segunda-feira, junho 12, 2017

Os jornais e os regimes




Este livro de Gonçalo Pereira Rosa, "docente e investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Univ. Católica" saiu agora  e vale a pena ler.

É uma recolha de vários episódios, ao longo de mais de cem anos sobre os jornais e a respectiva interacção com os regimes políticos, com destaque, naturalmente para o Estado Novo e o que se seguiu, Estado Social de Marcello Caetano.

O autor não distingue, é tudo fassismo, seguindo o mantra que a Esquerda inventou há um pouco mais de 40 anos. O título é um nojo que pega numa história de uma gaffe de um jornalista do DN em Outubro de 1960 (António Valdemar, ainda estagiário redige uma notícia necrológica em que identifica um inspector da PIDE, como tendo falecido quando na verdade tinha sido um primo do mesmo) e procura capitalizar no interesse parolo do passante de escaparate que fica alertado mais uma vez para a temível PIDE...
Tem um prefácio de Balsemão, que até 1971 foi administrador do jornal Diário Popular, por conta do tio ( e do pai que tinha lá 16,6% de quota que o mesmo depois herdou) e foi sem dúvida um dos melhores jornais portugueses de sempre, apesar de enleado no esquerdismo oposicionista ao regime, como quase todos os jornais da época, com algumas, raras, excepções ( Diário da Manhã, por exemplo). Os nomes mais citados no livro, a este propósito, são Baptista-Bastos e Jacinto Baptista, redactor do jornal e coordenador do magnífico suplemento Quinta-Feira à Tarde que aqui tenho mostrado algumas vezes. Conta ainda histórias de outros jornalistas e de outros jornais do mundo paroquial de Lisboa e arredores, no quarteirão do Bairro Alto.

O livro conta histórias do fassismo, da PIDE, da Censura, particularmente e merece essa leitura atenta para se perceber até que ponto o regime de Salazar/Caetano estava minado por dentro e por fora, pela esquerda intelectual, logo que chegou a 1974. A culpa? A Censura, particularmente.

Os episódios contados chegam ao ponto de mostrar que até um jornal sem aparentes ligações esquerdistas como era o Primeiro de Janeiro, do Porto, estar inquinado pelo espírito reviralhista.




Questuber! Mais um escândalo!