domingo, maio 18, 2014

A identidade nacional em revista pela intelectualidade dominante

As seis páginas que seguem, do 2 do Público de hoje, lêem-se em meia hora. Chegando ao fim, não vale a pena a leitura, a não ser para se ter uma ideia, pela enésima vez, do que é a intelligentsia actual de uma certa esquerda portuguesa acaparada pela intelectualidade do costume: José Gil, Eduardo Lourenço, José Manuel Sobral (?) , Guilherme de Oliveira Martins e José Adelino Maltez e mais um par de outros.

Estes intelectuais de academia e assimilados falam-nos da identidade nacional, da nossa. E têm em comum o facto de a verem  pelos olhos alheios, de outros que leram nas escolas onde ensinam. O Sobral, avisadamente,  começa por dizer que é contra a tentativa de definição e depois lá entra nas concepções, onde nem falta a dúvida por ausência de "estudos de campo".  Ao ler Sobral sobram dúvidas sobre um nada etéreo e subtil feito de ideias emprestadas. Mas uma certeza sobrevive: "Os problemas têm de ser resolvidos por meios políticos e pelos movimentos sociais". Nem mais.

Eduardo Lourenço, "o grande teorizador dos mitos portugueses",   retoma o labirinto de uma saudade que só ele sente e não se descobre onde a foi desencantar. Seria à Amália do "senhor vinho"? Aqui não falta o salazarismo malvado e o "colonialismo inocente" e sei lá que ismos mais,  além dos poetas Camões, Antero e Pessoa. Lourenço diz que ainda não fez o "luto" pela "perda do Império". Aos 91 anos,  é melhor despachar-se...

O filósofo José Gil faz jus às suas capacidades comunicativas várias vezes demonstradas na tv: uma nulidade de clareza aflitiva que se fixa no écran como matéria etéria sobrevoando o nada. Desta vez,  o mostrengo é o "rito" ausente.

Guilherme de Oliveira Martins é igual a si próprio: gosta do Tintin e principalmente das aventuras no Congo ou da personagem Oliveira da Figueira que vende sonhos em sabonetes. Tal gosto é intertextual, evidentemente.

Passando além desta taprobana de encantos poéticos, os desconhecidos Miguel Real e outro Paulo Borges, para quem "o verdadeiro 25 de Abril ainda não se deu", a atenção fixa-se em José Adelino Maltez, um incansável catalogador de datas e números que nos assegura com o rigor matemático da análise sociológico+histórico+filosófica que não temos direita na extrema, apesar de se colocar nesse lugar mítico da direita perto do centro: "vivemos claramente no regime de Abril". E portanto só temos uma solução: "devíamos reconciliar-nos com o PREC e os capitães de Abirl deveriam ser os nossos heróis..."

Ou seja, precisa-se urgentemente de uma estátua ao lateiro Lourenço e uma peanha para elevar o grande Otelo ao olimpo do mito.

Malhe-o Deus, a este Maltez.



Questuber! Mais um escândalo!