Há uma historieta de Lucky Luke, originalmente publicada na revista francesa Pilote, no final de 1972 e retomada no Tintin português pouco tempo antes de 25 de Abril de 1974. Retrata os caçadores de prémios do velho Oeste e o modo como são vistos e tratados pelos cidadãos em geral.
É o Caçador de Prémios, desenhado por Morris com a fronha de Lee van Cleef, um actor desse tempo dos filmes de cóbóis.
Normalmente os caçadores eram indivíduos que se dedicavam a capturar foragidos em troca dos prémios prometidos para tal e o pagamento era por vezes singular, representando o modo como eram vistos socialmente: crápulas sem escrúpulos dispostos a vender a própria mãe em troca de proventos.
A historieta tem laivos humorísticos reveladores da genialidade dos autores e presta-se a comparações quando alguém está sempre pronto a denunciar outrém, por malfeitorias reais e por vezes imaginárias em troca de um mais que duvidoso reconhecimento social.
Quando as coisas corriam mal era um ver se te avias, digno do filme mudo L´Arroseur arrosé...
No caso nacional também há por aí uns caçadores de prémios não em dinheiro vivo mas num certo reconhecimento, nas denúncias que estão sempre a fazer contra outros a quem apontam desvios éticos ou malfeitorias criminosas ainda não apuradas mas que apanham no ar do tempo mediático prenhe de situações duvidosas.
Ana Gomes é de algum modo uma dessas caçadoras de prémios publicamente atribuídos nos media televisivos com as revelações sensacionais que capturam audiências. A fome de apanhar desgraçados, mesmo putativos, é tal nos meios televisivos do sensacionalismo que os caçadores de tais prémios têm avença garantida como comentadores. E tal aguça-lhes o apetite pela cobrança pública de tal reconhecimento.
Obviamente as semelhanças param aí, mas é impressionante ver o afã que dedicam a tais temas sempre que apanham o procurado nessas andanças dos futebóis e de outros desportos nacionais como a corrupção.
Assim, merece um final à Lucky Luke o que sucedeu na semana que passou à tal Ana Gomes e outras mortáguas que por aí andam à cata de foragidos à ética e ao crime de colarinho branco para consumo mediático.
No Tal & Qual de hoje aparece um relato que se assemelha a tal lição, porque como lá diz o povo, quem com ferros mata...
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