segunda-feira, março 14, 2022

O Público é um jornal que não presta...serviço relevante na informação.

 Praticamente deixei de comprar o Público regularmente como o fazia até há uns meses atrás. A razão está na dificuldade que fui encontrando, a cada nova edição, em obter informação relevante, interessante e isenta sobre o que me interessava. O Público, para mim, perdeu tudo isso com esta actual direcção e a anterior, da inenarrável Bárbara Reis.

Não sei qual o público alvo, actual, do Público embora desconfie que se destina aos mesmos letrados de ensino secundário antigo que talvez julguem o Expresso como a expressão superior do jornalismo nacional. O público será o mesmo, aliás. Parece-me um público muito ressentido e portanto invejoso até ao tutano. De esquerda, na maior parte e que se informa através destes canais de pobreza informativa. 

A pobreza informativa do jornal, aliás,  pode ver-se na edição de hoje a propósito de dois assuntos. Um deles tratado em crónica e relatado aqui, apodado até de "vergonhosa ignorância". 

Outro, aparece já em notícias replicadas, como aqui, nos ecos do Sapo , com o efeito habitual, típico e pretendido, de "rede social" e refere-se ao caso do procurador que ganha 5 600 euros por mês, sem fazer nada. 

A notícia do Público é mesmo essa: dizer ao público alvo, dos citados leitores de uma putativa classe média empobrecida pelo governo na função pública que exerce, que há por aí um procurador, condenado pelos tribunais por corrupção, embora sem trânsito em julgado e longe de o estar, que esse  proscrito ganha 5 600 euros, o que dá 3 500 euros líquidos por mês! Inaceitável!

O suficiente para fazer salivar de inveja quem ganha metade a "dar aulas" ou a trabalhar por conta de outrém. É esse, parece-me o principal objectivo da notícia, porque outro não vejo. Se fosse para dizer que havia irregularidades nos procedimentos que tal permitem, ainda vá. Mas não. Está tudo nos conformes legais e o Público desencantou ainda assim um putativo interesse público em tal notícia. Nem sequer será para denunciar uma imoralidade legal, vigente, porque tal não tem ponta para se lhe pegar. A notícia é por isso, turva. Eticamente reprovável e moralmente lamentável. Por várias razões mas vou elencar apenas uma ou outra. 

Por exemplo e para começar: quanto ganham os jornalistas do Público, particularmente os que agora são comentadores depois de terem exercidos cargos de chefia e que escrevem um artigo de longe a longe e geralmente irrelevante e inútil? Não interessa por serem da "privada"? Interessa para se saber que interesse tem a direcção da SONAE em manter um jornal falido, a expensas de uma empresa que não utiliza os mesmos critérios nas suas actividades principais. É preciso saber qual a razão para tal excepção que continua a pagar os salários de jornalistas incompetentes, alguns sem fazer nada e outros que tornam o jornal ilegível e sem interesse algum informativo. 

Virando para a função pública, quanto ganham por aí fora, muito mais que o aludido salário de magistrado sem fazer nada, os inúmeros assessores que enxameiam lugares públicos sem que o Público denuncie ou queira denunciar tal coisa?  

Passando a assunto mais pertinente com a argumentação e sem extraviar, qual o interesse desta notícia sobre Justiça, num sector cheio de problemas e cuja denúncia não encontra eco investigador e noticiador no Público e demais jornais? 

Do mesmo modo que se faz uma notícia destas, através de telefonemas para algumas pessoas, seria possível noticiar várias coisas que assim de repente me ocorrem:

Como é que se justifica a pendência de milhares e milhares de processos nos tribunais administrativos e fiscais? Que medidas poderiam ser aplicadas, na prática, para resolver tal assunto que se arrasta há longos anos e que parece não ter solução? O que terão os métodos alternativos de resolução de questões judiciais, como as arbitragens, a ver com tal fenómeno? 

Com é que funcionam, quem faz parte, quem nomeia e que particularidades assumem estes procedimentos da arbitragem nos processos administrativos e fiscais ? Como funciona o conselho superior de tais tribunais?

Tudo isto foi equacionado num artigo de opinião no mesmo Público de uma quarta-feira passada. Alguém leu, no jornal e deu seguimento a tais ideias? 

Não. Preferem dar a notícia que há um procurador condenado sem trânsito em julgado que ganha 5 600 euros por mês sem fazer nada. Mesmo que tal tenha plena justificação legal...

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O Público activista e relapso