segunda-feira, julho 06, 2009

Elogio da incompetência


Vale a pena ler esta crónica de Rui Tavares, hoje no Público. Clicar para ler.
Só é pena que o autor não estenda a outras situações que envolvem personagens de recorte político da área que afeiçoa e, à semelhança de outros, desvalorize, contextualize e negue a realidade, tal como estes figurões o fazem e o autor denuncia.

64 comentários:

zazie disse...

Está muito bom, está. Ele escreve bem e é inteligente. Uma pena o defeito no ângulo de visão.

joserui disse...

Só é pena que o autor não estenda a outras situações
No caso do BE "comes with the territory" como dizem os americanos. Mas, a verdade é que para mim é uma pena que estas verdades tão evidentes venham do BE. O Rui Tavares escreve bem dentro de um estilo que toda a gente facilmente entende. E a mensagem passa. Isso é importante.
Por outro lado, a propósito de ontem ter falado do Insurgente por ter escrito um pequeno texto a visar o AAA, hoje voltei lá. Aquilo é reles a um nível que só me lembro de ter visto exactamente na extrema esquerda. Reles até não poder mais. Ao ler o post do inenarrável André Azevedo Alves a provocar o Daniel Oliveira, nunca julguei que chegaria à conclusão que o visado é o cúmulo da elegância.
Quando ao ontem perguntava onde estão os que poderiam equilibrar os discursos das Fernandas Palmas (e dos BEs), vejam o que anda aí na calha. Perto desta canalhada o CAA (que também não suporto) é outro expoente máximo da elegância.
E tal como dizia ontem o José sobre a FP, estes tipos não argumentam. Colocam-se logo no patamar superior, para não haver misturas. Reles é pouco.
Quem os topou e verbalizou a tempo foi a Zazie. -- JRF

zazie disse...

Mas não tenhas dúvidas. O Daniel Oliveira é das pessoas maior capacidade de encaixe e sentido de humor que anda por aqui.

Sempre foi. Os insurgentes são Anacletos às avessas. Não era por acaso que imitavam tão bem nesse blogue que criaram.
São o duplo treinado ao espelho.

josé disse...

O insurgente é tasca que não frequento.

Mas não é por preconceito. È apenas por não ter tempo para ler tudo o que anda por aí.

josé disse...

O Oliveira é um bacano, como se dizia.

Impossível detestar um tipo assim.

Tem é as ideias baralhadas.

Colmeal disse...

Concordo com a Zazie, escreve bem e o Loureiro mereceu a pancada.
Pena é que este escriba pertença a um grupo que tem umas palas nos olhos como os burros ... e assim só criticam o que lhes interessa.


José,
Falando do mesmo Jornal Público, leu esta pérola ?

“Começaria por dar computadores aos professores”
Recentemente, num artigo de opinião, Don Tapscott, um especialista canadiano em tecnologia, recomendava ao presidente norte-americano que pusesse os olhos em Portugal e no seu investimento em computadores individuais para os alunos do ensino básico. O Magalhães não convence Stephen P. Heyneman que esteve em Lisboa para falar sobre a política educativa da administração Obama, na Universidade Católica Portuguesa, há uma semana.

“É um computador colorido. Gosto da sua portabilidade. O que me perturba é ter sido dado às crianças como se elas pudessem ter autonomia para trabalhar sozinhas. E os professores?”, pergunta. “Começaria por dar computadores aos professores para trabalharem e organizarem as suas lições. Era isso que recomendaria à vossa ministra da Educação”, responde. O que viu, no Porto ou em Lisboa, foi crianças a brincar com o Magalhães, “como se fosse uma máquina de jogos e não como se tivessem um computador para trabalhar”. “Não deve ter sido para isso que os computadores foram distribuídos. Certamente não eram esses os objectivos do Ministério da Educação, mas sim o da sua integração no trabalho escolar”, sublinha.

Heyneman lembra um estudo comparativo feito na Áustria e nos EUA sobre a utilização dos computadores. Enquanto na Áustria o programa foi um sucesso porque os professores foram envolvidos e tiveram formação para aprender a trabalhar e foram eles que ensinaram as crianças; nos EUA não houve formação, nem integração no currículo e os resultados do programa não foram positivos. É em estudos como este que Portugal deveria reflectir, aconselha.

