Um dos movimentos mais importantes da época era o MES, já por aqui escalpelizado de algum modo, em tempos, sobre vários aspectos.
O MES congregou alguns dos actuais próceres socialistas que se reciclaram no PS depois de verem que não tinham futuro político na utopia comunista.
Não obstante, em Fevereiro de 1975, o M.E.S. era comunista, sem equívoco algum, como afirmava um certo Ribeiro Mendes ( é saber quem é e onde está...) e também era contra as eleições que se realizaram em Abril desse ano.
O MES que apareceu nos meses do PREC era qualquer coisa impressionante, pelo menos no jornal de propaganda, sempre editado em letras épicas, com imagens de dimensão maior que a realidade e proclamações grandiloquentes de palavras de ordem comunista. É muito difícil de compreender as pessoas que acreditaram nisto e agora se afirmam democratas à maneira ocidental...
O MES procurou assim congregar outras forças comunistas à roda de uma fogueira em que se queimaria o hediondo capitalismo português, onde agora alguns deles estão empregados.
Como se pode ler, a "unidade" abrangia várias forças políticas, desde a Luar do progenitor das Mortáguas que ainda continuam a acreditar em gambozinos até á trotskista LCI embrião do futuro Bloco de Esquerda. Foi uma FUR que se lançou então sobre Portugal.
De todas estas forças políticas que acreditavam piamente no objectivo comum de derrubar o capitalismo e aplicar um poder popular sem contemplações para com a social-democracia que agora parecem estimar em modo hipócrita, a que sobreviveu melhor foram os trostkistas. Porquê?
Por uma simples razão: o trotskismo é isto mesmo, ou seja, um modo de adiar confrontos sangrentos enquanto se anda em "Revolução Permanente". Trotski não afeiçoava Lenine e execrava Estaline e por este foi morto. Mas defendia o mesmo que ambos: a revolução marxista que depusesse o sistema capitalista em prol de um mítico operariado explorado por aqueles facínoras fascistas do capitalismo mundial. Francisco Louçã ainda hoje o proclama e o mesmo fazem as mortáguas e catarinas avulsas, embora mais baixinho.
Não o fazem com a mesma linguagem de há 40 anos porque alguns deles nem eram nascidos, mas significam a mesma coisa e querem o mesmo propósito.
Esta noção da realidade e da sociedade não mudou um milímetro, desde há 40 anos.
O que mudou foi a linguagem e a táctica política.
De resto é ver onde páram estes próceres de um comunismo sem fronteiras e frustrados de um PREC que não chegou ao fim. Esta tralha concorreu às eleições de Abril de 1975 e o resultado foi de...1% , não conseguindo sentar ninguém na AR constituinte.
Aliás das outras forças comunistas de esquerda radical só a UDP conseguiu a proeza de lá meter um deputado.
o recorte é do jornal do MES Poder Popular de 3.4.1975
Agora, com o Syriza e o Podemos e ainda outros trotskistas avulsos e amalgamados em comunismo de virafakas e outros tolos, despertam da letargia saudosista e esperam novamente os amanhãs a cantar.
O cantor George Moustaki nessa altura explicava o que era esta utopia: "sans la nommer" era La Révolution Permanente.