Tirando as fantasias
de Spínola, havia em 26 de Abril de 1974 três forças políticas: o Partido
Comunista (que tinha um programa), o MFA (que estava armado) e Mário Soares,
que a Europa conhecia e estimava. No I Governo Provisório, Soares foi ministro
dos Negócios Estrangeiros, com o encargo de “negociar” a descolonização (na
balbúrdia dos tempos a trapalhada era quase uma regra). Muita gente o criticou
depois, sem perceber que nenhuma “negociação” era possível quando o exército se
insurreccionara precisamente para sair de África. Ficava a Soares, pela
ausência de outro qualquer aliado, o trabalho de estabelecer uma democracia
contra a vontade do PC e do MFA.
Vasco Pulido Valente, em três penadas resume assim a nossa História contemporânea de um pouco
mais de 40 anos.
Portanto, em “26 de Abril de 1974” ( que poderia ser 26 de
Maio ou Junho do mesmo ano) havia três forças políticas e o resto eram
fantasias, incluindo naturalmente as de Spínola.
Estas fantasias de Spínola, VPV não as explica nestas três
penadas mas já explicou noutras três penadas mais antigas, em artigo no Diário de Notícias,
de 2004, por ocasião da efeméride redonda e que está reunido em livro de “Ensaios”
de 2009, da Aletheia.
Nessas fantasias se insere a ideia de Spínola ser uma
espécie de mentecapto parolo, “megalómano e autoritário, e, além disso, ignorante”
que ainda acreditava no menino jesus relativamente à África portuguesa. A ideia básica nessas penadas é essa. E por
isso mesmo, a tentativa de Spínola “domar” o MFA à sua vontade expressa, em
restituir uma democracia verdadeira a Portugal é entendida como “uma fantasia”.
Curioso…
Por outro lado, VPV arruma nessas três penadas, mais as três
antigas, tudo o que ressumava a “conservadorismo” que Spínola obviamente
representava e que não se revia no antigo regime, tornado diabólico, fascista e
tudo quanto a Esquerda comunista resolveu adoptar como designação pejorativa,
com o aplauso de VPV e outros idiotas úteis nesta matéria. Nunca denunciaram
tal manobra, adoptaram a linguagem reinventada para o efeito e assimilaram os
conceitos novos sobre uma democracia que se apresentava ex novo como VPV a define: MFA, PCP e Mário Soares. E é tudo.
Essas “fantasias de Spínola”, porém, integravam uma multidão
de uma imensa maioria silenciosa, ou seja o
povo português de uma raiz antiga que não comungava à Esquerda,
não se confessava jacobino nem aplaudia heróis
de fancaria revolucionária e que
de
repente, literalmente da noite de 28 de Setembro de 1974 para o dia seguinte,
se tornou reaccionário, obscurantista, fascista e até nazi se preciso fora. VPV
aplaudiu o fenómeno, mais retumbante que as aparições de Fátima.
Spínola escreveu sobre essas fantasias num livro de 1978, que ninguém leu, nem quer ler, para se contar a História sem ser em três penadas- País sem Rumo:
Portanto, a democracia portuguesa “instaurada” em 25 de
Abril de 1974 pelo MFA ( o Exército, fundamentalmente, em golpe de mão que
revolveu o regime exangue de Marcello Caetano) era integrada, segundo VPV, pelo MFA “que estava
armado”, pelo PCP que “tinha um programa” e por Mário Soares que era conhecido
lá fora, na Europa então socialista das suécias
e das alemanhas e só. Uma Europa reduzida a uma expressão mínima cujos líderes
se estavam realmente nas tintas para o dito Soares. A França não era incondicional
de Soares, nem a Espanha, nem sequer a Inglaterra ou porventura uma Alemanha que acabou a dar-lhe esmolas. Alguns líderes trabalhistas,
esforçados e que acabaram no poder dali a alguns anos poderiam ser, mas era tudo
e era muito pouco.
