O Estado Novo de 1933 aparece com uma Constituição cujos princípios não eram declaradamente os
mesmos dos "países democráticos" ocidentais.
Tal era assumido sem peias, após a experiência caótica dos anos precedentes e proclamou-se a superioridade do
modelo como novo, "para abraçar
toda a actividade familiar, económica, social e espiritual da Nação,
ajustando-lhe as instituições políticas em concordância com a sua índole e
construindo o Estado sobre as realidades da existência coleviva."
Em 1930, a União Nacional que se criou visava integrar a Nação na sua
estrutura política em via de se definir e "enquadrar nas suas fileiras de
uma organização única, estranha a qualquer espírito de partido, quantos
estivessem dispostos a trabalhar pela realização das ideias do nacionalismo
português".
Em 1937 o Estado Novo proclamava que "Portugal é hoje
um país onde reina a ordem, existe a certeza do dia seguinte e a tranquilidade
indispensável ao fecundo exercício das
actividades produtivas", porque "foi pela resolução do problema da
ordem pública e da questão financeira que o País recuperou a consideração
externa de que dependia a restauração do seu prestígio internacional".
"O terrorismo só é possível onde a matéria plástica da
mentalidade colectiva está pronta a reagir simpaticamente. Num país onde se
criou uma unidade moral e com ela a convicção da estabilidade das instituições
e do valor da paz interna, os terroristas estrangeiros e os seus discípulos
perdem o tempo e o feitio.
E a demonstração está feita. E está mesmo provado que
tentativas dessa natureza só servem para estimular o espírito de defesa do
grande número dos cidadãos que se erguem à compreensão da necessidade de se
organizarem para a resistência contra os que pensem em perturbar a paz interna
e ameacem a segurança dos lares portugueses.
Foi da lição do comunismo espanhol que resultou a formação
dessa força magnífica de choque, decidida e pronta, que é a Legião Portuguesa.
"
Estes excertos são da obra O Estado Novo- Princípios e
realizações, edição SPN 1937.
O terrorismo referia-se inequivocamente ao comunismo internacional e que tinha chegado às nossas
portas nesse tempo da guerra civil de Espanha. Estaline estava na URSS e a
ambição internacionalista e "proletária" era evidente.
O Portugal de Salazar defendeu-se programaticamente para manter os
valores que não eram de modo algum os comunistas. Deus, Pátria e a Família que
não eram conceitos discutíveis publicamente.
A ideia básica de Ordem nas finanças públicas, na sociedade
e na administração conduziu necessariamente à repressão de quem a pretendia subverter para substituir por uma
outra ordem , no caso, comunista.
Na Educação, em 1936
operou-se uma mudança estrutural e fundamental: "ela
corresponde a uma nova compreensão , integral e perfeita, da missão do Estado
na formação das gerações mais novas.
Até aqui cuidara-se
apenas de instrução, entendendo-se por instrução a cultura intelectual que se endeusara
ao ponto que a preparação física e moral deixara de contar. O nosso ensino
fabricava em série uma multidão de pequenos sábios, com o cérebro mobilado por
um sem-número de noções mal assimiladas
e de conhecimento em confusão que faziam deles enciclopédias baratas.
(...)Rompeu-se com o estéril enciclopedismo racionalista para se lhe sobrepor a
visão da finalidade de uma educação capaz de criar homens robustos, possuidores
das grandes noções fundamentais para a sua função social e das virtudes do
civismo e moralidade que se exigem nas gerações a quem havemos de confiar o
destino de Portugal. "
Destes conceitos nasceram a Mocidade Portuguesa e a Obra das
Mães pela Educação Nacional e o SPN-
Secretariado para a Propaganda Nacional que era um organismo de formação
cultural dessas ideias, através de prémios literários e artísticos e a criação
do Teatro do Povo e do Cinema Popular, para divulgação "pelos confins das
províncias, às pequenas aldeias perdidas. essa forma moderna de expressão
artística e de proveitosa lição das coisas."
Para além disso, "deve-se
ao Estado Novo o ressurgimento da ideia de Império e com ela a formação de uma
nova consciência das coisas coloniais. Recuperamos uma mentalidade afirmativa e
construtiva, inflexivelmente disposta a realizar a nossa missão de grande
potência. Renasceu o espírito de legítimo orgulho, de amor ao domínio, de
tenacidade e decisão. Renasceu a vontade portuguesa de Império". E tal foi proclamado oficialmente e com valor
constitucional, no Acto Colonial de 1933 que "constitui o diploma
fundamental do Império".
