domingo, dezembro 26, 2021

1971 não foi igual para todos-2ª parte

 Em  meados do ano publiquei uma resenha do que foi para mim o ano de 1971 em modo musical, até essa altura.

Chegou a altura de completar o quadro desse ano que já conta 50 e que marcou de modo assinalável a vida de muitas pessoas, pelos acontecimentos singulares, mormente na música popular. 

Em 2016 um crítico musical inglês, David Hepworth publicou até um livro sobre esse ano no campo da música popular e intitulou-o "Never a dull moment", considerando-o mesmo o "ano dourado" do rock.


Considerando a quantidade e qualidade das obras publicadas nesse ano e elencadas no mesmo livro, talvez não esteja longe da verdade:



Qual seria hoje o disco que guardaria se apenas pudesse ter um único? Pois é uma escolha difícil mas talvez Surf´s Up, dos Beach Boys e que era disco que na altura nem conhecia. Ou outro que nem aparece aqui na lista e que também não conhecia na época: Pawn Hearts dos Van der Graaf Generator. A seguir? Talvez o IV dos Led Zeppelin ou Sticky Fingers, dos Rolling Stones ou Teaser and the firecat de Cat Stevens ou o dos Moody Blues, ou...ou...enfim vários que dão a dimensão da riqueza musical que então se produziu e que ainda perdura. 
A oferta estava então disponível em Portugal, como se mostra neste anúncio da Mundo da Canção de final de Dezembro desse ano e que mostrava os singles de sucesso porque em Portugal nessa época ainda eram os singles que dominavam tal panorama: 


Comparando com o que se vendia lá fora, até nem estava mal...como se mostra numa página semelhante da revista Rock & Folk de Novembro desse ano:


A edição de Dezembro desse ano:


O editorial dava conta do espírito da época: já esquerdista e revolucionário qb, embora ainda apenas inconformista e contido pela censura.
 

E o resto, ou seja, como era o ambiente geral no país, há 50 anos? Numa reportagem jornalística no Diário Popular de 31.12.1971 eram ouvidos alguns jovens que agora estão na minha faixa etária...







As revistas tinham esta capa e tratavam de alguns assuntos interessantes: 

Vida Mundial: 


E a notícia sobre as primeiras escolas superiores de jornalismo...


Observador, o original, com uma referência nas cartas do Observador observado" à carência de mão de obra agrícola no Alentejo:




Na R&T uma referência aos espectáculos de final do ano ( esqueci referir que a figura sentada é Vítor Mendes, o pai do actual apresentador do Preço Certo):



A programação da tv no dia de hoje, precisamente um Domingo:


O programa preferido? Este, a série do Olho Vivo:
 

E uma apreciação crítica de um single de Bob Dylan- George Jackson- que mostra como Teresa Botelho lia bem as revistas de música americanas...e escutava a música que por cá nem aparecia facilmente ( quem é que conhecia os Hot Tuna, de Jorma Kaukonen?), numa crónica extraordinária que nem se percebe como aparecia nesta revista e não na Mundo da Canção ou no Disco, música e moda, as únicas publicações relevantes da época, na especialidade ( o Musicalíssimo de Vítor Direito apareceria no ano seguinte). 



Sem comentários:

O Público activista e relapso