Essencialmente foi um vasto movimento intelectual que acreditava no progresso do espírito humano. Foi esse também a raiz da Esquerda tal como se conhece uma vez que nesse movimento apareceram ideias utópicas sobre a Humanidade e o seu futuro, até se chegar ao paroxismo dos "amanhãs a cantar".
Por causa disso deverá vituperar-se tal movimento como sendo de origem perversa e demoníaca?
Nem tanto, porque tal significaria uma apologia simplista da ignorância redentora e da pobreza salvífica, reconstruindo-se mais uma vez um passado idealizado, sem epidemias de peste, sem fomes negras e sem sistemas feudais para não dizer esclavagistas.
Vituperar o progresso científico, técnico e mesmo social, com a melhoria generalizada das condições de vida do "povo" é, parece-me, cegueira de quem se recusa a ver...a luz.
Para além disso, a Esquerda só apareceu a seguir e este progresso não é património seu mas da Humanidade.
Este artigo da revista Les cahiers Science&Vie de Abril 2015 mostra um resumo do que foi o Iluminismo na Europa, incluindo Portugal pós terramoto. Ora quem se distinguiu neste movimento? França, Inglaterra e Alemanha.
47 comentários:
http://www.osburgueses.net/consulta/index.html
José...para que nunca lhe falte material para escrever
Nuno
Embora o José tenha razão ao afirmar que as ideias de Esquerda se desenvolveram com o Iluminismo, é necessário recordar que a génese do pensamento de Esquerda - ex: mudar a natureza humana, uma elite de "sábios" a controlar o resto da humanidade ignorante, uma sociedade idealizada de acordo com um plano mental utópico - vinha da Antiguidade Clássica e foi formulada por Platão na «República».
Sobre Filosofia faltam-me estudos e por isso não discuto.
Contudo, a ideia de sábios a controlar o resto da humanidade não é ideia iluminista porque esta preferia a noção democrática da divulgação do saber e dos seus benefícios.
Parece-me bem melhor.
A questão essencial, tanto quanto me apercebo, é de se acreditar mais na razão ( iluministas) ou mais na fé ( anti-iluministas).
Em modo simplista é isso.
o iluminismo recuperou Platão
o 1º comunista grego,
como já aqui disse
recuperou ideias medievais e renascentistas
o progresso não é linear, faz-se por saltos tipo quânticos
procurava-se ultrapassar a escuridão divina
o desacordo continua sobre a ideia de 'pugresso'
deixei de comprar a S&V quando esta há 20 anos foi tomada de assalto pelos astrónomos
A S&V já compro há mais de 40 anos. Quando sai um número que me interessa, compro. Tenho dezenas e dezenas...e julgo que o primeiro número que comprei será de 1973. Em 1976 publicaram um número especial sobre Haute Fidelité que é um assunto que me interessa demasiado e que não me cansa de ler coisas sobre. Em inglês e amaricano. Menos em alemão que não sei, para grande vergonha por não ter aprendido quando devia.
Tal como em várias matérias sou um audiófilo empedernido e isolado porque não conheço ninguém que tenha os mesmos gostos e exigências sónicas.
vou ouvir Sirtaki porqe Mikos faz hoje 90
e Moustaki em sans la nommer (la révolution permanente)
habituei-me a ouvir gramofone onde os discos giravam com agulhas de coser sacas
depois numa telefonia Telefunken hitleriana
actualmente só oiço no youtube
S&V comprei há uns 10 anos um número sobre droga.
experimentavam-se vacinas
a droga interessa para desenvolver a construsson sibil
e outras lavagens
os governantes por esse mundo fora conhecem o problema melhor que eu
fui obrigado a falar e escrever outras língua.
assunto que sempre detestei
o russo e alemão vieram devido ao gosto pelas declinações latinas
ainda traduzo algumas palavras de russo para além de pravda, tovarich
pagamos a factura de não ter aproveitado Gorbachev
Iluminismo é a partir do século XVIII e o termo, sendo usado por Kant que seguiu Dubos, o primeiro a usar o termo, ainda hoje me intriga e não sei se não virá dos illuminati.
Porque a teoria do lumen já tinha sido formulada na escola de Saint Victor- as victorines. Era também a metafísica da luz.
Mas com o Kant e o Newton associa-se à toda poderosa Razão Científica e perde a riqueza e complexidade que tinha antes, na tradição do logos.
