quinta-feira, janeiro 25, 2024

O contentinho do Público

 O director do Público escreve hoje este artigo sobre o estado da nação:


Como se pode ler, o contentinho do Público olha para o copo meio-cheio no que se refere ao progresso económico e social do nosso país nos últimos anos. "Hoje Portugal está em melhor estado do que há dez anos. Ou 20. Ou 30"!, afiança o "jornalista". 

É percepção dele, jornalista formado em não sei quê e que sustenta a afirmação com estatísticas avulsas sobre os números do desemprego, da balança externa e até dos índices de percepção da corrupção!

Escusado será acenar-lhe com números diversos, opiniões distintas, particularmente a de um Nuno Palma que estudou o assunto e escreveu um ensaio recente sobre o mesmo. A opinião deste jornalista é firme: com este PS vamos lá, porque estamos no caminho certo!

Bastar-lhe-ia ir ali ao lado, a Espanha, para ver a diferença económica entre nós e os espanhóis, por exemplo. Mas não há pior cego que o que se recusa a ver e prefere estar contentinho com o que tem.

Qual o perigo que nos espreita? É só um: o fantasma da extrema-direita que avança por essa Europa fora e por cá tem o seu representante bem identificado: o Chega. É esse o único para a nossa excelente democracia, cuja diversidade de opinião é representada neste pequeno artigo do jornalista: unanimismo em torno de um projecto socialista de um PS que se pretende manter no poder e não contará por isso com o "jornalista" para contrariar tal desiderato. Ao contrário do Chega que pretende destruir o regime democrático e que segundo o jornalista apresenta o país à beira de um abismo que o jornalista entrevê nas fímbrias de um discurso oculto mas prenhe de significado extremista. 

Quanto ao Bloco de Esquerda? Viva o velho! Que venha para o saudável convívio democrático porque desse lado extremista não virá qualquer perigo...

Se o jornalista lesse o programa do BE e as declarações do seu papa negro, um certo Francisco Louçã que em 2009 tinha estes pensamentos estruturados e explícitos, talvez devesse reflectir melhor se não seria preferível distância deste totalitário em potência:

"Numa esquerda socialista. (...) Para nós o socialismo é a rejeição de um modelo assente na desigualdade social e na exploração, e é ao mesmo tempo uma rejeição do que foi o modelo da União Soviética ou é o modelo da China. Não podemos aceitar que um projecto socialista seja menos democrático que a "democracia burguesa" ou rejeite o sistema pluripartidário. Não pode haver socialismo com um partido político único, não pode haver socialismo com uma polícia política, não pode haver socialismo com censura. O que se passa na China, desse ponto de vista, é assustador para a esquerda. (...) Agora, a "esquerda socialista" refere-se mais à história da confrontação, ou de alternativa ao capitalismo existente. Por isso o socialismo é, para nós, uma contra-afirmação de um projecto distinto. Mas, nesse sentido, só pode ser uma estrutura democrática."

O que dizia Louçã em 2005 a este propósito? Isto:

"O BE é um movimento socialista ( diferenciado da noção social-democrata, entenda-se-nota minha) e desse ponto de vista pretende uma revolução profunda na sociedade portuguesa. O socialismo é uma crítica profunda que pretende substituir o capitalismo por uma forma de democracia social. A diferença é que o socialismo foi visto, por causa da experiência soviética, como a estatização de todas as relações sociais. E isso é inaceitável. Uma é que os meios de produção fundamentais e de regulação da vida económica sejam democratizados ( atenção que o termo não tem equivalente semântico no ocidente e significa colectivização-nota minha) em igualdade de oportunidade pelas pessoas. Outra é que a arte, a cultura e as escolhas de vida possam ser impostas por um Estado ( é esta a denúncia mais grave contra as posições ideológicas do PCP). (...) É preciso partir muita pedra e em Portugal é difícil. Custa mas temos de o fazer com convicção."

O comunista Jerónimo de Sousa e, 2008 definia assim o Bloco de Esquerda:   "é um partido social-democratizante disfarçado por um radicalismo verbal esquerdizante, caindo muitas vezes no anti-comunismo".

Para o jornalista Manuel Carvalho o perigo vem todo do Chega...

Abre os olhos, pá!



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