Tal definição de “democracia” é muito curiosa e suscita logo
observações de vulto: a democracia, burguesa, afinal não deveria ser um sistema
em que as eleições, com voto secreto fossem norma, com liberdade de expressão, economia
de mercado e multipartidarismo?
O que faltava em 26 de Abril de 1974 para tal noção se
tornar realidade? É óbvio e faísca como o raio que precede o trovão ribombante:
faltava quem representasse, nessa novel democracia, as “fantasias de Spínola”,
ou seja, o povo conservador que acreditava nas fantasias de Marcello Caetano,
por exemplo, que englobavam um sentido de Estado que se perdeu, eventualmente para sempre. E eram muitas pessoas, muita gente, como se pode ver
nesta imagem de 27 de Julho de 1973 na revista Observador ( não se encontra este tipo de imagens em lado nenhum, na imprensa portuguesa actual. Marcello Caetano nunca existiu). As imagens mostram claramente o que as fantasias de Spínola ainda conservavam mas que denotam uma reacção às fantasias de Mário Soares, em Londres, nesse ano:
Portanto, a democracia portuguesa de que um homem de estadão ( ostentador e pomposo)
e não de Estado se arvorou como constituinte originário, nasceu coxa,
deficitária, amputada numa componente essencial: a representatividade do povo
português no seu todo.
Nunca ninguém se incomodou com isso e muito menos VPV nos
seus escritos em três penadas.
Mas a realidade é o que é: a democracia portuguesa foi e
continua a ser um logro que aliás explica tudo o resto, das três bancarrotas à
actual geringonça, termo crismado aliás pelo mesmo VPV.
A democracia portuguesa que surgiu em 26 de Abril de 1974
foi uma democracia de Esquerda, essencialmente. Falta-lhe para se poder afirmar
com toda a legitimidade, a componente de Direita, conservadora que nunca
apareceu à luz do dia por força de outro fenómeno que nunca preocupou a
jacobinice ambiente: proibiram-na de se reunir ou associar, chamando-a nazi ou
fascista. E essa designação por palavras simples colheu o consentimento da
jacobinice e naturalmente de toda a Esquerda que se impôs na Constituição de
1976.Tudo o que poderia classificar-se à direita do partido de direito, o CDS que curiosamente se reclamava de centro, era fascista e portanto proibido constitucionalmente de se exprimir. É esta, ainda, a democracia que temos e desafio quem quer que seja a demonstrar o contrário.
As tentativas pífias, ainda em 1974, de tal Direita se
afirmar esbarrou no muro de intolerância
democrática destes novos senhores de uma democracia nascente e anquilosada mas que
vingou, muito por causa do homem de Estadão, considerado o pai desta proto-geringonça.
Assim, sobre Mário
Soares, também VPV já se pronunciou nas mesmas três penadas de 2004.
Essencialmente, “em toda a esquerda que se opunha ao regime mas se recusava ser
subordinada ou absorvida pelo PC, só ele percebeu que não existia independência
possível sem apoio internacional, como sem apoio internacional não existiriam
instituições democráticas”.
Foi mesmo
assim?
Então o papel dos outros partidos mais ao centro e da
social-democracia foi nulo? Os 34 % do PSD e CDS ( “rigorosamente ao centro”,
com aliás se confirmou nos anos vindouros, até agora) nas primeiras eleições “livres”
para a Constituinte, em 25 de Abril de 1975, contam afinal como
zero nesta equação? Só valem os 38% do PS de Mário Soares que em anos seguintes
aliás se mirraram e deram maiorias
absolutas àqueles sociais-democratas rigorosamente ao centro?
Enfim retomemos outra passagem do escrito das três penadas:
a da descolonização em que Mário Soares e o seu Sombra, Almeida Santos e outros
( Vasco Vieira de Almeida) assumiram papel relevante e determinante.
