O jornalista João Miguel Tavares, cronista no Público das terças e quintas, desanca hoje por escrito outro jornalista das crónicas habituais em jornais. Motivo? Não se percebe muito bem, mas parece ser pessoalmente político ou de maus costumes entre jornalistas. Não sei bem, mas parece mal. Baptista Bastos é um cromo repetido do jornalismo nacional da esquerda dominante no espaço mediático e talvez seja por isso. O pretexto é o despedimento sumário de que foi alvo o plumitivo que vive com o 25 de Abril na boca e até reportava no Diário de Notícias no tempo de Marcelino, o seu antigo labão.
Na sua última crónica no DN o escriba da nostalgia abrileira parafraseou involuntariamente uns versos de Camões...
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
E a ela só por prémio pretendia.
Os dias, na esperança de um só dia,
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe dava Lia.
Vendo o triste pastor que com enganos
Lhe fora assim negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida,
Começa de servir outros sete anos,
Dizendo: — Mais servira, se não fora
Pera tão longo amor tão curta a vida!
Nesse "ponto final" de Baptista Bastos pendura-se tanta amargura quanta melancolia ressabiada e como o mesmo diz, citando Sartre, "Je suis irrécupérable". Bien sûr que é irrecuperável, Baptista Bastos.
A Raquel de BB é a sempiterna esquerda, bela e esbelta na sua utopia e para azar do destino, Jacob BB só tem a Lia de uma esquerda coxa e mirolha, sem a beleza etérea entrevista nos tempos em que escrevia no primeiro Ponto, jornal que ajudou a fundar em Novembro de 1980.
A beleza da raquel que BB jacob entrevia, numa terra de utopia, está aqui espelhada nesta crónica de reportagem que reflecte o que então o jornalismo nacional também via: uma perfeita fantasia.
Tal como o Jacob de Camões, BB tem andado a servir os sete anos repetidos...agora no Correio da Manhã, onde outro labão o vistoria.
BB é a quintessência do jornalismo nacional que serve um patrão por amor a uma raquel de utopia e em vez da dita só lhe dão a lia. É uma tragédia?
Não: é uma loucura.