Com isso o critério de Verdade passa a ser científico e a religião é progressivamente separada dela.
Quanto ao Platão, toda a gente diz isso, acho que se tornou vox populi mas nada tem a ver com a proposta de igualdade e fim da História e das classes que Marx teorizou.
Nem sequer tem a ver com nenhuma experiência socialista feita em França ou Inglaterra.
A menos que se diga que os apparatchik já faziam parte do ideal ou que a igualdade e ausência de propriedade só é possível numa casta dirigente.
Há uma natural reactiva não contra o avanço natural das coisas, em que o iluminismo se inscreve, mas contra os dogmas que o iluminismo também trouxe.
Eles também citam o Dubos. Isso sabe-se mas porquê. Iluminismo porque significa a luz da Razão?
Mas isso não era novidade. Toda a teoria da luz já existe na Idade Média. Sem ela nem se entendia as catedrais e o espírito da iluminação.
E também não se entendia a importância do oposto- da escuridão que permite a contemplati- o ver interior.
E é esse percurso que está na poesia belíssima dos beatos- de S. juan de La Cruz ou de Santa Teresa de Ávila.
Essa ideia sobre os illuminati é a primeira teoria de conspiração, segundo a revista.
Amanhã coloco a "contra-luz"...
Aquésta me guïaba
más cierta que la luz del mediodía,
adonde me esperaba
quien yo bien me sabía,
en parte donde nadie parecía.
¡Oh noche que me guiaste!,
¡oh noche amable más que el alborada!,
¡oh noche que juntaste
amado con amada,
amada en el amado transformada!
Segundo a revista a ideia de iluminismo replicou-se na Itália e noutros países, com tradução literal do conceito.
Eles dizem isso?
Eu nunca li nenhuma explicação do termo.
Lembrei-me que poderia vir dos allumbrados, dos iluminados porque coincide com o seu aparecimento.
Mas até perguntei ao Dragão que nunca me respondeu.
O Cassirer também não chega lá.
No entanto, nas teorias da conspiração. ninguém faz ligação entre os illuminati e o iluminismo, no sentido que Kant lhe imprimiu.
Fala-se sempre das duas coisas mas totalmente separadas.
Eu tenho dúvidas no sentido em que a teoria da iluminação é muitíssimo anterior.
O Deísmo é mais ou menos isso. Há o tal neoplatonismo que mistura tudo.
O que eu gostava de saber é see o próprio Kant tinha noçãodisso e porque é que se lembrou de cunhar essas características da audácia do pensamento e do saber, por iluminismo.
Do conceito de Kant?
Tenho ideia que sim. Mas de onde vem ele. E o Dubos fala nisso porquê?
No artigo escreve-se que a primeira vez que o termo foi usado, foi-o em 1733 por Dubos e pegou de estaca.
O Descartes era. Aliás, há uma maneira de ainda hoje se comprovar- todo o maçónico teve de ler os teóricos e eles lêem Descartes.
No artigo escreve-se que a primeira vez que o termo foi usado, foi-o em 1733 por Dubos e pegou de estaca.
O Kant veio mais tarde a usar o termo.
Eram todos, a bem dizer- a começar pelo Newton e por toda aquela academia de ciências inlgesa.
O Swift sabia e por isso se fartou de gozar com essas modas no delicioso conto de um tonel.
Sim, Toda a gente diz isso. Sabe-se que foi o Dubos o primeiro a usar a palavra.
mas não o conceito de iluminação como forma de chegar à verdade.
Essa é medieval e fazia parte das teorias de luz da escola das victorines e de Dinis o Areopagita.
e ainda antes já a Hildegarde de Bingen teorizava o mesmo.
E o Grosseteste explica o início do mundo pelo lumen da mesma maneira- agora até andam cientistas a estudá-lo.
O que muda é a direcção dessa luz.
A luz levava a uma Verdade que era transcendente e vai passar a levar a uma certeza que é científica, material e verificável.
No artigo cita-se Dubos que escreveu em 1733: " a perfeição a que elevamos a arte de raciocinar que nos permitiu tantas descobertas nas ciências naturais é uma fonte fecunda de novas luzes".
"Eu sou a Luz,a Verdade e a Vida" é uma frase de Jesus Cristo que aparece no Evangelho
Sim, o Kant terá ido buscar o termo ao Dubos mas não era papagaio e deve ter pensado em mais.
Porque ele liberta o conhecimento racional das grilhetas da transcendência. Separa o transcendente do transcendental.
