segunda-feira, agosto 19, 2013

Os bonzos do nacional-jornalismo

o Jornal de Negócios de hoje consagra quatro páginas da série " 2013 os mais poderosos da economia portuguesa" a três comentadores televisivos ( Marcelo, Mendes e Sócrates) e aos que os convidaram em nome e por conta do establishment nacional. Aparecem assim o director de informação da RTP, um inenarrável Paulo Ferreira; Vítor Matos, jornalista biógrafo de Marcelo ( o Rebelo, não o outro); Ricardo Costa, José Alberto Carvalho e Carlos Andrade.
Estes indivíduos, por si mesmos, congregam a essência do jornalismo português da actualidade: medíocre, cretino e sem interesse. Os comentadores poderiam ser o melhor espelho que os mesmos arranjaram para se reverem.
Basta ler o que Ricardo Costa diz sobre Sócrates: que o seu papel de comentador é " marcar a agenda política e dar trabalho ao governo". Está tudo dito sobre o fino recorte de inteligência deste sagaz director do jornal arregimentado ao sistema.
Os demais não destoam desta balada triste e melancólica do nacional-jornalismo tipo para quem é, bacalhau basta.
É deste tipo de indivíduos que O´Neill se lembrava quando escrevia que são exemplos de um 
País dos gigantones que passeiam
a importância e o papelão,
inaugurando esguichos no engonço
do gesto e do chavão. 
E ainda há quem os ouça, quem os leia,
lhes agradeça a fontanária ideia!

Para rematar este tipo de jornalismo de convencidos ( cada um deles, para fazer o trabalho que faz, do modo como faz, ganhará mais do dobro do presidente da República), fica a crónica do cronista Camilo Lourenço que apesar de não esguichar jactância como aqueles, mai-lo outro citado, o compadre Sousa Tavares, escreve mal sobre os tribunais, mostrando não perceber o que é básico e essencial para não se debitarem asneiras avulsas. Quando alguém escreve sobre a sentença de uma juiza singular, no caso MAC ,dizendo que se trata de um "acórdão". qualquer coisa anda mal no entendimento básico dos conceitos judiciários. E tal só aparece reforçado quando destaca o acessório para atingir o essencial inatingível, neste caso.
É este um pequeno exemplo da falta de rigor e competência de quem escreve em jornais. Aqueles acima citados são os expoentes desta desgraça da qual são encartados há vários anos, contribuindo em modo significativo ( daí o poder que têm) para o empobrecimento do jornalismo e da democracia, no final de contas.
Poderíamos dizer que cada povo tem aquilo que merece. Será assim?