segunda-feira, maio 19, 2014

O ponto de vista dos Observadores

Quando o projecto informativo Observador foi anunciado, em Janeiro do corrente, dei conta do assunto e mostrei o outro Observador que saiu em Fevereiro de 1971.

O texto introdutório de agora era parco em informação que permitisse observar o conteúdo futuro. Hoje já é  possível uma melhor observação.

Do que li, o que  hei-de dizer? Nada de especial, por enquanto. Dou um benefício da dúvida que merece ter. Para já,  não me entusiasmou por aí além...
Sobre a lista dos opinativos devo dizer que não aquece nem arrefece. Ou seja, talvez fosse preferível menos opinião e mais crónica de costumes em tonalidade crítica como faz Vasco Pulido Valente. As crónicas devem servir para divertir, também. Por isso as de Ferreira Fernandes são sempre interessantes.
O Observador de agora é grátis e de suporte virtual. Graficamente é nada de especial e está longe deste modelo, o Mediapart. Porém, não será pelo aspecto gráfico que conquistará leitores.
Talvez o consiga se publicar informação interessante e que não possa ser lida noutro lugar. E repita as doses regularmente para viciar o leitor em sentido positivo. Veremos se tal acontece.

Em Fevereiro de 1971 tinha 14 anos e comprei o primeiro número da novel revista Observador, como já dei aqui conta. Número que ainda guardo, tal como os restantes 157 que saíram a seguir e com o último datado de 15 de Fevereiro de 1974. A revista acabou, evidentemente, porque não se vendia. Tal como o Expresso, com uma diferença: o seu proprietário anda por aí a dizer, agora, que o 25 de Abril salvou o jornal porque com a Censura teria acabado. Parece-me uma falsidade. O jornal não vendia porque não prestava o suficente para as pessoas o comprarem. Tal como o Observador, aliás e que não era objecto de censura como o Expresso, porque apoiava o regime de Caetano.
Não obstante, como já por aqui escrevi, essa revista parece-me um espelho perfeito de um regime que tinha Marcello Caetano como chefe de Governo. Não era revista de oposição e também não era da situação,  sem mais. E era muito melhor que o Expresso.
Porém, quando a comprei, fi-lo pela novidade de ver algo diferente do que existia no género e que na época se ficava pela Vida Mundial, uma revista mais pesadona no estilo e nos textos.

O Observador de antanho foi uma lufada de ar fresco nesse panorama e os temas do primeiro número nem eram assim muito apelativos para um rapazola de 14 anos. Mas tinha um que o era: a reportagem sobre o Festival da Canção, a cores. Foi isso que me levou a comprar. E os números seguintes,  pelas capas de aspecto lustroso e a curiosidade do que vinha lá dentro.

Nesse primeiro número o tema principal era um pequeno estudo sobre o petróleo que na época se prenunciava já como o factor de crise económica que viria dali a alguns anos, com as crises sucessivas.
O modo como a revista explicava o assunto era diverso do modo como hoje se apresentam os assuntos. Sartre, em 1975 dizia que a imprensa portuguesa era má porque não explicava as coisas.
Em 1971 essa crítica não seria justa...


Questuber! Mais um escândalo!