sábado, maio 02, 2015

Portugal anos 50

Imagens da revista O Mundo Ilustrado dos anos de 1952 e 1953 e um editorial que define o entendimento de um regime, nessa ápoca.










E um arroubo  a propósito da "alma lusitana". O Mito não anda longe: 





16 comentários:

Zephyrus disse...

Isso da Alma Lusitana... é muito forçado.

A alma a Sul de Montejunto-Estrela é outra.

Tal como percebeu Orlando Ribeiro.

Zephyrus disse...

O fado não é uma canção nacional.

É um estilo urbano de Coimbra e de Lisboa. Não representa certamente a cultura do país, embora faça parte de nós, não nos representa na totalidade. Recordo-me de ouvir J. Hermano Saraiva recordar isto num dos seus programas.

Zephyrus disse...

Estes artigos já existiam no século XIX.

É o mito do Bom Povo, escolhido pela Providência pelas suas qualidades para liderar o Quinto Império.

Quem desmitifica bem o Bom Povo é Vasco Pulido Valente.

Um homem conhece-se pelas suas obras, dizia Paracelso.

Um povo também se conhece pelas suas obras.

Ora não vejo obra de portugueses que luza nos últimos séculos. Mas vejo dos judeus, teutónicos ou ingleses.

Zephyrus disse...

Não valemos o que nos ensinaram que valíamos e o mito... é apenas uma história fantasiosa.

Seria óptimo que isto entrasse de vez no estado mental dos portugueses para vermos Moinhos em vez de Gigantes e encararmos a realidade sem fantasias nem sonhos. Ver as coisas como efectivamente são para que possamos vingar sem necessidade de uma nova ditadura.

Vivendi disse...

José,

Os mitos são o que são.

Se no tempo do Estado Novo havia um grande respeito pelo passado é natural que se tenha criado ou recriado uma essência mitológica (mas nunca esquecer que Salazar não era um homem de sonhos).

E agora não temos mitos também?
Temos e não são poucos e até temos mitos aldrabados, o mais famoso de todos é o mito "fassita" criado pelos Abrileiros.


José disse...

Eu gosto de Mitos. O que não gosto é que os ponham onde não devem estar.

Ou moinhos são moinhos. Não são castelos. Quem os confunde é que redimensiona a realidade.

Fantástica.

Zephyrus disse...

Esta mitologia do Bom Povo, da ajuda da Providência e do destino do Quinto Império é radicalmente diferente da mitologia grega ou das mitologias de inúmeros povos dos quatro cantos do planeta.

A mitologia grega usa uma linguagem simbólica para transmitir verdades universais sobre o universo mental do Homem.

Estes mitos portugueses têm um carácter messiânico e uma visão linear da História. Esta escatologia tem provavelmente influência da comunidade sefardita que por cá esteve durante mais de mil anos.

José disse...

O "estudo" do padre António Vieira, sobre as trovas do Bandarra enquanto esteve em prisaõ preventiva é um achado.

O padre jesuíta deu a volta ao putativo texto herectico juntanto o cristianismo ao judeismo através da conversão deste àquele...

Passaram centenas de anos e estamos na mesma...ou seja, cada um para o seu lado.

A profecia foi como a da ressurreição de D.João IV.

Miguel Dias disse...

Para Portugal reencontrar o rumo do desenvolvimento económico, social e cultural precisa de destruir alguns Mitos: o mito da Esquerda, o mito do Proletariado, o mito do Comunismo. Em suma precisa de uma "revolução" mental. Estes mitos foram analisados e dissecados por Raymond Aron e possuem uma perniciosa influência na nossa Nação. Portugal ainda está refém da doutrina djanovista do comunismo internacional, uma Nação bloqueada pela influência do maio de 68 e pelas teorias de Gramsci. A mente dos portugueses necessitam de se libertarem do leninismo e do materialismo histórico.