Eram estes os valores do Estado Novo, essencialmente. "Uma
concepção ocidental e cristã filiada no espírito da civilização nacional".
Devemos envergonhar-nos disto que foi a nossa História
pregressa dos últimos 40 anos anteriores a 1974? Não, no meu modesto entender.
Em 1974 tudo isto ruiu com fragor porque o edifício que o
Estado Novo foi construindo estava minado quase desde o início, pelas infiltrações intelectuais da esquerda então reprimida mas subterraneamente activa. Praticamente desde os anos 40, conforme é
reconhecido por aqueles que se lhe opunham.
Para sustentar essa Ordem e escala de valores que provinham da nossa ancestralidade católica e ocidental, essencialmente
anti-comunistas e assentes no temor do que ocorrera na Guerra Civil espanhola , o
Estado Novo carecia de meios e um dos mais evidenciados tornou-se a Censura das
ideias esquerdistas comunistas.
Esta matriz do Estado Novo que proclamava efectivamente uma
concepção ocidental e cristã e filiada na civilização nacional não poderia
permitir veleidades de propaganda ao adversário que a procurava minar e destruir em nome
de um internacionalismo comunista e que afrontava nitidamente os princípios da
civilização ocidental e cristã. A defesa era então legítima. Os meios poderão no entanto, ter-se revelado excessivos.
Uma das formas que o Estado Novo encontrou para enfrentar
tal ameaça ( e é preciso não esquecer que o comunismo estalinista desse tempo
era infinitamente mais duro e eficiente na repressão de quem se lhe opusesse,
pois para o provar estão documentados os "processos de Moscovo" da
mesma época) foi a Censura, para a além de uma polícia política de defesa do
Estado.
A defesa do Estado Novo contra o comunismo passou sempre por
aqui: a repressão pura e simples, com eventual prisão, das pessoas que aderiam
a ideias comunista e quisessem propagandeá-las em modo subversivo, partidário ( o PCP era já
uma força política clandestina, proibida naturalmente, na lógica do que se
passara em Espanha, como hoje é proibido o "fascismo") e ao
mesmo tempo a uma política oficial de silenciamento generalizado da propaganda dessas ideias, com pequenos requintes de inquisição vinda directamente do século XVI ( com um index librorum prohibitorum quase recalcado da Igreja Católica)
A Constituição de 1933 assegurava como direitos dos cidadãos
a " liberdade de expressão de pensamento sob qualquer forma", bem
como a "liberdade de reunião e associação", no artigo 8º na redacção após a revisão de 1959. Porém, num
parágrafo subsequente estabelecia que " Leis especiais regularão o
exercício da liberdade de expressão do pensamento, do ensino, de reunião e
associação, devendo quanto à primeira impedir preventiva ou repressivamente a
perversão da opinião pública na sua função social, e salvaguardar a integridade
moral dos cidadãos".
Portanto, a legitimação da Censura era constitucional desde
1933 e com o objectivo declarado de poupar os cidadãos à propaganda comunista e
de subversão de outros costumes.
A questão que se pode colocar e que me parece fundamental dilucidar é saber se tal Censura foi
eficaz nessa prevenção, se foi adequada e se resultou em algo positivo ao longo
dos mais de quarenta anos que durou, porque se estendeu até 1974.
Para tal, importa
saber como se fez e que evolução tomou, no contexto político social das décadas
em que vigorou.
Tentar-se-à a seguir compreender como tal aconteceu.
64 comentários:
actualmente temos outro tipo de censura
a desinformação e contra-informação dos órgãos de comunicação socialista
'um estado fraco,
torna fraca a forte gente'
os syrizas estão na ordem do dia
quanto ao funeral do rectângulo
'que descanse em paz e que o Senhor o acompanhe'
Moinhos de vento. Em liberdade, sem censura, o comunismo definhou. Não passa de uma força marginal. O que me leva a perguntar:
Para quê censurar ideias (comunistas) se em liberdade se obtém resultados melhores?
.