PUBLICO-Entrevista completa com Stephen P. Heyneman

zazie disse...

O post não tem a ver com isso e ele tem aquelas pancadas politicamente correctas.

Mas é um facto que se teve uma atitude imbecil no caso Casa Pia. Com a treta de se dizer amigo de peito do Pedroso.

mandei-o à merda à conta disso e até me enganei que no caso foi outro que repetiu.

Mas aqui é pura cretinice insurgente. o DO é cool.

zazie disse...

Não há nada para ler lá. Nem sequer tem originalidade.

Mas o Helder é um bacano. Dou-me bem com ele. também frequenta o Dragão.

Os outros nem distingo.

zazie disse...

ehehe

Pensámos ao mesmo tempo. Pois é. O Daniel Oliveira é mesmo um bacano.

Penso muito bem dele, enquanto pessoa (que não conheço).

zazie disse...

O problema do Rui Tavares nem é ser bloquista. Ele até é independente.

é outro- é jacobino em último grau. E ia jurar que nunca mudará. É faccioso com pancadas politicamente correctas e horror a tudo o que tenha a ver com religião.

Não é um Ivan Nunes que ainda acabe em social democrata.

zazie disse...

Mas é um facto que tem saber e redige bem.

E não sou suspeita porque nos detestamos reciprocamente à custa da blogosfera.

joserui disse...

Eu tenho uma fraqueza que se calhar é um defeito e sempre julguei que fosse qualidade: Sempre que ouço falar do BE, PC e afins, não diria que saco logo da pistola, mas mudo de canal, de blogue, vou apanhar ar, porque perto desses indivíduos o ar torna-se irrespirável.
O Daniel Oliveira além de estar nos antípodas do que defendo, cai no meu recorrente preconceito. E chega-se ao ponto de dar vontade de ir à tasca como diz o José e escrever a favor do DO. É lindo. -- JRF

josé disse...

O Tavares ainda aceita como válida a teoria da luta de classes. É a sua explicação para a História.

Nasceu pobre e por isso, acha que deve cobrar a condição aos ricos até ao fim da vida.

zazie disse...

Mas tem honestidade intelectual. Chegou a fazer auto-crítica no jornal, depois de ter publicado uma anormalidade acerca do dito pogrom do reinado de D. Manuel.

Tinha erros históricos e reconheceu-os, em debate nas caixinhas. Prometeu que corrigiria no próximo artigo e deixou a nota.

Isto para mim conta.

zazie disse...

O RT tem aquela pancada de se imaginar anti-fascista no século XXI.

O DO é cool e bacano. E tem um sentido de humor invejável.

Té lhe dediquei a cançoneta dos juguslavos mexicanos- o Don Francisco Long Play, quando saiu do Barnabé. E ficou com má-fama quando até se portou como um senhor.

zazie disse...

Até.

Teclado novo com que ainda não atino.

josé disse...

Li a tal entrevista sobre os computadores e a crítica ao Magalhães.

Acho que tem razão. Os Magalhães são um brinquedo, apenas.

Os professores deviam ter computadores e estimular os alunos a uma aprendizagem com esse instrumento.

Mas apenas como instrumento de uma tecnologia nova

joserui disse...

O Helder lia os comentários dele no PC. Nada contra.
E há lá outro, o Rodrigo Adão da Fonseca que também considerava. Saiu do Blasfémias julgo após a cena dos copos da Constança e agora encostou num pasquim 100 vezes pior. Vai longe :) . -- JRF

zazie disse...

E já houve ocasiões em que lhe achei muita piada por fingir que não via coisas que eu escrevia.

Andámos nesse jogo, ambos a fazer de ceguinhos, numa boa. Pour faire chier les cons.

ehehe

zazie disse...

Ele até é capaz de fazer esse truque com o Euroliberal.

aahahhaha

Mato-me a rir com essa manha tão gira. Deixa que outros digam por ele e finge que nem reparou para censurar.

Mas ninguém se desmancha. Quer eu, quer o Euroliberal, geralmente por razões um tanto diferentes, fingimos que somos censurados.

eheheh

joserui disse...

Fingem como assim? Não percebi. isso passa-se onde, no blogue dele? -- JRF

zazie disse...

