Artigo de Euclides Dâmaso na Sábado de hoje, sobre o recente reforço legislativo para "combater a corrupção" e que se prefigura como mais um tiro de pólvora seca. Ou então, numa paráfrase, o poema de Natália Correia- "queixa das almas jovens censuradas", tal como cantado por José Mário Branco no disco de 1971, Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades.
O artigo, sibilino qb na medida em que a queixa é auto-censurada pela omissão de nomes que emperram de facto a exigência de clareza naquela combate legislativo ao fenómeno cujo exemplo mais recente é o de Manuel Pinho:
Portanto, os poetas de antanho tinham a estranha mania de nos darem este tipo de poesia que servia para tudo, num jogo de palavras rimadas com alusões fantásticas para espicaçar a curiosidade do bizarro e inesperado.
"Dão o nome e um jornal/um avião e um violino/mas não nos dão o animal/que espeta os cornos no destino"...
Pois não davam, de facto. Era preciso apanhá-lo. Ter a coragem de o agarrar, com esforço, trabalho e labor persistente. Portanto, o "animal" não poderia ser dado. A liberdade poética deixa de ter força e arrasta consigo a impotência do gesto vão e da estética vazia.
É isso que também falta no escrito de Euclides Dâmaso, como aliás nos inúmeros e repetidos escritos avulsos de uma Maria José Morgado. Nunca nos dão, já não digo o "animal", mas sequer os "nomes da rosa". Era preciso coragem para tal, percebe-se. Mas então...o gesto será igualmente impotente e a estética vazia.
E por falar em rosa aqui fica esta sequência de lindas fotos para "mais tarde recordar", também publicadas na Sábado de hoje.
Este indivíduo é que anda há muito a espetar os cornos no destino particular dos que aparecem inominados no escrito supra. E não é animal, mesmo no sentido poético. É apenas o que se vê.
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