A censura tem sentido em situações excepcionais, como em tempos de guerra. O comunismo, em si mesmo, enquanto uma ideia politica não deve ser combatido nem recriminado. A natureza das coisas encarrega-se de o colocar no devido sítio. É o próprio povo que o afasta. Não precisamos de um paizinho que nos diga o q é melhor.
.
Bem diferente são outras ideias q atentam contra pessoas concretas e estas sim, devem ser proibidas, nunca censuradas. Ideias como o racismo, nazismo etc.
.
Rb
O que é que a "ideia" de nazismo tem de intrinsecamente mais perigosa que a de comunismo?
Aliás, o que é que as ideias têm de perigoso.
Se têm, então deve haver cuidado em não as deixar propagar.
Ou será que o problema é o que se faz com as ideias e isso são práticas e não pensamentos?
E o que se faz com a ideia de nazismo não é nada de diferente do que se pode fazer com a ideia de comunismo
Porque o comunismo desaparece em liberdade, se for nos países que já impuseram comunismo de Estado.
Nos outros sabotam tudo.
A ideia de racismo é base de Estado moderno- em Israel é lei. Até existe apartheid e não é só por wishful thinking- é prática social.
http://expresso.sapo.pt/cultura/2015-06-27-Consul-de-Portugal-quer-que-justica-brasileira-decida-o-destino-da-biblioteca-de-Marcello-Caetano
Á atenção do José.
Estas questões nunca se podem ver de forma transhistórica.
Não há nisto tudo, incluindo censura, qualquer explicações estruturalista.
Em determinadas épocas pode fazer sentido; noutras não.
Do que me lembro cá, em meados dos anos 70, dá-me ideia que não servia para nada. Antes pelo contrário- no caso de livros e assim. Agora em relação a organizações políticas a coisa pode ser diferente.
O problema das ideias são as militâncias.
Porque o fanatismo é cego.
Ainda assim, eu não vejo- nos tempos presentes- qualquer vantagem em relação a censura.
Nem sequer os tais "segredos de Estado" que tantos defensores da liberdade na casa dos outros acham que sim. São os mesmos que também não enxergam racismo em Israel e apenas o nazismo é perigoso.
A wikileaks também devia ser proibida por causa do respeitinho.
Portanto, o que se pode concluir é que os que traçam tabelas entre o que é perigoso e mau e o que é bom e inofensivo, são uns hipócritas
Mas o mundo presente está a abarrotar de censura e ela é feita da forma mais eficaz- são as causas e mailas fobias e as tabelas de ódio.
todo o defensor da liberdade tem index da moda a que rende culto e persegue o próximo agitando esses espantalhos.
José... O Estado Novo acabou entalado entre o comunismo e o liberalismo.
Basta ver o que aconteceu de novo no mundo esta semana.
Os ventos da história querem destruir a todo custo a tal ideia de "Uma concepção ocidental e cristã filiada no espírito da civilização nacional".
Pois. Mas uma coisa é censura como limite à propaganda. Outra é censura como limite ao pensamento.
Abstractamente é muito fácil de confundir os dois, mas na prática as coisas tendem a ser muito diferentes.
O marxismo pode ser uma ideia como tantas que passaram e hão-de passar. Mas como fundamentalmente apela à - aliás, dá-a como inevitável e científica - a subversão da ordem existente, de qualquer ordem excepto a sua, é um absurdo pensar que a livre propaganda de tais ideias é inócua. E é evidente que a única forma para a qual tende a expressão de tais ideias para efeitos propagandísticos é a agitação.
A propaganda combate-se com propaganda e, eventualmente, com censura dos meios propagandísticos para limitar a capacidade de agitação e subversão da ordem pública, sem a qual desaparece logo à partida qualquer possibilidade de debate de ideias.
E as ideias combatem-se com outras ideias. Mas a agitação propagandística não se combate com ideias.
Discordo completamente que tenha sido a censura a principal razão pelo que aconteceu pós-25A. Essa impressão vem do recorrente e sistemático subestimar da técnica marxista, sobretudo comunista, de doutrinação e propaganda. Uma vez obtido o poder, era fatalmente assim que as coisas se passariam.
Acho que ninguém disse que foi a censura que causou o 25 de Abril, mas enfim...
