuposição de que o CITIUS funcionava às mil maravilhas em Setembro de 2014 e por isso a distribuição manual do processo que lhes interessa foi criminosa, imputando sem mais aquelas o crime ao juiz e a uma funcionária. É preciso ter lata! 

Depois de saber isto tudo e muito mais que o inquérito do MºPº organizado na altura para apuramento destes factos revelou, em sentido contrário ao imputado, ainda se atira lama para cima de um magistrado como se tal fosse um mero reflexo de uma defesa, aliás desesperada. 

 



Tudo isto era conhecido dos conselhos superiores da magistratura, dos sindicatos da mesma e de algumas pessoas envolvidas nos casos, mormente magistrados e até governantes da época. 

Alguém dos elencados se pronunciou publicamente sobre isto, para defender a honra de um juiz? Ninguém! Até o presidente do sindicato dos juízes escreveu para se indignar mas por razões que apresentou em modo retórico e nada sindicadas a isto que se expõe. 

Isto diz muito do actual estado de sítio da Justiça que temos e dos seus protagonistas do momento. Triste, de facto. Muito triste. 

E só foi há um pouco mais de sete anos...

Sem comentários:

O Público activista e relapso