O estribilho corrente é sempre o mesmo: Soares nada podia
fazer perante umas Forças Armadas desmotivadas e derrotadas psicologicamente e afinal
segundo VPV “ O MFA nascera para impor o abandono imediato de África”.
Em primeiro lugar isto parece falso. O MFA nasceu como uma
reivindicação corporativa, inicialmente. Se escolheram Spínola, o das “fantasias”
como líder e depois como primeiro presidente da República, não eleito mas
aclamado popularmente como Marcello Caetano o tinha sido no ano anterior, tal
significa que não foi para tal efeito que o MFA nasceu. Aliás é contraditório
afirmar tal coisa e dizer a propósito do 25 de Abril que nasceu porque o
Exército não queria continuar a guerra.
É coisa muito diferente dizer que o Exército e por
antonomásia a maioria do povo português estava farto da guerra do Ultramar e
afirmar depois que o MFA se constituiu para entregar de mão beijada e
imediatamente o poder aos antigos terroristas.
Tal efeito surgiu sim, mas por causa da esquerda comunista E
também de Mário Soares e isso é preciso que se fixe como uma verdade histórica
indesmentível.
As entrevistas que Mário Soares deu em Junho e Agosto de
1974, nomeadamente à Newsweek e Der Spiegel, mostram claramente isso e se preciso fora existe a circunstância história
de um “pacto” firmado antes de 25 de Abril de 1974, entre o PCP e o
recém-formado PS, em Paris e com Mário Soares, o sentido de outorgar a
independência a essas nossas antigas províncias ultramarinas.
A questão principal e que definiria um Homem de Estado e não
de estadão como Soares sempre foi, seria esta: entregar, como? Deixar à sua sorte as centenas de milhar
de portugueses que lá estavam? Abandonar tudo o que tinha sido efectivamente
nosso, em matéria de propriedade? É esta
a questão a que Mário Soares respondeu na altura: sim.
E isso é um pecado mortal para um Homem de Estado.
Nem De Gaulle, nem Churchill ou o reino belga fizeram tal
coisa como os ingleses também nunca fizeram. Mário Soares fez, em nome de uma
ideologia, apenas. E essa ideologia era a Esquerda, comunista e socialista. Fosse democrática, mesmo
amputada como a existente ou outra, a do PCP que é “avançada”.
O que Mário Soares deveria fazer se fosse um Homem de Estado
e português de gema ( que nunca pareceu ser) era impor-se, como se impôs na
Frente Luminosa, ao PCP e extrema-esquerda, nessa matéria.
Impor-se significaria
dar voz e atenção “às fantasias de Spínola” e rejeitar o processo
revolucionário que depressa entrou em curso. Mário Soares só acordou para tal
perigo quando lhe foram aos cabedais, no República. Só aí percebeu o que estava
em causa e nessa altura já não tinha força alguma para se impor ao que quer que
fosse.
Tinha rejeitado as “fantasias de Spínola” e também de Sá
Carneiro e perdeu essa oportunidade de ouro na História de Portugal para se
tornar um Homem de Estado. Hoje seria reconhecido como efectivamente um Homem
de Estado. Assim transformou-se num Homem de Estadão, adepto da pompa e circunstância do seu ego que impôs aos portugueses que votam, por falta de alternativas de Esquerda democrática.
Foi presidente da República, em 1986 apenas porque a esquerda comunista votou nele, numa manobra táctica para impedir uma cripto-direita mirífica e social-democrata de se impor no país, como acontecia na maioria dos países europeus. Tal resultado foi a machadada final na democracia inclusiva porque assinalou o desaparecimento da Direita que fora uma fantasia de Spínola. Desde então surgiu outra raça que se reproduziu como coelhos: os tartufos como basílios, freitas, júdices e quejandos.
A nossa bela democracia é isto, hoje em dia e por vicejou esta Geringonça que mais ninguém tem na Europa. Linda democracia!