O que se disse é que a censura tornou apelativo o marxismo-leninismo-maoísmo e não havia crítica a essas coisas pelo facto de serem proibidas.
Agora, ao que assistimos hoje não é o mero limitar da propaganda com vista a preservar a ordem pública. Qualquer expressão pública de reserva em relação às noções dominantes é imediatamente atacada na própria pessoa de quem as faz.
A partir do momento em que um indivíduo seja reconhecido como tendo certas ideias, é atacado em todos os aspectos da sua vida sem descanso até que ceda e se humilhe perante os seus detractores. E nem isso permite redenção. É para sempre "excomungado".
Com efeito, é o pensar de maneira diferente que se criminaliza. Isto não é censura, é puro totalitarismo.
Pois não zazie, ninguém disse.
Também ninguém disse que a chuva cai de cima para baixo, pois não?
Discordo completamente que tenha sido a censura a principal razão pelo que aconteceu pós-25A.
V. precisa de óculos.
O pós-25A foi preparado nos anos sessenta, altura em que os nossos intelectuais que já dominavam os media escritos se educavam pelos franceses, dando sempre prevalência a Sartre em detrimento de Aron.
Porém, essa tendência ( esse vento da História) já soprava desde os anos 40, como afirmou recentemente Eduardo Lourenço.
A Censura não evitou essa tendência porque quem queria estudar e ler marxistas fazia-o na mesma ( as universidades e a crise de 1962 provam-no) e não preparou os que não tinham estudos ( incluindo os militares de Abril) para resistirem aos cantos de sereia da esquerda comunista.
E isso deve-se à Censura, a meu ver.
O PCP tinha meia dúzia de milhar de militantes ferrenhos em 74. Dali a meses eram dezenas de milhar...ferrenhos na mesma mesmo sem cartão de partido.
E isso afectou a sociedade portuguesa no seu todo. As nacionalizações só foram possíveis por falta de formação política da sociedade.
A propaganda nazi conseguiu captar o voto de uma significativa parte do eleitorado alemão, antes da guerra. Provavelmente durante a guerra, mantinha-se esse sentimento alemão.
Actualmente qualquer propaganda nazi é desqualificada. Porquê? Porque foi possível mostrar que o nazismo actualmente não é doutrina que se possa ou deva cheirar.
Porque não se fez o mesmo com o comunismo estalinista cuja semelhança com o nazismo é mais que muita?
Por outro lado a propaganda é quase sempre contra-producente na medida em que edulcore ou torne suave algo que o não é. Ou vice-versa.
A propaganda, tal como a publicidade, mente e quando as pessoas se apercebem da mentira torna-se inócua.
O melhor é a informação esclarecida e livre, ou seja, segundo critérios que sejam as redacções a propor e aplicar.
A Censura esconde a mentira e ao mesmo tempo não elucida sobre a verdade.
A propaganda imbeciliza as pessoas.
Portanto, ninguém fica mais esclarecido se receber doses de propaganda contrária patrocinada pelo Estado.
É ver os efeitos históricos da propaganda. A Coreia do Norte ainda os tem.
A propagada é mesmo a coisa mais perniciosa que existe.
Tenho pó a todo o tipo de propaganda.
E penso que actualmente essa treta do marketing e publicidade e redes sociais e mais tv só serve para isso mesmo- para fazer passar memes de propaganda besta.
Depois toda a gente repete aquilo porque está na moda e porque deixam de saber pensar.
A Censura tal como funcionou até ao 25A foi uma enorme estupidez.
Vou tentar demonstrar quando tiver tempo.
O mundo às avessas está a ser feito por propaganda. Toda essa imbecilidade da ditadura do politicamente correcto é injectada por propaganda.
Acho estranho é que haja ateus que consideram estúpida a doutrina religiosa mas depois defendam a bondade da doutrinação ideológica pelo Estado.
Pois foi, José. Cada vez me convenço mais disso.
A propaganda que funciona actualmente é a dos mêmes do politicamente correcto. Facilmente ganha aderentes...
Na publicidade a mensagem não é geralmente para levar a sério, mas se for bem passada tem o mérito de captar a atenção por esse processo lateral de influência.
Bimbo! Ora...com muito gosto.
E pronto, da próxima vez na prateleira do super se calhar vai o pacote de Bimbo em vez do da padaria ao lado.
