Na revista francesa La Nouvelle Revue d´Histoire, número de Julho/Agosto, aparece um artigo assinado por Lionel Rondouin sobre "o eterno regresso da dívida", ou seja, das dívidas públicas que os Estados, ao longo dos séculos contraíram para pagar despesas importantes como seja as da guerra.
Conta-se que Carlos V, o imperador espanhol do séc.XVI, endividou de tal modo a coroa espanhola, junto de um certo Jacob Fugger para comprar os votos dos eleitores do Império que o judeu se tornou em "Jacob, o rico" que aliás também terá emprestado ao arcebispo-príncipe de Magdburgo quantias tais que este se viu obrigado a lançar "papel comercial" das bulas de indulgência papal em proveito do tesouro público, abrindo caminho ao aparecimento de Lutero e às "95 teses" da Reforma.
Em duas páginas, a revista de uma direita tranquila e civilizada, explica as dívidas públicas mais recentes.
Sobre o Estado Novo de Salazar, continuado por Marcello Caetano, o autor considera que foi a forretice proverbial desses tempos que conduziu ao 25 de Abril de 1974, o que não deixa de ser uma análise curiosa. Forretice que estava ligada a uma concepção cultural completamente avessa ao endividamento e aos desequilíbrios orçamentais.
Parece que o nosso problema, para além do mais e nesse aspecto, teve a ver com o excesso. Passarmos do oito para o oitenta. Tal como Pedro Soares Martinez dizia. Não tem a ver com pertencermos à União Europeia e integrarmos a moeda única, mas tão somente com os excessos e as maluqueiras socialistas de sempre e que aliás prometem continuar, porque não acreditam nestes valores e só na altura em que a realidade se lhes impõem como uma evidência assustadora, arrepiam caminho. Porém, como são burros velhos não tomam andadura por muito tempo.
A nossa tragédia anunciada, a caminho da quarta bancarrota previsível já estará traçada se forem cumpridas as promessas que andam outra vez por aí.
3 comentários:
Aquela ideia do 25 de Abril acontecer por falta de conforto social e mailo Salazar "bom chefe de família" pareceu-me coisa tolinha.
dizia-se na minha 'falecida' aldeia alentejana
'burro velho não aprende línguas
.. não por ser velho, mas por ser burro'
dos forretas diziam 'sumíticos' em alusão aos semitas ou judeus da zona
era voz corrente a expressão local 'e não só'
« se tenho 10 gasto 5,
se tenho 5 gasto 3,
se tenho 3 gasto 1 »
actualmente
'se tenho 1 gasto 10'
Grécia, Itália, Espanha, França ...
O senso comum devia ser sempre esse: não gastar o que não sabemos se podemos pagar e mesmo com promessas de empréstimos fabulosos, desconfiar de quem nos empresta e salvaguardar sempre a hipótese de algo correr mal.
Foi isso que Salazar e Caetano fizeram sempre.
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