sexta-feira, setembro 16, 2022

Para entender melhor esta capa extraordinária do Público

 Esta, de anteontem:


Quem ler os artigos que lhe dão corpo, em quatro páginas, talvez entenda que não era preciso escrever nada porque a mensagem foi o meio. Os artigos são essencialmente copiados à pressa, da wikipedia e similares, portanto inúteis como conteúdo original. 

O que importa é a capa e o nome do dito com a legenda fantástica de um achado bacoco: "depois de ser imortal decidiu morrer"! Quem terá sido o génio da frase? 

Para entender o contexto ideológico desta manobra de propaganda política, sob a capa da "cultura", como sempre, no mesmo diapasão mental que o artigo do papa negro da extrema-esquerda portuguesa, é preciso recuar algumas décadas até ao tempo que ontem mostrei no postal anterior e hoje retomo, com recortes da revista Vida Mundial de 1974-76, um viveiro de esquerdismo radical na "cultura" da época. 

Ora leia-se o que era então a apreciação cultural das obras cinematográficas de Godard.

Em 10 de Maio de 1974, escassos dias após o golpe militar, esta apreciação sobre a censura no cinema e o que era preciso ver, "à espera de um novo cinema", pressupondo que o velho iria ser remodelado. Apesar de o crítico ( Eduardo Geada) parecer um perfeito imbecil, a verdade é que era este o tom ideológico que o PREC tomou e durou vários anos, neste sector, sendo um dos rebentos o que agora se evidencia no escrito de Louçã:


Fala-se em Glauber Rocha, um cineasta brasileiro da corda extremista e lá aparecia ele na capa da Cinéfilo da mesma altura, Maio de 1974:


É preciso lembrar e não esquecer que foi isto que moldou a apreciação cultural e crítica durante muitos anos, ainda perdura e vinha de alguns anos anteriores ao golpe de 1974. A esquerda e extrema-esquerda sempre dominaram este panorama da "cultura" e por isso arrogam-se o direito de a proclamar e reclamar subsídios para esta merda ideológica, à custa de todos. 

Em 5 e 19 de Dezembro de 1974 torna-se explícita a linguagem até aí cifrada para contornar a Censura e largar a propaganda ideológica e política à sombra da obra cinematográfica de Godard, neste caso no filme Week-end. Mais claros não podiam ser...e estavam como em peixa na água nesta altura do PREC.




E continuava o mesmo em 16.1.1975, com pequenas variações, abrangendo neste caso uma apreciação genérica e resumida da filmografia de Godard:



Em  12 de Agosto de 1976, na mesma revista e já com uma certa Natália Correia a dirigi-la,  o ambiente crítico cinematográfico mudou um pouco: para esta verdadeira aberração crítica acerca do filme culto de Kubrik que tinha sido censurado e saía finalmente para as salas públicas. É assinada por um tal Dórdio Guimarães que uns anos antes tinha traduzido os versos de um dos temas dos Beatles...




A tradução da musiqueta dos Beatles, Lady Madona,  vinha na revista Cine-Disco nº 5 do início do ano de 1969.


Isto anda tudo ligado...

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Megaprocessos...quem os quer?