O transcendente deixa de ser acessível do mesmo modo que o que é acessível cientificamente e pela lógica.
Eu estou convencida que pegou de estaca e eu própria repetia até me dar para fazer a pergunta.
e foi há pouco tempo.
Porque desconfiei dadas as ligações anteriores à teoria do lumen e depois as coevas aos illuminati.
Não será esse conceito de Luz algo transversal a uma linguagem comum em muitas épocas?
Pois é, José.
toda a teoria da luz divina é decalcada para a racional e científica. Mas sem transcendência nem metafísica.
Penso que sim mas a definição dele como uma síntese de uma ousadia de uma época é do Kant.
Os illuminati também escolhem o termo e não é para copiarem o iluminismo filosófico.
Ou seja, andam todos a falar do mesmo mas de modo que separa do passado medieval e do sentido de revelação divina.
O sentido que é dado pelos illuminati será esotérico mas integrado no conceito global do que professam.
O Iluminismo racional que advém dos pensadores do séc XVIII tem significa diverso do sentido que lhe dá a religião cuja noção de Luz divina é transcendente e pouco tem a ver com o racional, ao contrário do que defendem os iluministas que lhe emprestam o significado mais profano e científico de avanço em direcção ao esclarecimento dos mistérios da matéria.
em agosto de 77 fui em peregrinação a Elêusis como se participasse nos Mistérios
queria compreender o motivo porque se perguntava aos 'mistes'
'que mais desejas?' e estes respondiam 'a Luz!'
esta é a última pergunta feita a um profano (em frente do templo) na iniciação maçónica
o meu ex-libris inclui
'a Luz vem do Oriente'
esta está sempre presente nas catedrais góticas, como mencionou Zazie
Chartres é um excelente exemplo
os iluminados da Baviera não me parecem ter algo a ver com a Luz
para mim o problema centra-se na Razão ao excluir a fé
criaram-se novos dogmas recuperados de diversas torneiras
Platão era bisavò do Tsipras e do Varufakis e outros
para eles nunca passarei de meteco
kant
"O iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma tutelagem que estes mesmos se impuseram a si. Tutelados são aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria tutelagem quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão!
o meu post de hoje é sobre Voltaire
a luz das catedrais da Europa central
difere da que encontramos em Itália, Espanha e Portugal (Batalha, Jerónimos) por serem
países ensolarados
os grupos folclóricos a que hoje chamam maçonaria
nada têm em comum com a do séc xix, por estas serem o embrião dos partidos politicos
mudámos de dogmas e moscas
Pois é Floribundus.
Está a confirmar a minha suspeita.
E há outro detalhe.
Se era apenas uma questão da evolução do conhecimento racional, do saber, então porque é que o termo só aparece no século XVIII?
Vão-me dizer que antes de 1733 se vivia na Idade Média?
A Ciência Moderna já existia; o dito renascimento e conhecimento experimental é do século XVI.
Não faz sentido tudo isso passar a ser referido apenas a partir de meados do século XVIII, altura em que há grande recrudescimento de uma série de seitas de iluminados.
Mas o sentido de saber pela luz era racional, não era apenas místico e a escola de Saint Vitor é a melhor prova.
O racionalismo foi desenvolvido a partir da escolástica. Não foi contra ela.
O Hogarth deve ser um dos primeiros artistas que pertenceu à maçonaria e saiu e depois brincou com tudo aquilo.
Sempre que se refere a essas variadas seitas, põe-lhes a tal aura em redor
http://freemasonry.bcy.ca/anti-masonry/gormogons.html
E aqui, a loja a que ele pertenceu:
https://ebooks.adelaide.edu.au/h/hogarth/william/trusler/plates/night.jpg
E depois, o ambiente intelectual na Alemanha, nessa altura, era também ele todo maçónico.
O Goethe, Lessing, Fichte, etc, eram todos maçónicos.
Não sei se o Kant andou por lá mas tudo o que ele diz no texto "o que é o iluminismo" não está nada muito longe dessa ideia anti-dogmática propagada pela maçonaria.
Mas esta minha dúvida é uma grande heresia.
Ninguém de filosofia admite a menor ligação entre uma coisa que é séria e outras que o não são.
No entanto, muitas vezes sem se perceber por onde os "sérios" andaram, não se topa nada.
