O Expresso já publicou dois tomos do livro de Simon Sebag Montefiore sobre Estaline. No prefácio assinado por Francisco Louçã aparece esta passagem:
" A tragédia do século XX é esta: uma revolução contra uma ditadura e uma guerra, que libertou milhões de servos e prometeu o fim da exploração, que se anunciou como uma alvorada de uma humanidade cooperante, foi dominada por uma burocracia fechada, temerosa e por isso agressiva, cujo poder se ergueu sobre uma pirâmide de vítimas."
Algumas dessas vítimas foram os "kulaks" que o autor descreve assim:
Não se trata de burocratas fechados, temerosos e agressivos. Trata-se de uma política deliberada de um grupo de revolucionários que "virou à esquerda" assumindo-se como bolcheviques, dizimando os camponeses e pequenos proprietários de terras e também técnicos industriais que não lhes fossem afectos ou que se lhes opunham, para que fosse possível construir a nova sociedade socialista.
Não se tratou de qualquer desvio de burocracia desvairada pela revolução. Tratou-se pura e simplesmente de uma política colectiva, deliberada e capitaneada por Estaline.
Do mesmo modo, a História não foi aquilo que Louçã escreveu. A tal Revolução não se fez para acabar com a exploração e "libertar milhões de servos".
Louçã, ignorante ou cábula não sabe que antes dos bolcheviques apareceram no poder houve na Rússia um período de anos felizes, como lhe chama a revista francesa Historia, de Dezembro de 2016:
A Rússia dos "dias felizes" ainda durou uns anos, antes e após a queda do regime czarista dos Romanov.
E na luta pela conquista do poder que se seguiu à queda dos czares tudo se alterou. Foi nesta fase que interveio o governo de Kerenski e entre Junho de 1917, data do primeiro congresso dos sovietes de toda a Rússia ( dominado pelos Mencheviques e socialistas revolucionários de Kerenski que tinham como lema "a terra a quem a trbalha") e Outubro de 1917, data da revolução que foi ganha pelos bolcheviques de Lenine, o período histórico não foi como Loução conta que era e aqui já foi desmontado por José Milhazes.
A revista francesa Histoire & Civilisations, do jornal Le Monde explica bem, nestas três páginas o que sucedeu e Louçã aparentemente não sabe.
A frase, a vários títulos assassina de Louçã, até da sua credibilidade como professor seja lá do que for, corresponde a uma visão revisionista e truncadora da realidade história como é típico destes teóricos embebidos em marxismo-leninismo e seria bom que houvesse gente a denunciar este "energúmeno" com acesso permanente às tv´s onde fala como quer a convite de jornalistas ainda mais ignorantes.
A crise do jornalismo não é só de falta de "sustentabilidade dos media" ou de salários baixos. A Lourença não ganha o salário mínimo. Antes pelo contrário, ganhará mais que o presidente da República, precisamente para fazer as figuras que anda a fazer, há anos a esta parte: dar cumprimento aos ensinamentos de Gramsci...