Esta entrevista ao Sol do último fim de semana, do académico Nuno Palma ( professor de Economia em Manchester e investigador no ICS) dá que pensar pela inconoclastia relativamente a certos poderes públicos em Portugal, com destaque para os que constituem a elite educativa das universidades e os políticos que orientam o país.
O resumo da entrevista fica numa frase: "Portugal é o terceiro mundo da Europa". E mais: "Portugal é um país sem futuro". Quer dizer, sem futuro que se possa esperar promissor.
A explicação é apresentada assim e evidentemente não será partilhada pelas actuais elites no poder, em Portugal há vários anos. Décadas, porventura.
A quem se refere este indivíduo quando aponta estes problemas graves na democracia que temos? A representantes de órgãos de poder, de soberania e evidentemente a quem os escolhe, o povo que vota.
O povo que vota, em modo positivo, colocando boletim nas urnas ou o que vota pela omissão, não comparecendo, é o nosso, da ordem de alguns milhões de pessoas que se informam como podem acerca das opções políticas que tomam, por acção ou omissão.
É um povo que vota em democracia, num sistema representativo que copiamos dos demais países europeus e que nos conduziu a este resultado cultural, social e económico.
As elites que temos, a começar na presidência da República, órgão unicelular da soberania, actualmente tem como representante escolhido Marcelo Rebelo de Sousa, educado num regime diverso em que a democracia era mais limitada por uma ordem de princípios e valores que actualmente os representantes democratas chamam fascistas.
A alternativa a esse "fascismo" resultou na escolha de uma série de pessoas que tornaram Portugal no país que é o actual e cujo retrato é delineado na entrevista.
Essas pessoas, uma elite de alguns milhares, pode mostrar-se em poucas imagens recolhidas de sítios oficiais e não só, com as fotos cujos créditos autorais aparecem ou podem ser obtidos nos respectivos sítios.
Em primeiro lugar a presidência da República, com os seus representantes passados e que foram escolhidos pelo povo que temos:
O seu perfil institucional actual coloca-o como importante actor no panorama que é apresentado na entrevista. O seu papel institucional apresenta-se assim e assado:
Por exemplo, com representantes da elite universitária e judicial ( na foto Jorge Miranda, o constitucionalista-mor do regime, a par de Gomes Canotilho e ao seu lado o juiz Armando Leandro, que liderou o CEJ e que verdadeiramente é de uma elite que não quero incluir aqui, neste rol de medíocres) que moldou as instituições que temos, com destaque para a própria Constituição ( a tal que até 1989 proibia a reprivatização das empresas nacionalizadas em 1975) .
Outro exemplo, com representantes do actual poder judicial, dos vários tribunais superiores ( Tribunal de Contas e Constitucional, com as primeiras figuras da esquerda para a direita) e do topo do MºPº ( a última figura, em modo de avantajada pomba branca), corporizado na magistratura do STJ aquando da tomada de posse do seu actual presidente, com a presença de outros poderes do Estado:
O poder judicial representa-se ainda nesta foto nas instalações da presidência da República actual, com três juízes de topo só para mostrar a diversidade desta elite, embora consolidada na mesma idiossincrasia:
E nesta, de Janeiro de 2020:
A par do poder judicial, o terceiro poder de soberania do Estado, andam o poder Legistativo, da Assembleia da República, onde assentam os deputados escolhidos pelo método democrático de representação em eleições gerais, activa e omissivas.
O Governo, Poder Executivo é actualmente este, de mascarados em que alguns deles escondem agendas que só tarde demais se topam. Este é o verdadeiro poder do Estado porque é o Executivo, que parte, reparte e fica com a melhor parte. A seriedade e competência desta gente deveria ser a toda a prova. Como se comprova no caso José Sócrates o que sucede é precisamente a negação de tudo isso e só por acaso aparece alguém para quem o interesse geral e do povo é prioritário:
Para além destes mascarados há os que governaram de cara descoberta e do modo que se sabe. Foram recompensados, porque obtiveram depois o voto da maioria absoluta de quem votou...
Portanto é a estes rostos e a esta gente que devemos as leis que temos tido ultimamente, as decisões executiva e de governo que temos tido nos últimos anos e por isso a responsabilidade directa e a culpa de estarmos como estamos é desta gente que aí figura, acima, sorridentes, sem se saber porquê, para além da circunstância
Para além destas elites, o povo em geral que também se pode representar noutras vertentes. Por exemplo na pessoa dos queijeiros de Celorico da Beira, recebidos com pompa e circunstância pelo filho de Baltazar Rebelo de Sousa:
Ou pelos ilustres autarcas do país, verdadeiro retrato da nação que temos, reunidos em homenagem:
Quanto ao resto, fica esta última foto, onde se podem ver ilustres representantes da elite que temos: dois juristas ( Henriques Gaspar que foi do MºPº, e presidente do STJ; Costa Andrade, professor de direito penal, em Coimbra, da escola responsável pelo direito penal que temos em Portugal, deputado à Constituinte e presidente do tribunal Constitucional; os demais, para além dos conhecidos, nem contam, mas são da tal elite):
Poderia continuar a mostrar retratos das elites que temos. Porém, o exercício é tão deprimente que estes bastam.
Vai mais uma para tal efeito:
Julgo que não temos salvação como país a caminho de uma prosperidade que poderíamos e deveríamos ter. E a responsabilidade é do povo; a culpa é desta elite cujos rostos e nomes aqui ficam, mas há outros imensos outros que porventura contribuíram mais e melhor para esta desgraça nacional que nos assola.
E o pior é que nem sequer se dão conta disso.
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