O hegelianismo, por exemplo, é tudinho iluminado eheheh
Cara Zazie
chegámos à mesma conclusão por caminhos diferentes:
a Idade Média vem desde Adão
não me importava de ter vivido nesta idade
a razão e o desenvolvimento nunca tiveram parados
os iluminados até descobriram a roda
agora divirtam-se em
Estado sentido
'vilanela para a assembleia destituinte'
que termina
« ninguém nos inspira um sorriso
outro sinal claro de saturação
a manada segue tilintando o guizo
mais um dia à espera da destruição. »
Pois foi, Floribundus, por razões diferentes chegámos ao mesmo.
“Vão-me dizer que antes de 1733 se vivia na Idade Média?
A Ciência Moderna já existia; o dito renascimento e conhecimento experimental é do século XVI.” [Zazie]
Século XVI? A que raio está a chamar “Ciência Moderna”? E “conhecimento experimental”?
Deixo alguns nomes de inventores/cientistas associados ao que considero ser conhecimento baseado na experimentação:
Leonardo Da Vinci – Século XV (entre muitas outras coisas) – Inventor. Deixou estudos importantes na área da Física (principalmente os relacionados com aeronáutica e balística).
Roger Bacon (mais conhecido por Doctor Mirabilis) – Século XIII – É considerado o pai do Método Científico, popularizado 400 anos depois por René Descartes. Deixou estudos importantes na área da Física (sobretudo, óptica e mecânica) e da Química.
Rasis – Século IX – Mais concretamente, Abú Bakar Muhammad Ibn Zakarya Al-Rázi (não sei bem se é assim que se escreve). - Deixou vários estudos na área da Medicina e da Química, é-lhe atribuído o uso pioneiro do etanol na Medicina, bem como a mais antiga discrição separada do Sarampo e da Varíola (que na época se pensava ser a mesma doença).
Geber – Século VIII – Mais concretamente, Abu Musa Jabir Ibn Hayan. - Um dos grandes químicos da época. Aperfeiçoou o alambique (usado para destilação) já conhecido dos antigos egípcios. Terá inventado o ácido sulfúrico, o ácido clorídrico e o ácido nítrico (ou, no mínimo, uma mistura dos dois últimos conhecida por “água régia”, líquido alaranjado capaz de dissolver o ouro e a platina.
Arquimedes – Século III a. C. – Físico e Inventor. Foi pioneiro no estudo da densidade. O Princípio de Arquimedes (com mais de 2250 anos) é uma das mais antigas Leis da Física.
Eratóstenes – Século III a. C. – Matemático e Geógrafo – Foi o primeiro a medir com (impressionante aproximação ao valor actualmente usado) o perímetro da Terra.
Tales – Século VI a. C. – Matemático e Engenheiro (é considerado um os sete sábios gregos). Criador do Teorema com o seu nome (aplicável a triângulos semelhantes) calculava a altura de edifícios e a distância a que os barcos estavam da praia, usando razões de semelhança.
Dezenas de outros nomes podem ser elencados nos últimos 2600 anos. Mas antes disso, muitas outras invenções (que de tão antigas se perdem na memória da humanidade e são difíceis de atribuir a alguém) se devem à experimentação sistemática, como a obtenção dos cristais de açúcar (com quase 3000 anos) as bebidas "brancas" (com cerca de 3500 anos) a fundição de metais, a obtenção de sal de cozinha, ou o fabrico da cerveja (provavelmente obtidos pelas primeiras civilizações, há mais de 5500 anos).
Portanto, em relação a isto, a conclusão é a mesma que tiram abaixo (Zazie e Floribundos) a Ciência Experimental também vem de Adão.
Sim.
Está a confirmar o que eu disse.
Não faz sentido só existir conhecimento científico a partir da Revolução Francesa.
Chamaram-lhe luzes e iluminismo por outro motivo mas não tenho provas. Apenas um feeling.
Além do mais, o terno aparece por Kant e ele não podia estar a fazer o balanço civilizacional que nos fazemos por retrospectiva.
De todo o modo é a partir das Descobertas que a verificação experimental é possível e o conhecimento se expande como nunca se tinha expandido antes.
É por isso que se diz que a Idade Moderna começa com os Descobrimentos.
Ora isso não sucede em mil setecentos e tantos.
Mas a questão nem é essa. É a centralização do homem com o mundo a girar em volta. É essa emancipação em relação ao "rebanho de Deus" que é a tónica para o laicismo.
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