Floribundus disse...

nas férias da canícula comprava esta revista em Mação onde ia no maximbombo

a areia para as avenidas em redor da Pr de Londres saiu da quinta onde vivi

os mitos portugueses parecem ter origem sefardita e mourisca
há neles elementos que nunca aceitei: tristeza do exílio e regresso de Babilónia e do Egipto, o templo como local de culto e feira, o destino, o choradinho de desgraçadinho, a culpa é sempre dos outros

o que não está explicito encontra-se implicito

os mitos tiveram e continuam a desempenhar a mesma função nos novos mitos urbanos

a condição humana não os dispensa

a CRP está cheia de mitos, parece o V império ou o 'cesto'
os noticiários dos fabricantes de não-noticias

Maria disse...

Miguel Dias, o seu comentário das 23.56 vale cinco estrelas.

De facto temos de nos libertar dos mitos que cita e que nada nos dizem porque nos foram impostos do exterior e conservar apenas os nossos verdadeiros mitos, aqueles que se foram cimentando ao longo dos séculos neste pedaço de terra chamado Portugal que deu origem ao Povo que somos.

josé disse...

"A mente dos portugueses necessitam de se libertarem do leninismo e do materialismo histórico."

Por isso é que considero que o principal motivo da nossa decadência nos últimos 40 anos é exactamente isso: a prevalência do socialismo e comunismo, fenómeno que começou a gerar-se nos anos 40 como atesta bem o intelectual de esquerda Eduardo Lourenço.

Salazar não se apercebeu disso? E se se apercebeu achou que a melhor maneira de lidar com tal coisa seria a Censura?

Aí está um dos erros fundamentais do regime de Salazar, quanto a mim.

Outro erro consistiu na mitificação das Glórias do Passado.

Esses dois ingredientes cimentaram o actual jacobinismo-leninismo.

Há outros ( Dragão) que acham que não e que afinal se retomarmos ideário de Salazar seremos salvos...

Miguel Dias disse...

José,
tem toda a razão, a raíz da decadência nacional, a causa da crise que actualmente atravessamos é o socialismo/comunismo que floresceu e se desenvolveu pós 25 de Abril de 1974. O Mito da Sociedade Socialista (o Paraíso na Terra), o Mito do Planeamento Económico, o Mito da sociedade sem classes enterrou-nos bem fundo.
Obviamente que Portugal, em 1974, precisava de reformas políticas e económicas, sobretudo na legislação laboral, afinal a adesão à EFTA isso implicava, e que estava a ser efectuado, um exemplo é a SEDES. O que Portugal não precisava era de um PREC, das nacionalizações, do monopólio estatal da economia, e da tentativa de instaurar uma sociedade socialista.

josé disse...

Mas olhe que essa explicação é polémica porque ainda há quem entenda que afinal o que precisávamos era mesmo continuar o regime de Salazar sem Salazar.

Acha isto razoável, inteligente ou até possível?

Miguel Dias disse...

"continuar o regime de Salazar sem Salazar"

Nem razoável, nem inteligente, nem - logicamente - possível. Um olhar sobre a História e a evolução da Humanidade permite-nos concluir que contextos históricos diferentes exigem soluções económicas e políticas adequadas a cada tempo. Obviamente que existem ideias perenes e valores eternos se queremos que a Humanidade sobreviva e evolua, nisto tenho uma concepção conservadora da natureza humana, mas cada sociedade exige conduta adequada aos problemas que enfrenta e que podem ser diferentes do que encarou ontem.

Salazar teve mérito na sua política, e na obra do Estado Novo, mas em 1970 o tempo e o contexto económico/social eram outros - consequentemente os problemas a enfrentar pela sociedade portuguesa - que exigiam outra conduta política. Como o próprio diria "saber adaptar-se às circunstâncias". A eterna questão"a verdade é filha do tempo"?

José disse...

A minha pergunta não é inocente porque continuo a acreditar que Marcello foi o melhor que pudemos ter nessa altura.

Imagino se fosse Franco Nogueira, o que teria sido...

O Público activista e relapso