Observador:
Numa sessão de esclarecimento sobre o Orçamento do Estado para 2016, António Costa aconselhou os portugueses a andarem de transportes públicos, a deixarem de fumar e a moderarem o recurso ao crédito.
A estes, ao contrário de outros, nem o ridículo lhes mata a imbecilidade exposta.
imagem tirada da net eventualmente saída das "redes sociais".
Esta mania da esquerda letrada na demagogia e que nos conduziu a três bancarrotas iminentes em 40 anos, primar pelos conselhos paternalistas desconchavados, tem antecedentes.
No Natal de 1975, há cerca de 40 anos e a escassos meses após a nacionalização dos principais sectores produtivos do país, da banca e dos seguros, pela Esquerda magnífica que hoje governa novamente com os resultados previstos, a crise económica era um facto. Grave, sustentável e que perdurou anos a fio. De facto, repetiu-se dez anos depois, com outra bancarrota imimente, salva in extremis pela ajuda externa do FMI e pela austeridade que nos foi imposta.
A culpa? É sempre de uma mítica "direita" que aliás nunca existiu em Portugal nos últimos 40 anos. A confusão com a social-democracia satisfaz a todos os "parceiros sociais" desta democracia que assim se amputou democraticamente e afastou do convívio quem não lhes interessa para nada. Para tal bastou apodar de fascistas todos os que contestam o comunismo como modo legítimo de organização política tendo ideias totalitárias e anti-democráticas.
A prova ?
Em 17 de Setembro de 1976 havia um jornal em Portugal chamado A Rua que era dirigido por Manuel Múrias, um salazarista convicto e dos poucos que não se adaptaram ao regime implantado em 25 de Abril de 1974.
Múrias era o que hoje se poderia classificar de "direita", não contemporizava com as hipocrisias da esquerda e nem sequer era fascista porque basta ler o que escrevia para se perceber tal coisa. Múrias era aliás um intelectual de relevo de uma direita que nunca apareceu em Portugal.
Pois bem, não sendo fascista passou a sê-lo por decreto da inteligentsia comunista e socialista da época que não tinha qualquer oposição a essa determinação ideológica firmada principalmente pelos comunistas. Todo aquele que fosse salazarista era ipso facto fascista também. E pronto. Foi assim até hoje, sem oposição visível de ninguém. E de tal modo que faz parte dos livros de ensino oficial tal designação.
Quem definiu os termos de distinção entre "direita" e "esquerda" foi Álvaro Cunhal e ninguém se importou com isso.
O modo como é redigida a notícia sobre o jornal "fascista" A Rua é um compêndio da ideologia que nos rege há quarenta anos.
Custa a acreditar como é que as pessoas não sabem disto ou não se lembram disto para contar aos filhos e avisá-los do que nos aconteceu.
Os livros de História oficial, os programas de tv, as opiniões de jornal e a inteligentsia nacional replicam uma visão histórica falsa e preferem andar a contar histórias da carochinha para enganar os que votam.
Isto dura há quarenta anos ininterruptos e quem é eleito fá-lo sempre no pressuposto de manter uma visão e uma versão da História que esconde esses factos e ilude as pessoas.
Em 23.12.1975, apenas saídos do golpe de 25 de Novembro que nos salvou também in extremis do poder da esquerda comunista a governar, O Jornal publicava uma página que tem sido um resumo do nosso estado de sítio sempre que a Esquerda governa: crise económica, aumento de preços, de impostos, empobrecimento real e austeridade.
O aumento dos combustíveis e outros impostos tem sido sempre o meio de obter receitas inatingíveis pelo modo mais comum a qualquer país, ou seja através do aumento do PIB sustentado pelo investimento real de empresários capitalistas e de economia de mercado. Em Portugal tal coisa é mal vista pela esquerda que prefere a pobreza de todos ao enriquecimento de alguns.
O mais caricato e que tem paralelo com o que se passa hoje, com as declarações patéticas do Kosta que notoriamente anda a aprender a ser syriza bem comportado, foi o que ocorreu há quase quarenta anos, aquando da referida primeira bancarrota.
Em 27 de Outubro de 1978, na sequência de mais um aumento da "gasolina" ( já era um hábito como modo de obtenção de receita, mas dessa vez foi maior do que o previsto) O Jornal publicou um artigo sobre o modo de poupar 10% na gasolina.
O mais curioso é que os aumentos ocorriam, tal como hoje, para angariar a receita que não havia, porém, simultaneamente os Kostas de então também achavam que tal coisa era compatível com o apelo veemente à poupança...na realização dessa receita. Quem não consome gasolina não paga imposto, claro. Mas aos Kostas o que interessa é que se consuma para que haja um valor maior nos impostos arrecadados. Assim, como resolvem o dilema? Com um artifício demagógico e usual: a função social do imposto.
A contradição fica resolvida: apelam a um menor consumo enquanto tal efeito se levado ao extremo eliminaria a receita esperada...
É a imposturice mais pegada, mas enfim é o costume.