Logo após o golpe de 25 de Abril de 1974 um dos casos que apareceu imediatamente na imprensa da época foi o do mistério da morte de Humberto Delgado.
O assunto era tabu no tempo de Salazar e Caetano uma vez que aquele parece ter dito a alguém que "sobre isso nem uma palavra". A Censura zelava por isso e essa será uma das razões porque o caso surgiu logo como um dos mistérios do regime anterior que servia às mil maravilhas para o denegrir e vilipendiar.
Em 18 de Maio de 1974, a revista O Século Ilustrado publicou uma entrevista com um agente secreto espanhol que teria revelado ao semanário L´Europeo, em Outubro de 1972 os pormenores do assassínio do "general sem medo", opositor de Salazar embora apaniguado do regime ( estivera na Legião Portuguesa, como director-geral e depois fora para os EUA, como adido militar, sempre nomeado por Salazar).
Ao longo dos anos, este caso serviu para imputar ao regime anterior a autoria do crime de homicídio, de preferência tendo como mandante o próprio Salazar, uma vez que não oferece dúvidas de maior o facto de terem sido agentes da então PIDE ( mais tarde DGS) a praticar os factos que levaram à morte do general e da sua acompanhante.
Foi organizado um processo crime para julgamento dos factos ocorridos em 1965 e o importante foi conseguido: imputar ao regime a prática dos factos e condenar Salazar pelo menos como autor moral dos mesmos.
A par do caso Delgado poderiam, os mesmos, ter lembrado os casos dos assassínios cometidos pelo PCP, particularmente do comunista José Miguel e outros. Nunca o fizeram, nem a imprensa relatou essas coisas, a não ser o Sol, há uns meses. Porém, sem qualquer relevo especial ou qualquer destaque televisivo nos media da Impresa Sic que ao caso Delgado, na época, deu logo o espavento adequado, através do Expresso.
Mário Soares que no escrito abaixo atribui sem qualquer pejo, a autoria moral do assassínio de Delgado, a Salazar, poderia de igual modo atribuir a Cunhal a autoria moral daqueles crimes cometidos pelo PCP. Além disso, Soares foi do PCP até pelo menos 1950...o que faz do mesmo um compagnon de route moral desses crimes.
Em Abril de 2013 Mário Soares recordou o caso na revista da Ordem dos Advogados.
De há umas semanas a esta parte, o antigo ministro de Caetano, Joaquim Silva Pinto, anda a escrever no i, memórias do caso e da figura do general.Parece mais objectivo que aquele desmemoriado despeitado pelo anterior regime.
Há uma pergunta que Silva Pinto deixa no último artigo, desta semana: quem avisou a PIDE que Humberto Delgado estaria onde foi morto?
Esperemos pela próxima semana para saber mais...