domingo, junho 18, 2017
A informação que temos
Observador:
O secretário de Estado Jorge Gomes explicou esta manhã que, entre os mortos, “uns tiveram o azar de serem apanhados pelo fogo, outros morreram por inalação de fumo quando observavam o fogo“. Foram encontrados 30 mortos dentro de viaturas, 17 pessoas fora de viaturas ou nas margens da estrada nacional 236 (que liga ao IC8) e, ainda, 11 pessoas em zonas rurais, explicou Jorge Gomes. Numa declaração posterior, pelas 12h, Jorge Gomes fez um apelo às pessoas para situações como esta: “não venham ver os fogos para a rua”.
Sapo:
Foi como se esperava um noite que parecia nunca mais acabar. Depois de duas horas de reunião no Comando Nacional de Operações de Socorro da Autoridade Nacional de Protecção Civil, em Oeiras, o primeiro-ministro António Costa voltou a falar aos jornalistas para dar conta que o incêndio em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, terá sido causado por trovoadas secas e que as vítimas estavam todas numa única estrada ou nas suas imediações. Em declarações aos jornalistas, António Costa, considerou que "é prematuro tirar ilações" sobre o que aconteceu.
Questionado sobre o que terá causado tantas vítimas mortais, respondeu: "Neste momento é obviamente prematuro tirar ilações sobre o que terá acontecido naquele local. Algo de muito especial aconteceu, seguramente, pela dimensão das vítimas que teve. Neste momento, a Polícia Judiciária (PJ) está já no local, a quem compete a investigação, com o apoio da Guarda Nacional Republicana (GNR).
O que é que eu ( e como eu milhares e milhares de pessoas) gostava de saber sobre isto e andei a procurar no Google Earth? Isto que ninguém se deu ao cuidado de publicar com meia dúzia de clics:determinar com precisão a via que foi indicada como sendo o local da tragédia, a EN236 que liga Figueiró dos Vinhos a Castanheira de Pera.
Como a tragédia mais grave ocorreu numa via secundário que liga ao IC8 o mínimo seria informar qual a via, exactamente, e onde tal sucedeu ( o Observador ainda escreve que foi na EN 236 que liga ao IC8, mas nada mais).
Não ocorre a estas pessoas que se dedicam profissionalmente a esta tarefa, pensar nisso? Não lhes ocorre pessoalmente quererem saber onde é que a tragédia inusitada ( vários carros com pessoas dentro serem apanhadas por uma revoada de fogo incontrolável e não poderem escapar para lado nenhum)?
Não sei, mas julgo que deve haver uma explicação.
Outro assunto: na tragédia da Ponte-entre-os-Rios o então ministro Jorge Coelhor demitiu-se com o fragor da queda por suposta assunção de uma responsabilidade que eventualmente nem lhe caberia.
Deu-lhe muito jeito naquela altura e saiu em ombros de respeitabilidade postiça.
E agora? No pasa nada porque os responsáveis não se sentem responsáveis. Sabendo que o fogo terá começado por causas naturais e acidentais ( trovoada seca?) as causas próximas da tragédia estão encontradas: densidade arbórea estupenda e descuidada nas ladeiras das vias rodoviárias em causa. A responsabilidade é evidentemente de quem governa.
Não há demissões para aplacar a ira dos deuses do politicamente conveniente?
Agora, cerca das 14:00 as tv´s mostram a estrada e os carros carbonizados. Ouvi um dos repórteres dizer que foi na estrada entre Figueiró dos Vinhos e Castanheira de Pera, mas nada mais. Nem tentaram perceber de que lado vinham os carros e se iam todos na mesma direcção ou o número aproximado de carros apanhados nessas circunstâncias ( menos de uma dúzia, eventualmente).
Nada de concreto ou de curiosidade acrescida. Estes repórteres são do género mangadalpaca.
Que tristeza de país, de tv´s , de informação que é mais de espectáculo e de povo que se conforma com tal estado de coisas.
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