sexta-feira, junho 23, 2017

O verdadeiro, o falso e o quase-verdadeiro

Nem de propósito, à hora de almoço, pouco tempo antes de colocar o postal que antecede, enebriado pela convicção de que se tratava de um scoop, comprei uma revista francesa no quiosque,  com o título Papiers. E um dos temas: O verdadeiro, o falso e o quase-verdadeiro.

Se tivesse lido o artigo talvez pensasse duas vezes antes de publicar o postal. Assim, inês é morta.

Mas vale a pena reflectir sobre os perigos da precipitação de raciocínio, o erro e a falsidade inerente a conjecturas falsas. É isso aliás que nos ensina melhor o livro de Umberto Eco, O Nome da Rosa. É preciso muito cuidado com a aparência da verdade porque por vezes anda ao lado da mentira, ou até tende a sobrepor-se-lhe.
Nestes casos de investigação de factos e realidades é preciso atender aos pormenores e conjugar todos os factores plausíveis e possíveis e mesmo assim propícios ao erro. Só um grande exercício de  humildade pode ultrapassar essa tentação.

A internet ao mesmo tempo que nos dá uma quantidade fabulosa de informação traz-nos também uma carrada de desinformação e erro. E é preciso mesmo bastante atenção para não cairmos na ilusão do real, afinal decepcionante e desvirtuado.

No artigo aparece um dos intervenientes- Gérald Bonner a dizer, citando dois psicólogos que somos "avaros cognitivos" ou seja tendemos a procurar uma forma de conforto relativamente à verdade que procuramos transmitir  de modo a coincidir com a representação que fazemos daquilo que será a procura de informação. E pela conquista da atenção de quem lê.
Aqui não procuro tal coisa, mas não estou alheio a tentar comunicar o que me impressiona, como um modo de conforto relativamente à verdade.

Há por isso um perigo em quem leia o que aqui se escreve. Estejam atentos! Não acreditem em tudo e questionem tudo. Procurarei fazer o mesmo porque sou o principal interessado nesse "conforto".


3 comentários:

muja disse...

Espero que só a tenha comprado pela aparência.

É evidente para quem tenha dois dedos de testa que quem distorce e sempre distorceu a verdade foram os media ditos de referência.

Basta considerar uma palavrinha que salta logo à vista, em bárbaro e tudo - fact checking - que encerra e simboliza toda a arrogância do pensamento dessa classe irresponsável.

O fact-checking é para os outros, os de fora. Não se aplica aos da classe.

Há muito que o jornalismo deixou de ser ofício - hoje em dia é somente privilégio.

No bárbaro que tanto apreciam:

Terminate with maximum prejudice and good riddance.

Tanto quanto me é dado ver, os únicos jornalistas que praticam o ofício em vez de exercerem o privilégio são, hoje em dia, todos independentes e fazem-no a custas próprias.

muja disse...

Bastou-me ler mais duas frases, ao acaso:

C'est parfois agaçant que l'on nous renvoie cet amalgame, «les journalistes». Assimiler ainsi les médias ne fait que les desservir. Cette confusion est pratiquée notamment para l'extrême droite, et nous savons ce qu'il y a derrière;

Faz lembrar um outro choraminganço típico de outro grupo que, aliás, nunca andou muito afastado destas lides e pode muito bem corresponder verdadeiramente ao dono na frase - a voz do dono.

Para se ver qual, basta substituir "les journalistes" por outro termo, por exemplo, "les gitanes" ou assim...

Floribundus disse...

os jornalistas de esquerda não passam de jagunços
ao serviço do
antónio das mortes

O Público activista e relapso