Sou alérgica a publicidade. Nem sei explicar, é como o Fellini.
Não gosto do impingir. Não suporto sequer essa ideia de estar a ser engrominada.
Mas, o que tem piada é como os extremos se tocam.
Os uber acabam a defender o mesmo que os comunas- um povão hipnotizado ao som do batuque.
O mais estranho é que depois querem que seja deste povão acéfalo que nasçam as tais super-elites.
A publicidade não me afecta muito porque não a levo a sério. Era como o Mourinho, nunca o levava a sério. Quando começou a ganhar e a ganhar comecei a pensar se não era para levar um pouco mais a sério e de vez em quando até penso que sim...mas dali a pouco vejo o que disse sobre isto ou sobre aquilo e não dá para tal.
A publicidade é uma espécie de paisagem estética que na maior parte dos casos é poluição visual, mas tem cores e já faz parte da paisagem.
Sim, no sentido de publicidade televisiva ou assim, até gosto de alguns anúncios.
Mas não suporto o assédio telefónico ou o de porta-a-porta.
A publicidade americana das revistas sempre me fascinou pelo lado estético.
A da marca de cigarros Camel era de tal modo que me levou a procurar essa marca em 1976, mum certo modelo de maço, quando havia restrições de importação...
A publicidade a discos então era fundamental e imprescindível. Ou a aparelhagens hi-fi.
Essa é que me levava sempre ao fascínio pelo produto. Porque não enganava.
Assédio telefónico meo zon e quejandos é uma praga. Nem lhes dou dois segundos...digo logo que não quero nada como se fazia dantes aos ciganos que andavam pelas portas...
Mas repare que até na net é preciso desencantar uma série de tretas protectoras porque é só pop ups a saltarem por todo o lado para venderem tretas.
Isso e cartão de crédito. Conheço quem trabalha em publicidade e caia na vigarice.
Praga, praga mesmo. Passo a vida a mandar emails para me retirarem o número dessas bases de dados.
É difícil fazer-se uso destas traquitanas de comunicação porque foram infestadas por essa imbecilidade.
A propaganda não imbeciliza nada as pessoas. Essa é uma noção infantil.
A propaganda é um instrumento que todo o estado moderno - burocrático e assente no consentimento dos governados - necessita. E todos a empregam. Não é só a Coreia do Norte (já agora, a zazie já viu a propaganda da Coreia do Norte, ou está a falar de cor?) Lá por os modernos estados ditos democráticos delegarem as funções propagandísticas a interesses particulares que não dominam (e que, por isso mesmo, acabam frequentemente a dominar o estado), não quer dizer que não lhes faça falta ou que não procurem servir-se dela.
A função essencial da propaganda é informar com vista à mobilização. Nenhum estado, nenhum governo, pode ser bem sucedido sem alguma capacidade de mobilização das pessoas.
De resto, o José tem razão quando diz que a censura esconde a mentira mas não esclarece a verdade. Essa é a função da propaganda.
Uma propaganda que difunda mentiras só é eficaz se não tiver a oposição de uma propaganda que difunda a verdade, precisamente porque se demonstrada a mentira não só perde o efeito como se lhe torna prejudicial.
Num mundo ideal, a iniciativa particular faria esse trabalho e a concorrência regulava a questão. Mas não é um mundo ideal, e portanto o estado e os governos não devem alhear-se desse problema.
Estou a falar de cor. Nunca vi aquela gente toda a marchar que nem zombies.
A propaganda é o Big Brother. A verdade nasce do debate, não nasce de propaganda de sentido contrário.
Com a agravante de que toda a propaganda que é feita pelo poder e com censura e consequências para quem a não acatar se tornar uma medida bruta de imposição de força de Estado.
Achar o contrário é falar como os neotontos que acreditam que somos todos livres e tudo funciona em pé de igualdade.
Mas v. é maluco. Acredita que num país com censura há propaganda de megafone na mão a que o Estado deve responder com propaganda de megafone igual.
V.s são apalermados ou então é mais grave e, de facto, já têm a cabecinha esturricada há muito.
Eu não conheço essa geração que v. me apresenta como a geração de Direita que existe em Portugal.
Não conheço. Ponto.
Conheço de esquerda com diversos cambiantes e outros que não são nada.