Fazemos queixa que ele nos censurou quando aparece gente a protestar pela vergonha

AAHAHAHAHAHA

zazie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
joserui disse...

Jez... Mas o que consta é que censura mesmo. E não é peixeirada é opinião pura e simples. Que não lhe agrade.
Aliás, nisso os campeões esquerdalhos da liberdade de expressão são os piores. -- JRF

zazie disse...

Mas essa pancada da defesa do lixo e do planeta poluído é dos melhores exemplos para se perceber de onde vem a imbecilidade.

É o homoeconomicus. Em lhes cheirando a "pogresso" é tudo como o Lenine- comunismo e liberalismo são pura electricidade.

zazie disse...

Claro que censura. Censurar é até uma prova de combate democrático.

Eles acreditam que têm a tarefa histórica de "vigilantes". Não viu esta "wegie" aqui- é tique com mais de século no lombo.

Por isso mesmo é que tem piada quando a regra da censura não funciona.

E, é claro que nessas alturas, quer á minha conta, quer à do Euroliberal (e nem são coincidentes) aparece meio mundo de barricadas contrárias a protestar. Todos- amigos e inimigos, a exigirem censura.

ahahahaha

zazie disse...

A piada nisto (ou a tragédia) é que é um déjà vu. Daí quer eu, quer o Euroliberal, já sabermos quais as abertas e quais as reacções.

C'est toujours la même chançon.

joserui disse...

Pancada? Olhe uma coisa, hoje li esta na Fox. Este inteligente quer a Sarah Palin a liderar as mães da América contra as lâmpadas "de poupança" (porque contêm mercúrio). Ou seja, os mesmo que defendem mercúrio à tonelada, querem as mães contra as lâmpadas. Isto para mim é doença. Ao nível de Estalinismo e outras epidemias. Só não matam muito, porque os tempos são outros. Mas há uma corrente de conversa irracional nos EUA que não entendo.
Os Insurgentes coitados, nem originais são de facto. Vão à babugem da Fox e blogues dos radicais americanos. -- JRF

joserui disse...

O Daniel Oliveira que é inteligente deve-se rir destes tipos. Porque a área dele vive muito do confronto e de haver um outro e "perigosíssimo" extremo.
E estes palermas nem se enxergam. Fazem de idiotas úteis. E DO ainda goza por cima. E tenho de reconhecer que merecem. Porque são broncos. Devem ser também resultado do desmantelamento da educação.
PS: O link da Fox que me esqueci. -- JRF

zazie disse...

As mães mercurianas.

ahahahahaha

São loucos. Eles inventam cada fetiche mais giro.

Eu só acho piada porque funciona como um National Geographic. Têm ritos de dança de acasalamento sempre iguais.
":O)))

Quanto ao DO - é mais sentido de humor e tarimba de militância. Nestas coisas é sempre assim- um militante não pode dizer tudo.

E depois é giro morder as reacções pavlovianas. Dependem sempre da famosa hierarquia dos "bons valores da humanidade".

Ora, esses valores, tendem a ser cada vez mais de passerelle. Daí que seja possível juntar comunas/bloquistas e ornitorrincos neoliberais a babarem-se pelo mesmo- pelo folclore da moda.

Abaixo desse folclore até pode estar a vida de milhares de pessoas, a independência de países ou pura e simplesmente o horror da guerra ou as reacções de quem sente valores religiosos.

Este é um exemplo- mas é possível ir topando a decadência geral com estas "napoleónicas" de ditos valores universais da superioridade da nossa "civilização".

Quanto mais modernos, mais decadentes e mais fanáticos pela prioridade da passerelle.

zazie disse...

Como dizia o outro psico xuxialista: "estarei sempre do lado onde há putasm, bibliotecas, democracia e marchas gay.

E depois, por estes "valores universais" em nome destas tretas, até pode ir bomba atómica.

Não lhes cai nada em cima. E sempre se sentem mais seguros e muito livres com o armagedão dos outros.

zazie disse...

Quanto à Natureza eu estou mesmo convencida que eles nem notam a diferença.

Se for coisa de indústria e muita modernização e "mercado e lucro a funcionar" até um esgoto lhes cheira a rosas e eram capazes de lá tomar banho se tivessem de pagar entrada VIP.

joserui disse...

