Desta vez, a sorte calhou a um antigo membro de um grupo de rock desaparecido em 1977 num acidente de aviação nos EUA. O artigo do Público poderia ter sido escrito por um robot do género que já existe e a novidade teria vindo através do facebook, o que condiz.
Portanto, o falecido Gary Rossington era um guitarrista do grupo Lynyrd Skynyrd, aliás a "última chama viva dos fundadores do grupo". Uma chama viva onde quer que viva e que deixou de viver, agora, enquanto os demais fundadores se apagaram há muito.
Quando? Diz que foi em 1977, quando morreram três elementos num acidente de aviação e que só podem ter sido co-fundadores do grupo, uma vez que este Rossington era "a última chama viva" de todos eles. "Burning flame"...não está mal escolhido como símbolo de mau gosto na escrita, mas o ChatGPT pode não ter culpa.
E porquê? O artigo não explica mas pode sempre buscar-se informação noutros lados, mormente da época. Assim:
O grupo Lynyrd Skynyrd nos escassos anos que durou, de 1973 a 1977, enquanto formação integral, publicou os primeiros seis discos aqui assinalados na imagem, sendo cinco de estúdio e um ao vivo, o penúltimo que publicaram, no final de 1976 e que tem a capa com o verde como cor dominante:
Depois desse publicaram o que tem a capa com fotografia em duplicado embora noutra pose e um exemplar apresenta "chamas vivas" enquanto no outro estas foram extintas. E percebe-se porquê, lendo o artigo da Rolling Stone de 1 de Dezembro de 1977 e que parece revista consultada para escrever o artigo. Contudo, a revista não está toda "online" e daí...é preciso ir ler o original.
Conforme diz o artigo, no dia 20 de Outubro de 1977 houve o acidente de aviação e dos 26 ocupantes, morreram seis, incluindo três membros do grupo, aliás dos mais importantes: o vocalista Ronnie van Zant; um guitarrista, Steve Gaines e uma irmã deste, Cassie, cantora no grupo.
Portanto, ficaram sobreviventes do grupo que depois continuaram a tocar em bandas, incluindo a reformação do grupo dez anos depois, com o agora falecido Rossington. Tudo isto pode ser lido na wikipedia.
E também vem lá a explicação para as duas capas do mesmo disco, o último, Street Survivors, lançado semanas antes do acidente e com a imagem flamejante e de "chamas vivas".
Por isso é que exemplares do disco, com as chamas, sobraram porque se venderam milhares e milhares. Não obstante, a editora mudou logo a capa, produzindo a que se pode ver na foto acima, logo a seguir ao acidente. Nem sei qual será a versão original mais rara, se a com chamas ou a que as não tem.
Por isso a publicidade ao disco foi assim na Rolling Stone de 29 de Dezembro de 1977. Mas isto não se apanha na wikipedia. Nem sequer no ChatGPT...
O artigo também transborda de bom gosto quando se escreve que um "dos seus maiores, se não maior êxito a bordo" foi "Free Bird" do primeiro disco. A "bordo", pois...
Talvez seja verdade quanto ao sucesso desse tema, mas o disco também tem "Tuesday´s Gone" que não lhe fica atrás e constituiu um sucesso no disco ao vivo, apesar da duração de mais de sete minutos.
Foi com esse disco que tomei conhecimento do grupo, no final de 1976 através de um artigo da revista Creem:
Lá vinha uma canção que falava de Neil Young e me intrigava, apesar de ser uma maravilha de composição pop/rock. Soube depois que Sweet home Alabama, do segundo disco do grupo, se referia ao cantor que já conhecia por causa de uma canção deste último, Southern Man que mencionava determinados aspectos sulistas da América do tempo da guerra civil, ainda viva nessa região e principalmente dos tempos da actualidade de então, de final dos sessenta e dos problemas que ainda permanecem na sociedade americana.
De resto nesse número da Rolling Stone vem o retrato do principal mentor do grupo, falecido no acidente e que mostrava o que pensava para as suas canções e estilo:
Dos cinco discos em estúdio vale a pena escutar os dois primeiros e o último, precisamente Street Survivors, com um rock apelidado de sulista e que a revista Guitar Legends de 2008 catalogou incluindo o principal grupo do género, os Allman Brothers dos irmãos Duane e Greg, já falecidos, aquele logo em 1971 e que apesar disso marcou o estilo do grupo, particularmente no disco ao vivo no Fillmore.
Os Lynyrd tinham as suas idiossincrasias, para dizer o menos...
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