O Público de hoje inaugura uma nova série de falsificações históricas da História de Portugal. É uma espécie de História alternativa a que nos contam os historiadores do "fassismo", tipo Rosas&Pereira e agora os sociólogos que estudam cobaias através da ideologia de sempre, de Esquerda.
Hoje aparece um tal Nuno Domingos, "investigador do ICS-UL" ( há ligação por aí mas até dispenso a indicação) que em duas páginas apresenta o Portugal de Salazar e Caetano como o exemplo mais flagrante do país racista e colonialista ou vice-versa que vai dar ao mesmo sinónimo: fassista. As teias mentais estão de tal modo espessas naqueles neurónios que só através de chavões ideológicos se conseguem juntar e produzir pensamento. Deste tipo a que o Público chama um figo ( gostaria de saber o que Belmiro de Azevedo pensa desta porcaria e principalmente porque é que a sustenta):
A "tese" principal do artiguelho é simples de expôr: " É evidente que as retóricas integracionistas do Estado Novo na década de 60 obrigavam a outras representações do africano, noemadamente a de um sujeito colonial assimilado à sociedade portuguesa".
Portanto, a política portuguesa em África, reconhecida geralmente como avessa ao racismo puro e duro de uma África do Sul dominada por europeus do Norte, é reduzida num ápice a um apêndice do mesmo fenómeno. E todos os epifenómenos que a poderiam desmentir afinal confirmam tal ignomínia porque Portugal foi sempre "falso e mitificador" neste aspecto. Só por isso se dá a volta ao texto, literalmente, citando Franco Nogueira, como tendo dito em 1965 que "o nosso primeiro princípio orientador é a igualdade racial". Tal proclamação, para este entendido na matéria sociológica de raiz africana, é falsa e mitificadora. E porquê? Essencialmente porque o Eusébio foi apenas uma figura mediática aproveitada para esconder aquele racismo atávico. É assim. E cita depois o "indigenato", sem perceber tal coisa e outras coisas sem entender o essencial.
Esta sociologia fede a ideologia e por isso não presta. Espero que não tenha sido subsidiada por dinheiros públicos.
Há diversas afirmações que se tornam caricatas, no artiguelho. Uma delas é a de que " No Portugal metropolitano de então, onde rareavam os naturais de África" é sintomática. Porque é que "no Portugal metropolitano de então" os naturais de África não deviam ser raros?
Talvez a explicação esteja aqui, num artigo do Século Ilustrado de 26 de Março de 1971:
O fenómeno de imigração e de emigração, no Portugal dos sessenta e setenta ( e agora) intensificou-se por um motivo simples de explicar: as condições de vida por cá eram bem melhores para os africanos de origem portuguesa ( que falavam português) do que por lá, onde nasceram, tal como os emigrantes de cá iam para a Europa mais rica ganhar melhor. Em 1971 haveria umas escassas dezenas de milhar de africanos a trabalhar em Portugal, naturalmente nas obras e em empregos semelhantes aos que os nossos emigrantes tinham na Europa. Mas o sonho dos africanos não era bem ficar em portugal: era exactamente irem para a Europa do Norte...como escreve a revista. Até refere que na Itália era chique ter uma criada, perdão "empregada doméstica", como já escreve a revista, africana da Somália ou Cano Verde. A Somália era colonizada por quem? Portanto, a sociologia ideológica não quer entender isto.
Outra afirmação de rir: "Na guerra colonial, o africano era o inimigo, o "turra". Era? E os contingentes de negros integrados nas nossas Forças Armadas de então? E este exemplo da Guiné ( afinal é em Moçambique, como relata o texto- o erro é meu), apanhado na revista Obervador de 21 de Maio de 1971, com um "guerrilheiro" anti-turra, com 30 comandos pretos?
De resto não parece ilusão ou mistificação e portanto não eram falsas as palavras de Franco Nogueira em 1965 se tivermos em atenção que a política nacional na época, para o Ultramar era diferente daquilo que nos querem fazer crer estes apóstolos da Esquerda fossilizada.
Em 3 de Fevereiro de 1973 o Expresso ( no seu 5º número) publicou uma entrevista com o general Spínola em que este afirmava o mesmo e ainda mais que Franco Nogueira:
Contudo para esta sociologia embebida em ideologia, bafienta e sem valor científico algum, Eusébio não estava sozinho na ribalta dos media da época. E pretos havia vários em diversos campos em que se distinguiam: no futebol, na música ( Eduardo Nascimento que até ganhou um Festival da Canção), na televisão ( havia apresentadores pretos, ao contrário de agora...) e até... na tourada ( Ricardo Chibanga).
A Flama de 17 de Maio de 1968 mostrava na capa o Benfica de Eusébio: também lá estava um Coluna. Basta perguntar a qualquer português que tenha idade de os verem jogar se acham que então havia racismo encapotado nestas actividades e se o regime se ocupava em mistificar tal coisa. Só um mentecapto poderia julgar tal coisa.
Eusébio, aliás e para quem não se lembra, depois de 25 de Abril de 74 tentou um regresso ao seu país, afirmando-se moçambicano e assim e esteve lá. Foi coisa de pouco tempo. É perguntar-lhe porquê...
É por isso que estes artiguelhos armados ao pingarelho intelectualóide, cheios de referência bibliográficas, ferem a inteligência média do português médio e contribuem para uma "narrativa" falsa, enviesada e ideologicamente marcada do que foi o nosso passado.
Nessa época, no mundo e sobre racismo, Portugal tinha lições a dar. Não a receber fosse de quem fosse. E muito menos dos mentores ideológicos desta gente, os esquerdistas de todos os matizes com pátria no Leste.
Nos EUA de então, no final dos anos sessenta, ainda se esperavam progressos nos "direitos cívicos", apesar de uma população negra bem mais representativa e importante. Nos estados do Sul ainda havia racismo verdadeiro e segregação a sério. Por cá, em Portugal, nunca existiu tal coisa, com essas características que esta gente pretende agora ilustrar a mascoto ideológico, revelando a ignorância de sempre.
Por exemplo, esta imagem do Século Ilustrado de 8 4 1967, que mostra um Cassius Clay ( antes de se trasmudar em Mohamed Ali) bem afirmativo e racista:
O que dirão disto os sociólogos de tretas?