O PC não queria impor
aqui o “socialismo real” da Europa de Leste, que os russos não podiam
sustentar. Como Cunhal se fartou de explicar, só queria uma “democracia de tipo
diferente”, um conceito muito falado na guerra civil de Espanha e agora tirado
do ferro-velho da seita. Em que consistia essa antiga monstruosidade? No meio
da retórica do costume, consistia em fazer o Estado tomar conta dos “commanding
heights” da economia (a energia – incluindo o petróleo – a banca, as
seguradoras, a indústria pesada e as grandes propriedades fundiárias do sul).
Ao resto de Portugal, o PC dava licença de ir à sua vidinha, com os sindicatos
submetidos à CGTP e a administração central e local ocupada por militantes e
por “amigos com provas”.
O bom povo compreendeu
que este magnífico plano o levaria rapidamente à miséria e uma larga parte dos
militares, duramente analfabetos, acharam que na sociedade do dr. Cunhal
ficariam ao abrigo de qualquer represália, excepto evidentemente das
represálias que o dr. Cunhal lhes resolvesse aplicar por desobediência ou
“desvio” político. O problema do dr. Soares era instilar um pouco de bom senso
e realismo em algumas cabeças do MFA; e ir resistindo ao assalto do PC ao
Estado e às “culminâncias” da economia, uma benemérita actividade a que a
“inteligência indígena” prestou os seus zelosos serviços.
Posto isto, o PS
precisava também de reforçar a sua organização e de se estender a todo o país.
Em 1974, o partido não ia além de algumas venerandas figuras da I República, de
alguma Maçonaria e de cinco ou seis dúzias de drs., espalhados pelo Porto e por
Lisboa. A geração da crise académica rejeitou quase completamente o que lhe
parecia ser um instrumento do “sub-imperialismo” alemão. Não achava o PS “revolucionário”
que lhe chegasse e fundou o MES (uma sombra do MIR chileno) e, quando o MES se
desfez numa inqualificável loucura, os mais sensatos (11 ou 12, se isso)
passaram a almoçar juntos num hotel de Lisboa, sob a designação de GIS (ou
Grupo de Intervenção Socialista). Escusado será dizer que não intervieram em
nada de consequente.
Mas, mesmo sem eles,
Soares conseguiu suster ou moderar os golpes — porque eram verdadeiros golpes,
preparados na sombra e executados à revelia dos poderes nominalmente legais —
do PC e do MFA. Durante meses pôs na rua manifestações cada vez maiores de um
povo que, ao contrário do “slogan”, se começava a desunir. Quando uma greve de
tipógrafos (não de jornalistas) fechou o jornal socialista “A República”,
Portugal e a Europa compreenderam de uma vez quem eram o MFA e o dr. Cunhal.
E o dr. Cunhal e o MFA ficaram mais longe de resolver o seu grande
problema: a eleição para a Constituinte. Prometida pelo programa
original dos militares, sinal para o mundo da boa fé dos
“revolucionários” do dia essa eleição tinha de se fazer e,
simultaneamente, não se podia fazer. Se por acaso se fizesse, ganhava
Soares e todo o plano de Cunhal e dos seus camaradas do MFA iria abaixo.
E se por acaso não se fizesse a ilegitimidade do PREC (como na altura
sentimentalmente se chamava ao delírio da esquerda) não deixaria a mais
leve dúvida a ninguém. Felizmente uma parte do MFA, que se recusava a
ser o braço forte da repressão comunista e a receber ordens do PC,
insistiu na eleição e calou a facção mais excitada do exército. Em Abril
de 1975, o povo desunido votou: à volta de 38 por cento em Soares e à
volta de 12 por cento no PC.
