O partido Socialista anda desesperado como o caso Sócrates. Alguns dos seus próceres mais ousados acusam a magistratura das piores malfeitorias contra a liberdade individual de um cidadão que devia ser como os demais e afinal é encarado pelos correlegionários como um indivíduo à parte e de uma casta superior a todas as que sobrelevam o país democrático. Uma completa incongruência constitucional que o PS pratica desde sempre que um dos seus é apanhado na teia judiciária.
Nenhum outro partido em Portugal tem este comportamento indigno para a democracia. Nenhum. O PS afronta directamente o poder judiciário e judicial sempre que vê em perigo o seu feudo de interesses e influência e não recua perante nada porque não existe opinião pública em Portugal que o faça recuar.
O poder judicial acobarda-se, cala-se. fica no seu canto a remoer as ofensas e não tem a dignidade mínima em vir a terreiro defender uma dama que é de todos nós. Afinal isto é uma democracia ou o ersatz? Afinal isto é para fazer de conta ou devia contar muito mais o princípio da separação de poderes, um dos elementos fulcrais dessa democracia e que é posto em risco com estas actuações de um partido sem qualquer vergonha?
Estas duas páginas do jornal i de hoje mostram a completa desvergonha de um partido perdido em pânico de lhe suceder o que sucedeu ao PS italiano: o desmantelamento por triste e má figura democrática, com a condenação à revelia do seu líder, Bettino Craxi. Não foi por acaso que Mário Soares, enquanto presidente da República o foi visitar ao exílio na Tunísia, assegurando a completa inocência do dito. Tal como agora faz com o recluso 44. Soares, apesar de taralhouco, ainda sabe que o combate político pela sobrevivência se faz de mentiras, aldrabices e demagogia, porque foi sempre essa a sua especialidade, mesmo nas bancarrotas que infligiu ao país, com a sua ineptidão para lidar com o mais básico deve e haver.
As figuras de proa são sempre as mesmas, desde o caso Casa Pia...
E afinal qual o motivo para tamanho pânico? É simples e aparece agora nas páginas do Correio da Manhã: a teia de corrupção que se teceu à volta do antigo primeiro-ministro é gigantesca e ameaça o partido. Tão simples como isso.
Esta realidade obriga o Ministério Público a actuar rapidamente e em força, como se estivéssemos perante uma guerra à separação de poderes em que os terroristas já estão bem identificados.
A democracia corre perigo, evidentemente e pela mão dos putativos padrastos da mesma.