segunda-feira, agosto 22, 2022

O filho de Sérgio Figueiredo é um caso para estudo...

 Observador:











Porque é que isto é um caso de estudo? 

Em primeiro lugar o CEO da Planetiers diz que "trabalhou enquanto estudava". Em quê? Quem lhe arranjou trabalho e a fazer o quê? Parece ser um caso notável mas nem por isso singular, o de um jovem estudante, que não precisando, opta por "trabalhar" enquanto estuda, portanto ainda na casa dos vintes. Merecia ser entrevistado a propósito de vários assuntos e questionado para se perceber o  país que somos, realmente e não aquele que aparece nos media tradicionais, com as notícias sensacionalistas que confundem o retrato verdadeiro do país, embora o mostrem em lampejos de fulgor escandaloso.
Depois diz que quanto acabou o mestrado, em Engenharia Biológica, em 2014 se lembrou do "empreendedorismo" e embora não explique terá sido então que surgiu a ideia da Planetiers World Gathering 2020, um nome absolutamente parolo para uma empresa portuguesa se meter num projecto que o subscritor define como destinada a "consciencializar a população para as urgências ambientais e soluções já existentes, apoiar empreendedores e inovar dentro destes temas, captar investimento internacional para a economia portuguesa, atrair grandes organizações e nomes no mundo da sustentabilidade para trabalho em ou com Portugal".  Como?  Um evento! Organizar um evento, voilá! Um encontro de sumidades para lidar com o assunto, eis o móbil e objectivo deste empreendedorismo! A data? 2020!, dali a meia dúzia de anos de vista, segundo o CEO. 
 E como isto custa dinheiro- que o diga um tal Paddy das websummit- e o Sérgio, CEO da Planetiers não o tinha, havia que o arranjar. É aqui que as perguntas fariam sentido. Quem é que fazia parte da Planetiers? Quem é que se organizou para recolher fundos e de que modo? Como é que se desenvolveram os sistemas de contactos e quem eram os contactados e que sistema era esse?
A resposta a estas perguntas era utilíssima para se perceber como funciona Portugal para um grupo restrito de pessoas, alguns milhares, que se movem no meio paralelo da realidade invisível ao comum dos cidadãos: o das empresas que conseguem recolher dádivas e subsídios públicos para "eventos" e iniciativas empresariais duvidosas. 
Porque escrevo duvidosas? Por duas razões: para além da génese da própria empresa, os objectivos da empresa em causa de que o tal Sérgio é CEO ( outra parolice do economês e da vulgaridade destas pessoas) são duvidosos, como decorre do próprio enunciado: "consciencializar a população para as urgências ambientais". Isto pode ser muito interessante mas quando se vê a qualidade dos apoiantes deste tipo de iniciativas percebe-se logo a redundância inerente: no caso concreto, o CEO conseguiu arranjar apoios importantes, da ordem de 3 milhões de euros e num prazo recorde de "dois anos" ( antes de 2020, claro), todos de natureza pública, sem excepção, porque não apresenta um único caso de financiador privado apesar de o citar. Ora estas instituições públicas são elas próprias um meio idóneo e adequado ao prosseguimento dos objectivos do CEO. Vejamos:
Para além de organizações colectivas e de Estado, como a União Europeia ou as Nações Unidas, qualquer uma delas provida de excelentes contactos nacionais e sistema inerente, propício ao tráfico habitual, o Turismo de Portugal e a Câmara Municipal de Lisboa são entidades que dependem exclusivamente dos impostos dos contribuintes nacionais e são geridas por pessoas ligadas a interesses políticos da área deste CEO precoce que no fim de um curso universitário teve logo a ideia ambiciosa de organizar um "evento", no caso patrocinado pelas instituições do Estado, e no caso, inevitavelmente socialista e dado a este género de iniciativas. O objectivo do "evento" deveria ser uma preocupação permanente, destas entidades e não seria necessário qualquer iniciativa do género, para torrar três milhões de euros para o efeito. 
É aqui que a porca torce o rabo já bem retorcido: como é que isto sucede em Portugal? Como é que se desenvolve este tipo de projectos? Como é que se organiza ab ovo uma coisa destas? Era isto que deveriam perguntar a este CEO.   
Enquanto estas respostas não surgirem fica a jeremíade do CEO que começa a ver a vida a andar para trás quando tinha tudo à frente para prosperar neste meio fétido dos apoios públicos com respaldo institucional e de fedor partidário, sem dúvida alguma. Este é o meio em que se movimenta uma clique partidária de topo, como é por exemplo o caso dos adões e silva desta praça. Como não são muitos e afinal poderiam ser identificados através dos vários "projectos", sempre com dinheiros públicos outorgados, seria um serviço público inestimável que o jornalismo de investigação se dedicasse a este sector e a este fenómeno. Afinal, escândalos não faltariam e o sensacionalismo está garantido!

Ou haverá dúvidas quando a isso e ao inerente fedor de corrupção, neste caso a legalizada pela praxis do tráfico de influência oligárquico?

Andei à procura de um ditado, um refrão que se adaptasse à situação e não encontrei nenhum que fosse explícito e adequado. Por uma razão: este fenómeno, com esta dimensão e natureza é relativamente recente. Dantes havia mais pejo e vergonha. E menos dinheiro público para torrar...
Dito isto, uma conclusão: não é o rapaz em causa que tem culpa disto: é a geração que o precede, ou seja a do pai. E por isso não tendo culpa de ser filho de quem é, não deve enjeitar a paternidade que lhe proporcionou que assim seja. 

Entretanto fui espreitar o que é a Planetiers...e é muito elucidativo o que se pode ler. Desde logo não é um sitio em português mas bilingue, em inglês também, porque é assim que agora é. E por isso é que o leitor é tratado por tu, um lugar-comum entre amigalhaços. 
Projectos?  Financiadores? Os conhecidos. Este ano, em Outubro de 2022, a maçaroca já lá está a tilintar no bolso e por isso haverá "gathering". O resultado disso? Ver-se-á...provavelmente com promessas de novos "eventos". Afinal o Paddy deu o mote... 

Para já a coisa promete mais de cem investidores planetários. Só gostava de saber quem são e porque o são... 




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Megaprocessos...quem os quer?