quinta-feira, fevereiro 28, 2019

A tristíssima figura de Zita Seabra

A TVI passou na Segunda e ontem uma reportagem alargada sobre Salazar, com imagens da sua casa no Vimieiro, completamente  arruinada, entrevistas a contemporâneos que o conheceram e lidaram com ele, nas alturas em que aí se encontrava e deram o seu testemunho. O guia da visita foi um sobrinho-neto, Rui Salazar já por aqui mencionado em tempos.

A reportagem teve algum interesse, particularmente em ouvir algumas pessoas que viveram esse tempo e contaram o que viveram. Uma delas, filho de Manelão, o podador das vinhas e árvores da quinta das Ladeiras, de Salazar, contou diversos episódios, incluindo um acerca de agentes da PIDE que aí se encontravam e vigiar o então presidente do Conselho. Um deles era Rosa Casaco que costumava tirar fotografias a Salazar e que guardou para a posteridade algumas delas que de outro modo não teria existido. Era um fotógrafo amador e não consta que fosse a mando do presidente do Conselho que andasse por ali a tirar fotografias.
 O episódio contado pelo filho de Manelão é exemplar para se entender o relacionamento de Salazar com a polícia política. Tal é referido aliás por Fernando Dacosta que aparece como comentador residente da reportagem, sempre sentado num cadeirão a recordar memórias do tempo em que escreveu os primeiros livros sobre a figura de Salazar, no início dos anos dois mil. As Máscaras de Salazar e Nascido no Estado Novo são dois dos seus livros que vale a pena ler.
O episódio do filho de Manelão é o de enquanto miúdo, com sete anos ou por aí se esgueirar para a quinta de Salazar, fugindo ao controlo da polícia e um dos agentes da PIDE o ter apanhado nessa incursão furtiva e lhe ter dado uma sova das grandes. O pai, Manelão, ao ver o filho num estado lastimável,  encrespou-se com o agente da PIDE que lhe disse que estava preso, mas como quem o agarrara e apertava o pescoço era o Manelão este retorquiu-lhe que quem estava preso era ele...
Pois Salazar ao saber disto perguntou a Rosa Casaco se era assim que dava ordens aos agentes da polícia, para actuar. Quem contou isto foi o filho do Manelão. Que sentia simpatia e continua a sentir por Salazar.

Na reportagem aparece a ligação de Salazar a uma senhora francesa com quem se entrevistou e que deu origem a um livro daquela, Férias com Salazar. A senhora Garnier foi fotografada com Salazar, por aquele Rosa Casaco. Nada de especial. Aparecem também referências aos amores furtivos de Salazar com diversas pretendentes que nunca foram consequentes.

Não me pareceu que a reportagem fosse um modo de apresentar Salazar como um galã, mas foi isso que Zita Seabra viu na reportagem, exclusivamente, para além de considerar que deveria ter havido uma menção a Rosa Casaco como um torturador da PIDE e assassino de Humberto Delgado.

Escreveu isso agora, lamentavelmente, num artigo cheio de ódio, latente e persistente, de ressentimentos. E lamentavelmente por uma razão simples:

Zita Seabra foi militante do PCP, das radicais porque o Partido só comporta essa tendência estalinista, desde sempre.

Da Wikipedia:

É filha do engenheiro Mário Ramos Carvalho Roseiro (Tondela, Molelos, 11 de abril de 1921) e de sua mulher Zita Moreira Marques de Seabra.

Aderiu ao Partido Comunista Português em 1966 e passou à clandestinidade em 1967, antes mesmo de fazer dezoito anos, passando 8 anos na clandestinidade até ao 25 de Abril de 1974. Foi controleira da União dos Estudantes Comunistas (UEC) antes e depois do 25 de Abril. Deputada à Assembleia da República entre 1980 e 1987, pelos círculos de Lisboa e de Aveiro, foi eleita para a Comissão Política do Comité Central do PCP em 1983, no X Congresso do Partido. Em 1982, tinha sido a responsável pela apresentação no parlamento de legislação sobre o aborto.

Afastou-se do PCP por altura da Perestroika e foi uma das mais conhecidas dissidentes do partido, em virtude do processo interno que lhe foi movido e que culminou com a expulsão em 1988 da Comissão Política, primeiro, e do Comité Central, depois.[1] Ainda em 1988, publicou o livro O Nome das Coisas: reflexão em tempo de mudança, que teve sete edições até ao ano seguinte. Em março de 1989, fez a cobertura para o jornal Expresso das primeiras eleições livres na URSS.[2]


Zita  Seabra nasceu em 1949 e em 1966 tinha 17 anos. Casou com o comunista Carlos Brito, um dos dirigentes máximos do PCP estalinista do tempo de Cunhal.

Zita Seabra disse numa entrevista, citada no artigo da WIki que descobriu o mal que o comunismo era numa viagem que fez à URSS em 1989. Na 26ª hora, como muitos. O tal Carlos Brito, 15 anos mais velho,  nunca descobriu, coitado. Continua lá, na luta...

Não adianta estar aqui a lembrar a Zita Seabra o que era o comunismo em 1966 porque a mesma saberá melhor.

Só adianta dizer que a falta de pudor para se difamar Salazar ou atacar o regime do mesmo, nesse tempo, invocando a falta de liberdade e a repressão política, dá sempre com os burros na água a estas pessoas que defendiam exactamente na mesma altura um regime muito, mas muito pior que o de Salazar.

O que esta gente deveria dizer era isto: nós fomos inimigos de Salazar e queríamos um regime pior que o dele. Se tivéssemos  tomado o regime, pela Revolução que sempre defendemos, de armas na mão se fosse oportuno, teríamos morto Salazar com um tiro na nuca ou em julgamento sumário. Faríamos o mesmo a todos os PIDES e aos adeptos do regime, além de liquidar os mais bravos , sumariamente, poríamos os demais em campos de concentração. Como fizeram os patriotas cubanos.

Quem não aceitasse o nosso comunismo teria que ser reeducado, à maneira do que fizemos com a 5ª Divisão do tempo do PREC e que foi apenas uma amostra.

Felizmente que Salazar não fez tal coisa a nós e até deixou fugir o Cunhal da prisão de Peniche que agora está transformada em museu dessa luta patriótica antifassista. Salazar era um fraco e a PIDE uma miséria de incapazes. Até deixaram o Cunhal tirar o curso de Direito na prisão e fazer exames na Faculdade, imagine-se! Que fracos...

Era isto que Zita Seabra deveria ter escrito e nada mais.

  Zita Seabra sabe que assim é e devia ter vergonha de escrever o que escreveu.

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A obscenidade do jornalismo televisivo