Hehe. Boa foi aquela sua observação que se fosse mesmo para dividir as coisas em direita e esquerda, os assuntos da natureza era na direita que estariam "naturalmente". Bom argumento. -- JRF

zazie disse...

A ideia que tenho é que não em se perdendo a noção de sagrado não há forma de atribuir valor ao que existe para além de nós e que não substituímos como podemos trocar de carro.

O desprezo pela natureza é fruto do ateísmo cientóino do burgesso moderno.

zazie disse...

Mas o motor para militarem por tudo o que pode estragar o planeta é sempre o mesmo- o "pogresso"- a expansão da riqueza para o "futuro do Homem" e da sua "Liberdade".

joserui disse...

É bem verdade.
Estou convencido que isto vai ficar mau. Se a história passada estiver correcta, não haverá grande agitação até se tornar irremediavelmente mau. Mas esses burgessos têm pouco a perder. Fazem como fizeram nesta "crise económica". Não é nada com eles. Na pior das hipóteses enganaram-se (julgo que nem isso li em lado nenhum).
Mas decorrem neste momento em que falamos neste blogue, verdadeiros crimes contra a humanidade. Contra a vida no planeta. -- JRF

Tino disse...

O Zezito Fripór (menos conhecido como Collor de Mello Português) também teve o seu elogio fúnebre impresso em letra de forma e, como todos se lembram, apresentado pelo Abrahamovitch Lusitano.


São sinais destes tempos de apodrecimento da Pátria...

Wegie disse...

Resumindo e concluindo: As mulheres de limpeza movem este país seja na justiça seja na alta finança. Sugere-se a criação duma Ordem.

JQ disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JQ disse...

"Nasceu pobre e por isso, acha que deve cobrar a condição aos ricos até ao fim da vida.", diz José mais acima sobre Rui Tavares, num profundíssimo insight de persona alheia digno de um Dr. Phil ou de um Prof. Karamba.
Se me faltassem razões para passar a ler apenas as suas opiniões sobre Justiça (parece-me o único blogger português que vale a pena ler sobre esse assunto), teria acabado de arranjar uma.

zazie disse...

Essa história do nascimento e das desgraças da família e do irmão que nunca pode estudar por causa da direita e da ditadura foram contadas pelo próprio no Barnabé.

Imagino que com esta notícia nunca mais volte a ler o RT.

zazie disse...

Faça uma pesquisa que ainda deve estar online.

E depois tire satisfações a quem a contou, precisamente para cobrar a luta de classes e o sentido de ser de esquerda.

zazie disse...

Está aqui uma- confissões revolucionárias mas há mais.

josé disse...

Ora depois de uma volta a pé, volto a esta coisa.

Portanto, José Quintas, em primeiro lugar desconfie das minhas opiniões sobre Justiça. Tente pensar por si mesmo.

Em segundo lugar, o que penso de Rui Tavares deve-se ao próprio e às declarações que prestou. Disse e escreveu que é de Esquerda por ter nascido pobre e ter conhecimento dessa condição por experiência própria.

Conheço muitos assim, para quem a luta de classes nunca tem fim. É uma "luta contínua".

Parece simplista, não parece?

Pois é mesmo, porque muita gente pensa desse modo simples.

RUi Tavares é apenas mais um.

zazie disse...

Mais memórias anti-facistas

josé disse...

Quanto à honestidade e conhecimento histórico de Rui Tavares fica um excerto tirado dos comentários ao postal colocado em link pela zazie.

Em dado passo, Rui Tavares fala sobre uma quinta no Alentejo, assim:

A Quinta do Brinçal era posse de um senhor chamado Barbieri Cardoso, que caso nunca tenham ouvido falar era um competente e trabalhador PIDE com uma brilhante folha de serviços, incluindo o momento alto da sua carreira que foi o envolvimento no assassinato de Humberto Delgado.


Um outro comentador, reparou-lhe assim:

Apenas uma breve correçao.
A QUINTA DO BRINÇAL, ere pertença de um senhor chamado Comendador ANTONIO CARDOSO DOS SANTOS LOUREIRO que embora conectado com
o regime de entao ,nada teria a ver com a PIDE.
Mais nunca ocupou a referida quinta,tendo sim adquirido a mesma a bom preço a Senhora Dona LUIZA DE NORONHA.
viva o 25 de Abril sim , mas com verdade

JQ disse...

