Não sabem, mas estão encarregados de saber e por isso fingem que sabem...refiro-me ao problema da violência entre familiares por questões sentimentais ou de parentalidade e das suas soluções nos casos concretos.
Quem se sente na obrigação de saber algo diz coisas inacreditáveis perante a confusão e perplexidade que os invade.
Público de hoje:
Rui do Carmo, que conheço, diz uma coisa espantosa ( e verdadeira): se isto, os crimes de sangue, não fosse noticiado não haveria tantas mortes, provavelmente, por causa do "efeito de imitação". Não consegue responder a questões bem mais interessantes como seja a de estes fenómenos se terem replicado e aumentado nos últimos anos, apesar das leis, da polícia e das cpcj´s estarem mais atentas agora do que acontecia quando não havia este tipo de crimes a este ritmo assustador.
Algo vai mal nessas análises e é preciso descobrir o quê, o que aliás não parece nada fácil. Por outro lado recorre-se sempre a leis, a peritos, a especialistas para explicar fenómenos que o senso comum dantes explicava muito melhor.
Perdeu-se esse senso comum porque a sociedade se alterou, urbanizou-se segundo padrões em mutação e que os media por vezes dão conta reflexamente.
Algo está a apodrecer na sociedade portuguesa e é preciso descobrir o que é.
A burocratização de procedimentos legalizados de intervenção, com os seus aspectos positivos pode muito bem ter originado paradoxos inerentes: em vez de simplificar, como objectivo, as intervenções de autoridade, complicam e tornam ineficazes os procedimentos em zonas sensíveis como as que lidam com saúde mental, psicologia ou mesmo organização familiar e respectivos valores.
Integrar tudo isso harmoniosamente não é tarefa de jacobinos. Nunca , porque estes só estragam. E tornam-se autoritários para além do tolerável. É o que tende a suceder em casos destes.
Mas...isso faz parte do problema que está aí perante todos e ninguém sabe resolver: 10 mortos este ano, Sem contar os suicídios...como mostra o CM de hoje:
Talvez o começo de uma resposta esteja na investigação acerca dos suicidas. Porque se matam, quando antes não o faziam em tandem, ou seja, juntamente com aqueles que matam?
As notícias sobre estas tragédias no estado actual desta democracia, com jornais sensacionalistas e televisões que consagram horas e horas de programação a estes fait-divers para alimentar voyeurs, com participação bem remunerada de professores penalistas ( Rui Pereira) ou ditos criminalistas ( não sei bem o que seja...) contribuem em muito para estas estatísticas medonhas.
De semelhante só o que se passa com o futebol, com horas, horas e horas, de um tal Rui Santos ( filho de um antigo jornalista desportivo) ou lá como se chama a falar, só a falar de futebol. Horas a fio...com outros comentadores, alguns deles explícitos energúmenos, como um tal Guerra. Incrível.
Censura? Advogo tal coisa, nestes casos. Tal como nos incêndios. Censura pura e simples. Proibição de exploração indecente das misérias e desgraças alheias.
Que se lixe a liberdade de informação que atenta contra estes valores da sociedade dignos de protecção.
Censura que deve passar pela proibição de reportagem em directo relativamente a estes crimes de fait-divers, sem qualquer interesse ou relevância pública e apenas incentivada para alimentar doentes mentais. Censura que deve restringir as notícias destes crimes ao que dantes, há 50 anos era norma social aceite por todos: uma desgraça noticiada mas nunca explorada para efeitos puramente comerciais e sem qualquer pudor. Estou a falar do grupo Cofina e do grupo da TVI, mas os demais seguem as pisadas e até a RTP já anda no mesmo trilho.
A psiquiatria tem que intervir na discussão destas matérias de relevância social porque estamos a assistir a uma deriva com profundas repercussões sociais.
O CM titula "Monstro" na capa para quê? Vender papel. Quando não há pudor nem moralidade, é preciso que os poderes públicos intervenham. O homicida matou a filha de dois anos e meio, sufocando-a? É um monstro ipso facto. Passa a ser assim que se designa um filicida porque o léxico deste jornalismo, sendo paupérrimo recorre ao passado de uma educação a preceito. A emoção do jornalista impõe-se ao resto e passa a ser "monstro" mesmo que seja doente mental. Então não é?! Alguém duvida?! Não é assim que o poviléu fala?
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