domingo, fevereiro 14, 2016

A paródia política e as "sessões de esclarecimento"...

Económico:


António Costa não quer que fique nada por explicar sobre o Orçamento do Estado para 2016 e meteu todos os ministros do seu XXI Governo espalhados pelo país a explicar em sessões públicas as opções orçamentais do seu Executivo.

Todos os distritos do país terão a presença de membros do Governo. O ministro das Finanças, Mário Centeno explicará o exercício orçamental no Clube Farense, no distrito de Faro.

Em Aveiro estará a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, em Beja, o ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques. Por Braga estará o ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral e Eduardo Cabrita, ministro-adjunto, em Coimbra. Leiria contará com a participação da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem e Santarém com o ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, José Vieira da Silva
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Confesso que deve ser para rir baixinho ver alguns destes ministros a fazer pura propaganda política quando há escassos meses nem sequer podiam aparecer em eventos político-partidários. Estou a referir-me ao estranho caso da ministra da Justiça que sempre foi magistrada e nunca ninguém deu por nada em matéria de manifestações políticas que aliás lhe estavam vedadas em sede partidária. Mas que las hay, las hay...

O que é que a senhora terá dito aos circunstantes? Leu algum papel?  Ficou confortável no papel desempenhado de política de circunstância e de afogadilho?

A política pode ser muito digna, mas os ideais republicanos de antanho não a viam bem assim...



Esta farsa que agora se vive e transforma o carnaval em cortejo diário teve já a sua epifania solene, em 1975, com as famigeradas "campanhas de dinamização" e "sessões de esclarecimento" do MFA.

A ideia original, tal como agora, era a de explicar aos ignaros das "províncias" o que era o PREC. Actualmente, como o prec é uma farsa,  pode conformar-se com uma tarde de explicações ad hoc, num anfiteatro qualquer, com deslocações pagas ao preço da tabela da função pública, ou, no caso superior de ministros de Estado, com cartão de crédito de plafond desconhecido.


 Imagem da Paris Match de 13 de Fevereiro de 1975.

 Assim, a ideia mais próxima da iniciativa literalmente peregrina e imaginada por um qualquer saudosista dessas campanhas e sessões de esclarecimento é mais esta, tirada da mesma revista francesa:



Os alemães devem rir-se de nós. E "nós" infelizmente somos todos porque nem há quem ridicularize estas patetices e infantilidades.

Questuber! Mais um escândalo!