Até agora, o que li escrito por si sobre Justiça (aqui e na GLQL) tem coincidido com a minha perspectiva. Não será pois uma questão de confiar ou desconfiar das suas opiniões. Por princípio, até das minhas desconfio. Trata-se antes de valorizar o facto de eu não conhecer mais ninguém, em blogues e nos media mais tradicionais, que pareça conhecer o meio judicial sem ser através dos jornais e tvs.

Sobre o seu considerando sobre RT que destaquei, é evidente que é simplista, como admitiu (o que é natural numa caixa de comentários). Mas também é mais do que isso: é reducionista; como se fossem apenas as origens sociais (de RT ou outrém) que levam uma pessoa a determinadas opções políticas. Equivaleria à “obrigação” de ser de direita, neoliberal ou coisa semelhante, para quem nasceu numa família da chamada classe média-alta.

Não só no Barnabé, mas também nos dois blogues subsequentes e numa ou outra crónica do Público, RT referiu o meio social onde cresceu. Pelo que reparei, serviu-se da própria experiência pessoal como pretexto para os argumentos que desenvolveu nessas ocasiões. Só alguma má-fé permitirá ver nisso uma assumpção de superioridade moral de cariz quase bolchevique ou única razão para o seu posicionamento ideológico.

Só uma má-fé equivalente ou análise psicológica apressada poderia levar-me a concluir que um incerto tom de alguns dos seus posts se devem a alguma dor de cotovelo mal resolvida pelo facto de as suas opiniões não terem o mesmo “peso mediático”, p.ex., de Vasco Pulido Valente, o que seria um disparate, claro.

Concluindo: quando leio RT referir as dificuldades passadas ou presentes de quem cresce em meios economicamente desfavorecidos confiro-lhe o mesmo grau de, passe o termo, validação que atribuo às suas opiniões sobre Justiça. Neste sentido, ambos se me afiguram saber do que falam.

zazie disse...

V. não entendeu. É o próprio RT que fala desse passado mitificado e adulterado e diz- textualmente, numa das passagens- que isto se torna genética.

Quer maior verdade reducionista contada pelo próprio.

Não há má-fé de ninguém. Existem memórias com leituras dicotómicas inventadas por terem ficado no sangue.

Até penso que estes testemunhos do RT são bem pertinentes porque o próprio consegue exemplificar como se formam ideologias a partir daqui.

zazie disse...

Leu os testos?

Leu os mitos e adulterações que ele tomou pela verdade da barricada?

Leia e não invente má-fé em ninguém porque neste momento a única pessoa que está a demonstrá-la é v.

Está a ler complexos nos outros por não admitir que os relatos direccionados e com justificação de uma causa, são os do RT.

zazie disse...

Isso que v. está a fazer- essa psicologia de cordel- sem nada que a fundamente a não ser a sua bola de cristal é que me parece muito baixinha.

E deriva de outra pancada geracional- a mania que o mundo se reduz ao big brother mediático e o resto é inveja.

Por aí nem o RT alguam vez foi. Ele tem nível- nunca iria fazer de psico a achar que devassava a alminha de alguém com meia dúzia de chavões da sociedade de espectáculo.

JQ disse...

Cara Senhora, não pense que é por falta de respeito que não lhe respondo mais do que isto: não vejo qualquer possibilidade de V. entender a minha argumentação e vice-versa.

zazie disse...

«O Ensino Superior de propinas baixas permitiu dar uma machadada no apartheid social em que este país vivia. Isto é uma coisa pouco lembrada, mas geneticamente gravada nas memórias de gente como eu e muitos como eu. É verdade: para quem não saiba, antes do 25 de Abril vivia-se de facto em apartheid. Antes do 25 de Abril, um dos meus irmãos disse que gostaria de fazer medicina. Isto provocou escândalo e escárnio, com os patrões dos meus pais a avisá-los do ridículo que era deixar o rapaz ir para o Liceu, porque isso lhe podia dar mesmo ideias de que era possível entrar para a Faculdade. Quando eu ouço o argumento de que Portugal não pode ter só engenheiros e doutores, vejo que esta mentalidade ainda sobrevive, mais ou menos bem-intencionada. »

Para além de ser factualmente falso, etá lá o tom, aquilo que se disse- que o RT tem uma ideologia de esquerda derivada de memórias familiares que transformou em luta de classes.

