O título deste postal é tão legítimo quanto este, do CM de hoje. E provavelmente mais verdadeiro que o do jornal:
O assunto é assim explicado:
Portanto, a vítima e o homicida tinham sido namorados e acabaram a relação no Verão passado. Em Setembro houve queixa na GNR por causa de ameaças que aquela recebia, de morte, segundo o jornal. Veremos se assim foi e mais ainda, quando a PGR se der ao cuidado de informar.
Para já temos a notícia do CM: a Justiça não actuou, a queixa ficou sem efeito e a mulher foi morta pelo denunciado.
Tal como disse Rui do Carmo, o homem encarregado de analisar retrospectivamente factos como este, uma das causas do aumento de homicídios e uxoricídios reside na divulgação e publicidade sensacionalista de casos como este.
O Correio da Manhã excede-se nestes assuntos porque sabem os que o dirigem que isto rende, dá dinheiro a ganhar à empresa Cofina porque as pessoas são voyeuristas, em geral e adoram conhecer os pormenores sórdidos dos crimes.
Por isso a CMTV passa horas a fio a escalpelizar estes casos, fait-divers, sem interesse algum a não ser para os visados, mas transformados em argumentos de venda e de fazer dinheiro.
É por isso justo que se atribua ao Correio da Manhã a devida contribuição para o aumento de casos de homicídio em quadros de violência entre casais.
Senão repare-se: o que deveria fazer a Justiça num caso como este, assim apresentado? A vítima já não vivia com o homicida, logo estava resolvido um dos pontos costumeiros de crítica à actuação da Justiça. Já tinham passados mais das "72 horas" ( não sei quem foi inventar esta, mas enfim...) após as supostas ameaças de morte. A defesa da vítima com dispositivo electrónico de alarme, em casos destes é perfeitamente inútil.
Resta apenas uma coisa simples: a GNR e o MºPº adivinharem que este caso, entre os milhares que enxameiam os tribunais ( mais de 26 mil o ano passado) era singular e que o denunciado era perigoso ao ponto de querer realmente matar a ex-namorada.
Mesmo assim, só uma medida se revelaria adequada: a prisão preventiva do suspeito.
Na última página do jornal há outra notícia que mereceria o mesmo destaque, mas ainda não tem sangue suficiente para o efeito de capa. Também se refere a um ex-namorado que tentou atropelar o rival e agrediu a ex-namorada:
Espero que a PGR esclareça que em casos destes nenhum juiz de instrução decretaria tal medida de prisão preventiva..assim com os indícios que havia. Senão teria de o fazer relativamente à maior parte dos 26 mil processos...até se conta na notícia que vítima e homicida tinham reatado o namoro várias vezes e aquela saía com ele para os bailes, "nos primeiros meses após o fim do namoro", ou seja, depois do Verão. Por outro lado, em Setembro aquela apresentou queixa e "não mais quis a companhia do ex-namorado". Como ficamos? Saía para os bailes depois de se separar ou não? Depois das ameaças ou não?
A investigação destes factos, para os jornalistas Isabel Jordão/João Nuno Pepino, é fácil: a Justiça falhou.
Devem ser jornalistas de aviário, das escolas que concedem diploma depois de três anos de "estudos".
Só assim se compreende a notícia. Ou então não são responsáveis pelos títulos, a cargo das raposas velhas por conta da Cofina.
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