sábado, julho 25, 2015

O futuro há 40 anos

Flama de 30 de Maio de 1975. Mais claro que isto não há, para se perceber o que nos preparavam nessa altura aqueles que mandavam no país. Toda a Esquerda, incluindo o PS queria isto que aqui está escrito...


O mais intrigante é que poucas vozes se ouviam claramente em oposição a esta perspectiva, bastando para tal reler os jornais da época, como por exemplo o Expresso. Toda a gente se adaptou ao discurso e todos os partidos, numa Constituinte dominada pela Esquerda se preparavam já para aprovar o que viria a ser o esqueleto ideológico da Constituição aprovada em 1976, dali a um ano.

O ambiente político e social que se vivia há quarenta anos era de autêntico processo revolucionário. Tendo-se já modificado radicalmente as estruturas económicas fundamentais do país  preparava-se o clima  para alcançar o poder político que escapava e que nas eleições do mês anterior ( 25 de Abril de 1975) tinha dado a esmagadora maioria ao PS e ao PSD.
 Estes partidos, no entanto, procuravam adaptar-se ao que aparecia como o sentimento da rua urbana e lisboeta e "cintura industrial" que incluía o de outras cidades do país.
Se não fosse a Igreja Católica e uma maioria de pessoas, do Portugal profundo, apesar de tudo moderadas e que votaram no PS, teríamos caído no que agora se pode assemelhar à Venezuela, ou pior ainda.
E tal nem é contraditório porque o mesmo PS que aplaudia as nacionalizações e se aproximava do modelo económico de planificação centralizada, como era a comunista, não queria ser corrido de cena por um PCP e uma esquerda radical que se lhe pretendia sobrepor politica e socialmente. O caso República e da unicidade sindical, que surgiram nessa altura, são os melhores exemplos de tal.
Este mesmo PS que vivia nesse dilema ainda hoje o experimenta: sendo essencialmente social-democrata recusa a matriz de "direita" que tal implica, na organização económica, mascarando a contradição com certas posições de "esquerda" em assuntos laterais, mantendo o discurso do costume e que foi sempre enganador. É assim que tem conquistado votos ao longo destas décadas.
O PS foi sempre um partido de enganos: para a esquerda comunista e radical nem é preciso lembrar porque é o discurso actual e de sempre, corrente. Para uma direita que nem o chega a ser, é um aliado da esquerda radical sempre que tal lhe sirva propósitos eleitorais. E com isto temos vivido nos últimos 40 anos.

O que o BE e o PS radical de hoje em dia pretendem é repristinar de algum modo o sentimento  perdido dessa esquerda órfã e impedir sempre " a direita" que o é tanto como esse mesmo PS quando está no poder, de tomar o poder e governar.
O combate ao euro ou ao capitalismo alemão ou seja o que for que ponha em causa o status quo existente no modo de produção de bens e serviços que existe na Europa ocidental tem a sua base profunda nessa raiz ideológica que nunca foi abandonada e se baseia nas mesmas frases adaptadas aos tempos actuais e nas mesmíssimas ideias sobre os ricos, os pobres e agora " a dívida" e a "austeridade". Os novos representantes dessa desgraça nacional são outros, tipo gémeas Mortágua, seguidoras dos ensinamentos paternos ou Isabéis Moreira, neste caso bastardas das ideias dos progenitores.
Como se dizia numa peça de teatro da esquerda desse tempo: " e não se pode exterminá-los?"

O que distingue o tempo de agora e o de então é o "aggiornamento" dessa Esquerda que deixou de ser explicitamente marxista e revolucionária e se trasmudou em força integrada na democracia burguesa que rapidamente substituiriam, sob os mais diversos pretextos, logo que aparecessem as contradições escondidas.

A prova? O que aconteceu no referendo da Grécia e que nem sequer foi muito falado por cá: um inquérito oficial aos jornalistas que decidiram apoiar o "sim"...

Questuber! Mais um escândalo!