E isto é confirmado pelo próprio ao escolher os testemunhos para se dizer filho de Abril e grato à inexistência de propinas que o PREC teria trazido, o que é absolutamente falso e ainda mais falso nos anos 90.

zazie disse...

Bom, nesse caso durma bem. V. nem leu os posts do RT e desatou a fazer de psico dos outros.

A má-fé é toda sua e a incompreensão idem.

claro que má-fé não se debate porque não tem argumentos.

V. acha que há ressabiamento do José e eu rio-me com isso. É para rir, não é para dizer mais nada.

zazie disse...

O caso da ocupação da quinta é um tanto mais grave e mais estranho.

Ele conseguiu guardar uma mentira que lhe contaram em pequeno e, apesar de ser historiador nunca teve curiosidade para saber a verdade.

Repetiu um mito de ocupação de terrenos pela PIDE, para explicar o que se passou na Azambuja com essas ocupações de roubos que ainda hoje, quem por lá vive, sabe onde param os objectos de valor que foram roubados, em nome do povo.

Foi sempre assim- todas as revoluções criam estes mitos. Não há sequer originalidade.

A parte mais curiosa é como estes mitos se replicam em gerações que nem viveram essas revoluções.

E é esse hiato e falta que depois explica como ainda se procura ser "anti-facista" em democracia, na Europa, em pleno século XXI.

zazie disse...

Pois, li a coisa à pressa e v. diz que não queria dizer o que acaba a dizer.

Para justificar que o RT teria razões para falar de pobreza.

Não é nada disso- nem sequer ele fala de pobreza que terá passado.

Não se trata do que conheceu mas, precisamente, do que transformou em causa por adulterações de memórias e heroísmos de empréstimo.

Todos eles a viverem mais de palavras que de qualquer realidade.

josé disse...

josé quintas:

V. escreveu que a minha perspetiva é "reducionista; como se fossem apenas as origens sociais (de RT ou outrém) que levam uma pessoa a determinadas opções políticas. Equivaleria à “obrigação” de ser de direita, neoliberal ou coisa semelhante, para quem nasceu numa família da chamada classe média-alta."

Ora bem, assim considero. Mas o problema é que me limitei a interpretar o que o próprio RT disse e escreveu.

O que fica escrito, sobre o assunto, é a minha interpretação sobre o que julgo ser a razão da orientação política de RT e que me parece derivada de uma aguda consciência de classe.

Esta noção, apesar de simplista, é a que muitos indivíduos de esquerda tem da política e suas opções. Porém, não me parece simplista se formos a explicar por que tal acontece.

Em tempos, pedi a um indivíduo que se proclama de esquerda e que chegou a enfileirar no MES do começo, que escrevesse as razões para as suas opções de esquerda.
Lá adiantou algumas razões que se complicam quando misturam conceitos credos e valores, o que modifica logo tudo a favor da complexidade da idiossincrasia de cada um.

Quanto a RT, é patente que as opções políticas que tomou, sempre do lado da tal esquerda mítica, tem as suas motivações e uma delas, porventura a mais importante é essa que ficou escrita.

Não vejo qualquer problema no assunto porque é desse modo que muitas pessoas pensam e vêem a ideologia e a política: como opção de classe que definem em moldes passados e que retomam em modo pós-moderno.

JQ disse...

Sem querer esticar esta mini-troca de comentários para além do admissível, preciso referir que o tal reparo que me obrigou a comentar ficou agora menos simplista/reducionista e mais claro.

Servindo-me do seu exemplo do indivíduo do MES, é-me impossível discordar que o meio social em que se cresce condiciona fortemente as opções políticas da vida adulta de quase todos. Por vezes, só mesmo um corte radical ou acidental com as origens consegue produzir uma relativa independência do pensamento de cada um.

Quanto a Rui Tavares, do qual, saliento, só conheço as palavras escritas, nunca esperei dele infalibilidade, nem nunca lhe li tal presunção. Até o facto de assumir publicamente as suas origens como eventuais causadoras de preconceitos de classe me soa a honestidade intelectual.

