O Diário de Notícias de hoje traz uma entrevista com Benoît Mouchart, responsável da bd, na editora Casterman. Em dado momento fala num editor português do Tintin, com quem Hergé se correspondeu e de quem recebeu víveres, no tempo da II guerra, durante a ocupação alemã ( da Bélgica...porque Hergé vivia por lá...).
Sendo uma entrevista não teria por aí muito interesse dizer ao indivíduo que o tal editor tinha sido Adolfo Simões Müller, mas ao leitor nacional da entrevista já faria todo o sentido e tal informação foi omitida.
A entrevista aparece a propósito do lançamento do álbum Tintin no país dos Sovietes, obra primitiva de Hergée que tem um interesse muito relativo, (mesmo agora a cores), sendo o maior o facto de retratar aspectos do estalinismo antes de Soljenitsine o fazer.
Assim, aqui vai:
A história do tal editor apareceu no Jornal de Letras de 16.3.1987, contada pelo próprio:
Há uns anos, em 2012, a Casterman, em colaboração com a empresa que gere o património de Hergé lançou em album a aventura em causa e a edição actual é outra, agora ilustrada a cores.
Nesse album de 2012, entre outras curiosidades ilustradas antes e depois da história propriamente dita, há a do aparecimento de Hergé e do Tintin. Foi um padre católico que então dirigia o jornal Le Vingtiéme Siècle, em cujo suplemento infantil surgiu o Tintin e a aventura em causa.
Como se pode ler, correu mal a vida ao padre, por causa das suas posições políticas, demasiado conservadoras. O comunismo não perdoou. Afinal, Soljenitsine, nessa altura provavelmente já tinha sido preso...
Esta história o DN não conta. Faz como aqueles que Michel Onfray cataloga no seu livro sobre os "autos-de-fé": censura.
Aliás quem quiser saber como é que o Tintin surgiu em Portugal e quando, basta
clicar aqui e ver estas imagens de O Papagaio.
O nº 51, de 2.4.1936 publicava pela primeira vez e a cores, em Portugal, a imagem de Tintin ( ou Tim-Tim, como Simões Müller traduziu). Por uma vez fomos precursores nestas coisas:
E no nº 53 de 16.4.1936 aparecia a primeira história, de Tim-Tim na América do Norte:
E também se
poderá ver a passagem de O Papagaio para O Diabrete, sob a mesma batuta de Adolfo Simões Müller, em Março de 1949:
Ou seja, a internet destronou os media tradicionais no modo de contar e ilustrar estas histórias...como
aqui se comprova. Porém, nem assim, com todas estas ajudas, os media tradicionais informam melhor...
Sem comentários:
Enviar um comentário