sexta-feira, outubro 10, 2014

Bis: Ricardo Salgado e o socialismo democrático...


O jornal i de hoje continua a saga das revelações do que se passou em Dezembro de 2013 numa reunião do Conselho Superior do grupo da família banqueira.
Essencialmente o que hoje se conta é uma prova indiciária, indirecta de que Ricardo Salgado e eventualmente outros, sabiam que o grupo estava mal, financeiramente, pelo menos desde 2009. Recorde-se que nesse ano quem ganhou as eleições, passando sobre o problema Face Oculta ainda oculto da opinião pública, foi José Sócrates com quem Ricardo Salgado se dava demasiado bem e que agora defende ( tal como o padrinho Mário Soares) o seu antigo  parceiro na aventura "keynesiana" , para ficarmos por esta designação política e não entrarmos nas águas profundas do lodo nacional que é a corrupção que estas coisas engendram.
Em 2010, altura da OPA da Sonae à PT que dizia Ricardo Salgado, já depois de saber perfeitamente que as contas do seu ESI estariam falsificadas, como escreve o i de hoje? Dizia que o governo ( José Sócrates) deveria impedir a OPA; accionando como detentor da golden share ( o Estado português, não o Governo, entenda-se) a oposição a tal desiderato.

 Nota apócrifa: a OPA da Sonae à PT ocorreu em 2006. Aqui se conta a cronologia:

 2006
A Sonaecom lança em Fevereiro uma Operação Pública de Aquisição (OPA) hostil sobre a PT, no valor de 11,1 mil milhões de euros. A Portugal Telecom era nesta altura presidida por Miguel Horta e Costa. A Telefónica posiciona-se do lado de Belmiro de Azevedo e de Paulo Azevedo no ataque à operadora.
Henrique Granadeiro assume a presidência da PT a 21 de Abril. "A vida continua para além da OPA e é nessa perspectiva que trabalharemos", disse Granadeiro aos jornalistas no final da assembleia geral de accionistas que o elegeu.
2007
A Sonaecom sobe a contrapartida para 10,50 euros por ação, num montante total de 11,8 mil milhões de euros, em Fevereiro, depois de Belmiro de Azevedo ter afirmado que só subia o preço se encontrasse petróleo ou diamantes na sede da Portugal Telecom.
Em Março, a maioria dos accionistas da PT votaram contra a desblindagem dos estatutos da empresa e cai a OPA lançada pela família Azevedo.
Em 2010 o que ocorreu e justificaria o que foi escrito é outra coisa:  


A Telefónica apresenta uma oferta de 5,7 mil milhões de euros a 11 de maio, tendo mais tarde revisto em alta a proposta para 6,5 mil milhões de euros e, na véspera da assembleia geral de 30 de junho, voltou a subir para 7,15 mil milhões de euros.
A maioria dos accionistas (74 por cento) da PT aceitou a oferta espanhola, contudo, mas o Estado usou as suas acções com direitos preferenciais para vetar o negócio.

Portanto, peço desculpa aos leitores que foram no engodo do que escrevi e que foi precipitado, na medida em que me apercei que havia discrepância de datas, mas não confirmei como devia.

Segue o texto original:


É óbvio que houve conversas entre ambos. O que terão dito? Não há acta e nem sequer "seguranças" israelitas para gravarem às ocultas as conversas. Supõe-se, mas nunca se sabe...
Quem poderia esclarecer mais alguma coisa era o presidente da SONAE, Belmiro de Azevedo, mas quanto a ele, podemos esperar sentados. Diz que têm que ser os jornalistas a contar a "história". Jornalistas? Quem? Os do costume, do Público que financia como se fosse uma ong?


Em 2011, prestes a atingirmos o limiar sem retorno da bancarrota iminente, o mesmo Salgado dizia:


O dito Ricardo Salgado ainda nem há muito tempo, numa daquelas entrevistas de quem sente o rei na barriguinha cheia dizia que o primeiro-ministro Inenarrável que ainda temos, era um político aceitável e  disse também que eram precisos os tais mega investimentos. E não foi assim há tanto tempo...
Tal como não foi assim há tanto tempo- Outubro de 2009- que em entrevista à TSF disse isto:
Ricardo Salgado considerou Teixeira dos Santos «dos melhores ministros das Finanças que Portugal jamais teve».«Na minha opinião pessoal, é muito bom para o nosso país» que continue à frente do Ministério das Finanças, no novo Governo apresentado por José Sócrates, defendeu
.

Nesta altura, em 2011, o grupo Espírito Santo já devia as penas aos pássaros, segundo o i de hoje. Em Dezembro de 2012 a dívida era maior do que a do BPN- "3, 3 bis", como eles dizem. Um ano depois, duplicava os "bis".
Salgado sabia? Claro que tinha que saber e foi isso que o contabilista, para quem remeteu  a origem do desconhecimento,  foi dizer publicamente. O primo Ricciardi soube na altura, segundo se conta no i. E não gostou. E anda agora a desforrar-se obviavemente e com razão.
Quanto ao amigo da onça de Salgado, Marcelo Rebelo de Sousa, acha que isto tudo foi um suicídio da família. O suicida principal, esse, diz que não sabe quem foi...porque é demasiado esperto para querer saber. Mas sabe, claro que sabe e anda a encobriro dito cujo.
Tal como o fazem o padrinho don Mário e o afilhado pindérico que ainda há-de dar muito que falar. De repente, o argumentário destas personagens deixou cair o acrónimo "bpn" do léxico corrente, porque de facto seria demasiada lata para tanta pouca-vergonha.
Espera-se que nos próximos capítulos da saga se descubra por que razão estes padrinhos e afilhados andam tão pressurosos a esconder o que é óbvio e toda a gente vai entender: as bancarrotas têm sempre a mão socialista. Democrática. É o chamado óbvio ululante.





5 comentários:

Floribundus disse...

a familia socialista e rikki
continuam muito salgados,
mas agora somente na cml

não ratem demasiado que ainda acabam ratados

porque o 'merceeiro' já colocou a máquina a funcionar

de quando em vez 'um pingo de solda no olho'

Unabomber disse...

A OPA da Sonae não foi em 2010.

Dudu disse...

A golden share da PT (e outras) acabou por imposição do Tribunal Europeu de Justiça.
A venda da Vivo só teve luz verde depois do encontro reservado entre Sócrates e Lula; quando por este foi prometido intervir junto da Oi para a continuada "internacionalização" da PT no Brasil.

josé disse...

Têm toda a razão. Já corrigi a minha precipitação derivada da pressa em escrever e não confrontar fontes que até são fáceis de verificar na net e até no meu blog.

Já pedi desculpa pública e fico agradecido pela correcção. Ainda bem que estão atentos.

carlos disse...

O negócio da venda da VIVO tem que ser bem explicado num dia destes. A Telefonica fez uma primeira proposta. O Governo/Sócrates accionou a golden share argumentando com o interesse estratégico da Vivo para o país. Na semana seguinte, a Telefonica põe mais 380 milhões de euros em cima da mesa. O Estado fica calado: o interesse estrategico desaparecera. Quem lucrou? Não o Estado porque era apenas um accionista simbólico e sim os accionistas privados com o BES à cabeça.No fim do ano, o Governo ainda isentou os lucros da venda de impostos. Maior frete era impossível. Só não vê quem não quer.

O Público activista e relapso