Portanto, se a tal que é a da Direita é a que defende propagandas militantes pelo Estado, a esardalhada está aí para dar e durar e passa a perna até do modo mais simples.
Sim, só V. é que a tem boa... Tão boa ou tão má que nem lê o que os outros escrevem, e diz logo que dizem coisas que não disseram, tanto que parece que é cega ou bêbeda. Vá pentear macacos mas é...
E há-de ser que é por isso que não existe Direita em Portugal e quando aparecem coisas a dizerem que o são, são bestialidades mongas.
Mas eu apresentei-lhe alguma geração de Direita? Beba água.
Eu li mal mas ia dar ao mesmo. O José respondeu-lhe por mim.
A ele não insulta porque é assim.
V. diz que é e passa a vida a dizer que conhece muita gente que pensa de forma idêntica e que nós é que temos a mania que não existe.
Pois se são assim e defendem essas imbecilidades totalitárias, então estamos mesmo tramados.
E v. não é parvo.
Mas, pelo que vai dizendo e até pelo nick e outros feedbacks que vai deixando, dá para perceber que não foi por debate racional que encontrou esse lugar político.
Porque tudo o que defende é sempre de forma totalitária e por instrumentalização mental.
Não insulto o José porque não tenho nenhuma razão para tal.
Nem a insultaria a si, se V. não passasse ultimamente o tempo a chagar-me. É que nem é o insultar nem o chamar nomes. É o inventar cenas que diz que eu digo. Assim não progredimos já lhe disse.
Vá dar banho ao cão.
Eu estou-me nas tintas para insultos. Nem ligo. Troquei uma treta mas ia dar ao mesmo.
Aquilo que v. defende é esta palermice:
Num Estado em que é são proibidas associações políticas sem aprovação superior e onde qualquer partido comunista era ilegal, assim como tudo o que tivesse cheiro a doutrina marxista, v. diz que as pessoas ficariam mais esclarecidas se o Estado ainda as bombardeasse com os malefícios daquilo que já proibia.
Portanto, o povo ficava mais esclarecido se apenas pudesse ouvir umas das partes e se esta ainda fosse mais convincente a mostrar os motivos pelos quais silenciava a outra.
Isto é uma anedota que só pode vir de um filho de Abril.
Não viveram nada e inventam umas maluqueiras por palermices de tribalismo virtual que cultivam.
Trocou trocou...
Está sempre a trocar "tretas"...
Olhe, se eu sou filho, V. é mãe.
Só tem que se queixar da linda merda que deixou fazer.
Viveram tanto e não aprenderam nada...
Ora aquilo que o José diz e com o qual cada vez mais tendo a concordar é uma coisa simples- um regime destes, que ao mesmo tempo nem controla ou proíbe editoras e apenas faz arresto depois dos livros estarem cá fora, acaba por tornar o fruto proibido o mais apetecido.
Porque havia mais maneiras e alternativas de se defender outra coisa sem ser o comunismo.
Mas o que vingou no PREC foi o tal fruto proibido.
Serviu de muito. Ainda está aí pronto a servir e com adeptos que mete dó.
Se tem problemas com o que a mãezinha fez, mande-a limpar que eu não sou da sua família.
Como v. é maniqueísta e defende uma ditadura contra outra ditadura porque o seu inimigo principal é a democracia, está visto que faz sentido.
Acha que o problema do Estado Novo foi ter sido frouxo.
Os comunistas acham o mesmo dos azares deles.
Eu não acho que o Estado Novo tenha sido frouxo. Frouxos foram os que achavam que não podíamos ter Estado Novo só porque os outros também não tinham. É como a guerra. Não a podíamos ganhar porque os outros não ganharam...
Isso é que é ser frouxo.
Os comunistas não pensam assim, isso não.
“A propaganda nazi conseguiu captar o voto de uma significativa parte do eleitorado alemão, antes da guerra. Provavelmente durante a guerra, mantinha-se esse sentimento alemão.
Actualmente qualquer propaganda nazi é desqualificada.” [José]
É desqualificada ou é proibida? Será que sem a proibição ela não continuaria a ser popular na Alemanha de hoje?