Claro que não sou politicamente isento e tendo a concordar com grande parte das opiniões de RT. Claro que quem delas discorda tenderá a servir-se disso para denegri-las.

Daí que esta troca de argumentos a propósito de uma mera frase esteja também condicionada pelos preconceitos (à letra) que cada um carrega consigo.

Gostaria, finalmente, de aproveitar a expressão que utilizou, «esquerda mítica», para ressalvar que se não fossem os defensores de utopias de todos os séculos, muito provavelmente alguém com as origens sociais de Rui Tavares ainda não pudesse candidatar-se nos dias de hoje a deputado europeu.

Sendo esta uma opção de RT que de alguma forma me desiludiu – serei talvez mais utópico – também não participo no coro da “canção do bandido” que associa às utopias apenas o derramamento de sangue, esquecendo que sem elas muitos dos direitos que consideramos hoje como (quase) naturais seriam ainda isso mesmo: utopias.

Wegie disse...

O que é francamente estranho neste blog é que os posts, que são de qualidade indisccutível, são do zé, mas os comentários que são abaixo de cão são da zeza...

zazie disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
zazie disse...

A utopia do Rui Tavares, descrita nas suas confissões era a utopia comunista.

Imagino que, se essa utopia tivesse triunfado, a liberdade e prosperidade económica não teria travão.

E o problema, o pequenino problema, é apenas este.

Como se torna impossível defender o comunismo e os gulags, todas as "gratidões" acabam por estar mais perto de ressabiamentos inventados que da realidade de se poder ser grato a alguma utopia comunista.

Há um nome que explica isto e já o tinha referido- chama-se ideologia.

zazie disse...

Para se ter ideia do modo como funciona até podemos pegar no exemplo das vivências de infância na ocupação da Quinta do Biçal.

Passadas décadas, já perfeitamente adulto e historiador, precisou de contar essa fábula na blogosfera para que lhe mostrassem que andou a acreditar numa mentira.

Mas, a mentira, como foi explicada, tinha todos os ingredientes "bertoluccianos".

Não se tinha tratado de um roubo, de uma ocupação gratuita a terras e bens de ninguém.

Não, como ele contou, fora apenas uma restituição a algo ocupado e roubado por um PIDCE- em troca dos favores que prestava à Ditadura.

Foi assim que lhe contaram foi assim que ainda o repetiu passado tanto tempo- em memória do 25 de Abril.

E não sendo, não havendo Pide nenhum na história nem qualquer restituição de terras roubadas, como fica o mito heróico de esquerda?

Podia-se repetir isto para tudo, incluindo par o heroísmo dos comunistas presos.

Que pretendiam eles? Que mundo melhor se perdeu por o não terem conseguido fazer?

Na URSS o nº de mortos ultrapassou os do nazismo.

Como era se a ideologia fosse nazi? não podia ser utópica, e boa, mas a comunista pode?

zazie disse...

A "Quinta do Biçal" tem muitos remakes que serviram de leitmotiv para o mesmo aproveitamento da pobreza dos outros ,em prol da "utopia" do aparelho partidário.

Um deles chama-se Catarina Eufémia.

zazie disse...

Por outro lado, pobreza ainda maior existiu em muitos países que viviam em democracia. O desenvolvimento dos nórdicos foi feito à custa de brutal selecção e emigração; a Irlanda não era nenhum paraíso e a Espanha esteve atrás de nós e não foi salva por nenhuma utopia.

Como é que funciona a luta-de-classes a salvífica ideologia de esquerda para explicar estes casos.

Os que não eram pobres também eram de direita e fascistas?

E os pobres eram comunistas e só pelo ideologia comunista puderam melhorar as condições de vida.

Faça-se a pergunta aos camponeses russos por altura da revolução bolchevique.

O que ganharam?

Ou aos chineses,

ou aos albaneses,

ou aos nossos, da Reforma Agrária.

josé disse...

"Faça-se a pergunta aos camponeses russos por altura da revolução bolchevique."

É impossível.

Foram massacrados pelos ruis tavares de então, em prol do bem comum.

De forma exemplar e sem remorsos de ninguém, muito menos dos comunistas que sabendo isto, continuam a desvalorizar esse genocídio.

O Público activista e relapso