Observador:
Francisca Van Dunem é a ministra deste Governo com mais poupanças. Adalberto Campos Fernandes, o que mais dinheiro ganhava antes de ir para Governo. Ana Paula Vitorino, a mais endividada. Há dois ministros que declararam possuir Vespas e um que incluiu na lista de bens uma piscina. É isto que revelam as declarações de rendimentos que os membros do Governo estão obrigados a entregar no Tribunal Constitucional e que o Observador consultou esta quinta-feira (tem mais informação sobre o tema no artigo “Os bancos preferidos dos ministros de António Costa”).
A ministra da Justiça tem cerca de 220 mil euros em poupanças, mas a antiga procuradora-geral distrital de Lisboa não foi a pessoa que mais dinheiro ganhou em 2014, com o ministro da Saúde a arrecadar mais 180 mil euros em remunerações (167.202,29 euros em trabalho dependente e 13.617,20 como trabalhador independente).
No que diz respeito a rendimentos, nenhum ministro de Costa declara ter recebido menos de 47 mil euros – não estava disponível a declaração do ministro da Agricultura, Capoulas Santos. Quem recebeu menos foi o ministro do Ambiente, João Matos Fernandes, que declara ter juntado 47.628,12 euros provenientes apenas do seu trabalho dependente — antes de ser ministro, foi presidente do Conselho de Administração da empresa Águas do Porto. No entanto, é também o ministro com maior património no seu nome, embora declare que mais de 400 mil euros em duas contas de que é titular pertencem aos pais, não entrando assim para a contabilidade das suas poupanças pessoais.
Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, Constança Urbano de Sousa, ministra da Administração Interna e Francisca Van Dunem declaram todos ter recebido mais de 90 mil euros do seu trabalho em 2014.
Van Dunem é mesmo a ministra que declara ter mais dinheiro em depósitos a prazo, fundos de investimentos e planos poupança reforma. A ministra tem contas a prazo no Deutsche Bank no valor de 221.374 euros e ainda 22 mil certificados de aforro, com valor individual de “500 escudos”, embora não especifique quando foram comprados, o que torna difícil calcular o valor real destes títulos hoje em dia (pode rondar os 54 mil euros).
Logo a seguir está Mário Centeno. O ministro das Finanças, que é quadro do Banco de Portugal, declara ter no total 213.286,92 euros em poupanças, contando com a sua conta à ordem, que tem 29.319,22 euros e vários fundos de investimentos onde tem entre 3.085,88 euros e 33.443,72 euros. O responsável máximo pelas Finanças portuguesas tem ainda dois PPR – para ele e para a mulher – com um valor superior a 17.866,10 euros cada um.
Outra ministra com um património considerável é Maria Manuel Leitão Marques, que em investimentos e poupanças em bancos tem 199.354,81. João Soares, da Cultura, e Manuel Heitor, da Ciência, são os únicos ministros que não apresentam quaisquer investimentos bancários e não declaram contas à ordem com um valor superior a 50 salários mínimos — o valor mínimo para que os titulares de cargos políticos tenham de declarar as suas contas.
Mas os ministros não declaram só o dinheiro que têm, declaram também o dinheiro que devem. Neste Executivo, a pessoa com mais créditos é Ana Paula Vitorino, ministra do Mar, com um total de 362.635,99 euros. Um destes créditos, de 112.978,43 euros, foi pedido para pagar um apartamento em Lisboa, outro para pagar obras — no valor de 50.494,52 euros –, outro para comprar uma quinta em Santarém e ainda outro foi pedido para comprar um apartamento no Porto, do qual a ministra é co-proprietária.
O que se pode dizer disto que é importante para se perceber quem nos governa e o país que somos? Simples: praticamente todos estes ministros estão ligados profissionalmente de um modo ou de outro, ao Estado. É este o nosso Estado Social verdadeiro que sustenta uma classe média que foi aumentando nas últimas décadas.
Sintomático ainda é que a ministra que mais dinheiro tem seja a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem.
Esta senhora praticamente nada mais fez na vida profissional do que trabalhar no Ministério Público. Os magistrados, incluindo os do MP são a classe profissional que trabalha por conta do Estado, que mais ganha em termos nominais, ou seja, no papel das remunerações da função pública. Há cargos singulares ( por exemplo a Secretaria da AR) que paga mais, porém, em termos de classe profissional ( os políticos não são classe profissional...) os magistrados estão no topo da tabela. Tal como os diplomatas e os militares. Por uma razão que se compreende: não podem fazer mais nada e nada mais receber em acrescento, como muitos podem ( os políticos, por exemplo, os deputados). E são cargos superiores do Estado que lidam com órgãos de soberania. Todos os estados modernos reconhecem isso e pagam assim a esses serventuários.
E quanto é que ganha um magistrado do topo da tabela e que portanto esteja já no escalão máximo do STJ ou da PGD? Em termos líquidos nem chega a 5000 euros. Coisa pouca para quem leu que os administradores das entidades reguladoras e portanto de supervisão ( e o MºPº já foi considerado também uma entidade de supervisão) ganham 2 ou 3 vezes mais que isso, em termos líquidos.
Portanto para se poupar 200 mil euros, se se tiver encargos ( casa, carro, filhos, etc etc) é obra digna de apreço. É preciso poupar muito e sempre durante muitos anos e levar uma vida frugal e sem despesas avultadas. Não dá para ter filhos a estudar no estrangeiro, por exemplo. Nem para ter casas de luxo ou carros de idêntico porte.
A não ser que o cônjuge providencie pelo pagamento das despesas correntes e de capital. Nesse caso, sim, é possível poupar muito, sempre e durante muito tempo.
Ora a noção de proveito comum do casal, neste caso, implica necessariamente uma atenção ao cônjuge, aos negócios do cônjuge, aos interesses do cônjuge que afinal são em proveito comum.
Para bom entendedor...
6 comentários:
os xuxas
xuxam o trabalho dos privados
que pagam os destinos de quem desgoverna
só tem dinheiro líquido quem
'tem muito esperto nos cabeça'
* num país civilizado os gestores privados foram para o estado como ministros
* nesta trampa socialista dos srs profs drs
estes vão para o governo e saem para as empresas
* o funeral sai em breve de São Bento ... da Porta Aberta
para a esquerda
Em suma: "uma equipa de sonho" como diz a publicidade marital.
PAZ Ferreira, o caracolinhos, recebe bem pah!
Por falar em vencimentos relacionados com o Estado, e meramente a título de curiosidade: o amigo José sabe que há administradores judiciais que recebem mais de 500.000€ brutos anualmente?
"há administradores judiciais que recebem mais de 500.000€ brutos anualmente?"
Como isso? Nas insolvências? Se for a distorção é antiga.
Sim: mais de 500.000€ brutos anuais das insolvências - mesmo retirando os impostos, e as despesas incorridas (alguns empregados e outras), recebem bem mais que os magistrados de topo.
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