“A propaganda, tal como a publicidade, mente e quando as pessoas se apercebem da mentira torna-se inócua.” [José]
O problema é que raramente as pessoas se apercebem da mentira quando ela não é esclarecida por meios de alcance idêntico aos usados pelos mentirosos. Em Ciências, por exemplo, a propaganda, por mais ridícula que seja, é (quase) toda tida como verdade absoluta. A título de exemplo, atente-se na propaganda em volta do efeito de estufa: quantas pessoas, mesmo entre cientistas, já se aperceberam, que não é possível existir “efeito de estufa” na nossa atmosfera porque a Terra não é um sistema fechado, como um automóvel estacionado ao Sol? Tenho assistido a discussões patéticas para saber se o dióxido de carbono presente na atmosfera causa mais ou menos efeito de estufa que o metano e quando pergunto (com ar gozão, admito) – mas o efeito de estufa existe? – olham para mim como se acabassem de ver um extraterrestre.
“O melhor é a informação esclarecida e livre, ou seja, segundo critérios que sejam as redacções a propor e aplicar.” [José]
Os critérios das redacções são os interesses económicos: vender mais jornais; ter mais audiência.
“O mundo às avessas está a ser feito por propaganda. Toda essa imbecilidade da ditadura do politicamente correcto é injectada por propaganda.” [Zazie]
E então? Devem, os governantes, tentar fazer alguma coisa ou é preferível que assistam sentados?
“Na publicidade a mensagem não é geralmente para levar a sério.” [José]
Mas há muita propaganda para lá da publicidade. E há muitos que levam a publicidade a sério e, mesmo aí, o desmascarar das mentiras raramente tem sucesso porque não é repetitivo, ao contrário da mentira.
Por exemplo, nos Estados Unidos, em 2010, a Danone foi posta em tribunal pela Federal Trade Commission (FTC) por fazer publicidade enganosa ao iogurte Activia, que a Danone dizia que regulava o trânsito intestinal reduzindo a prisão de ventre. A FTC fez um estudo e concluiu que o Activia não se distingue, nesse aspecto, de qualquer outro iogurte e a Dadone, para não ser condenada aceitou um acordo de pagamento de 21 milhões de dólares e de alteração da publicidade do iogurte. A Danone diz agora que o Activia melhora o conforto intestinal e diminui a sensação de barriga inchada o que, para a generalidade das pessoas vai dar no mesmo. Pelo que, na prática, 5 anos depois, muita gente continua a creditar que o Activia é eficaz na regulação do trânsito intestinal.
Pois Apache, ainda bem que vem V. expôr o óbvio, porque eu, como sou "totalitário" ninguém me leva a sério...
O mais curioso, porém, é isto: por um lado, conotam a propaganda com uma intenção intrinsecamente maligna. Como tal, não querem conceber uma propaganda que esclareça em vez de enganar. Por outro, opõem-se à censura e à limitação da mesma propaganda.
Temos então que, na prática, quem pensa assim apenas faz um favor a quem usa a propaganda para enganar: pois não podem impedir que se use a propaganda para o mal, mas opõem-se a que se use para bem (com o pretexto de que é usada para o mal!) e não admitem que se tenha mão nela.
Nem concordam que se restrinja a má, nem que se faça a boa...
Depois admiram-se...
è pá- metam uma coisa na cabecinha.
è simples- até uma criança de 5 anos entende.
Se tem um regime onde são proibidas todas essas coisas comunistas, e até se pode ser preso por isso, expliquem lá que excedente de propaganda que o regime já faz e deve fazer ainda mais, serve para outra coisa que não seja fabricar vítimas.
Os comunas e tudo o que andasse próximo tornou-se mártir, ganhou aura, precisamente por ser censurado e proibido.
Porque, todos os males totalitários que pudessem sacar para os caracterizar, mesmo em menor escala voltavam-se contra o exemplo próprio.
Só numa democracia se podem criticar totalitarismos e haver debate acerca deles.
Num regime não democrático dizer que aqueles também proíbem e fazem assim e assado com polícia política, tornava-se um tanto caricato.
Porque depois só podiam dizer que também tinham isso tudo mas era mais mansinho
Ora bolas!
Os gajos até coleccionavam mortos. Jovenzinhos mortos pela PIDE apenas para defenderem liberdade de organização como o Ribeiro Santos-
Querem mais alimento para hagiografias?
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