Observador:
O ex-ministro Manuel Pinho vai avançar com um processo judicial
contra o Banco Espírito Santo para receber uma reforma antecipada que
lhe terá sido prometida por Ricardo Salgado. Em causa está um valor
superior a dois milhões de euros.
O semanário Expresso
adianta neste sábado que Manuel Pinho, que deixou de ter funções
executivas no BES no início do ano, reclama que lhe sejam pagos os
salários a que teria direito entre uma reforma antecipada que Ricardo
Salgado lhe teria garantido e o momento em que atingiria a idade legal
de reforma. Segundo o jornal, Manuel Pinho tem uma carta do antigo
presidente do BES a autorizar a reforma antecipada e a prometer o
pagamento dos salários previstos até que Manuel Pinho, na altura com 55
anos de idade, chegasse aos 65 anos.
Quando faltavam cinco anos para Manuel Pinho, em 2013, ano de
prejuízos históricos para o BES, o banco promoveu alterações no
Regulamento do Regime de Pensões de Reforma dos Administradores. Aí,
Manuel Pinho, que recebia um salário mensal bruto de 39 mil euros (14
meses por ano) como administrador de uma “holding” sem atividade, a BES
África, questionou o banco sobre a sua situação e tentou receber o valor
que faltava. De preferência, à cabeça. Mais de dois milhões de euros. O
Expresso diz que Rui Silveira, antigo administrador do BES, recusou.
O antigo ministro da Economia (!) Pinho era, segundo notícias da época, um dos génios da alta finança do BES. Trabalhava para o banco de Ricardo Salgado. Logo que foi a ministro. o BES ainda era o maior e Pinho ajudava José Sócrates na governação.
No final do ano de 2005, Pinho confirmou Mexia, que tinha sido empregado do BESI e ministro de Santana, na EDP. É o que diz o Público do passado Domingo.
Em Fevereiro de 2006, a OPA da Sonae tropeçou em Pinho e Sócrates e estatelou-se. Salgado ficou a ganhar.
Em Abril desse ano, o BCP foi tomado de assalto pelo comendador da Bacalhôa e outras sombras. O BES emprestou dinheiro ( 280 milhões) para a investida.
Em Outubro desse ano Pinho autorizou a TAP a conprar a Poprtugália, do GES, por 140 milhões. Diz o Público que tal foi visto como "um favor do ministro ao ex-patrão".
Em Julho de 2009, o Pinho fez aquelas figuras tristes na AR e só assim foi despedido sumariamente, numa indignação postiça e jacobina que só o PS consegue apresentar como sinal de dignidade democrática.
Em 2010, o mesmíssimo Pinho arranjou um emprego novo, pago por uma EDP que ainda tinha umas shares do Estado. Mexia mexeu-se, com grandes dúvidas de alguns sectores:
A eléctrica portuguesa fez uma doação à School of International and
Public Affairs (SIPA), num montante que pediu à Universidade
nova-iorquina para não divulgar e que tem como uma das iniciativas o
seminário sobre energia renováveis que vai ser leccionado pelo
ex-ministro da Economia.
"Manuel Pinho será professor visitante
School of International and Public Affairs (SIPA) da Universidade
Columbia. A sua posição faz parte de uma série de novas iniciativas que
estão a ser apoiadas pela EDP", disse ao Negócios fonte oficial da
Universidade e Columbia.
Agora que acabou a subvenção, Pinho quer a reforma. Dourada. Dois milhões. Prometidos por carta escrita de Salgado.
"Num chega", dizia o outro colega de governo. Uma carta de conforto para assegurar uma reforma desse calibre "num chega" e Pinho vai ter que enfileirar na lista de credores reclamantes na insolvência do banco. Para a qual, aliás, poderá ter contribuído...