Mas nem perante esta arrasadora evidência a “festa” terminou. À boa
maneira leninista, a televisão e a imprensa insultavam e caricaturavam a
Assembleia, houve cercos de operários indignados por causa dos
representantes do país se atreverem a discutir os problemas do país,
Cunhal garantia a uma senhora italiana (muito célebre nessa altura) que
em Portugal nunca haveria uma “democracia burguesa”. A “inteligência” de
cá desceu a abismos de indignidade a que raramente alguém desceu e a
seguir andou anos a comprar do seu bolso os seus próprios livros, com o
fim de purificar o mercado e de aparecer limpinha ao dr. Mário Soares.
A atmosfera de medo e de intimidação não parou com as eleições de 75.
As manifestações continuavam, a censura apertou nos jornais, na RTP e
nas rádios. José Saramago apelava à revolta no “Diário de Notícias”.
Quem falava no parlamento ou em votos era um puro “burguês” dedicado a
esmagar as “classes trabalhadoras”. E começaram a correr rumores de
guerra civil. Os rumores eram absurdos por três razões. Primeiro, porque
nenhuma das partes tinha dinheiro. Segundo, porque a “revolução”
indisciplinara as tropas do PC (e a URSS proibira disparates). Terceiro,
porque a gente de Otelo não passava de uma mascarada sem valor militar.
Não podia haver uma guerra civil, mas podia haver uma matança e algumas
figuras justificadamente trataram de se esconder ou de tomar
precauções. Soares, com a cabeça a prémio, foi à Alameda e a seguir
ajudou, à sua maneira, o golpe de 25 de Novembro, que removeu de cena os
partidários do PREC.
Infelizmente, o dito PREC deixara Portugal em ruínas e os militares
no centro do regime político. O Presidente da República (Eanes)
comandava efectivamente o exército. O Conselho da Revolução, sem espécie
de mandato, aprovava ou desaprovava a legislação da Assembleia, com o
propósito de preservar intacta a sua preciosa “revolução”. Mas Soares,
Balsemão, Freitas do Amaral e Mota Pinto, entre si e contra algumas
facções internas no PS e mesmo no PSD, acabaram por meter os militares
nos quartéis, sem lhes deixar um vestígio de influência política.
Nesse ponto crítico, Eanes, a meses de sair de Belém, decidiu
organizar um novo partido para ele e para os amigos: o PRD. Mas Soares,
entretanto eleito Presidente da República, não o deixou viver. À
primeira oportunidade dissolveu a Assembleia, sabendo perfeitamente que
ia entregar uma maioria a Cavaco. E, de facto, entregou, porque o PRD
juntava só o oportunismo e ressentimento e sem poder não valia um
cêntimo. Soares viu desfilar os seus inimigos íntimos pela televisão.
Mas ganhou. Ganhámos nós.
A pretensa heroicidade do homem de Estadão em 1975 sai mais
uma vez reforçada num papel único de lutador pela sua sobrevivência pessoal e
política.
Sobre a luta no PREC é sempre destacado o seu papel na Fonte
Luminosa mas VPV desvaloriza ipso facto tal ocorrência ao escrever que Portugal
nunca correu risco verdadeiro de guerra civil na altura. Por falta de dinheiro…
Ora o que um então apoiante das “fantasias de Spínola”,
Paradela de Abreu escreveu em 1983 no livrinho
Do 25 de Abril ao 25 de Novembro
ajuda a compreender outra realidade que não é muito falada, porque deslustra a
figura do Homem de Estado que nunca foi.
Sobre a circunstância de Spínola ser apenas uma "fantasia" sem importância, a "26 de Abril de 1974" nem a História rememorado lhe valerá. Só admira como se tenha esquecido tanto...
Basta ver estes recortes de imprensa estrangeira ( tirados do livro de Joaquim Vieira e Reto Monico ( e não Monica, como escrevi antes, por lapso) , Nas Bocas do Mundo, de 2014, da Tinta da China) nesses primeiros meses de 1974, ou seja o tal 26 de Abril, para perceber o logro e as armadilhas da memória. Se um historiador que viveu os acontecimentos distorce tanto assim uma realidade vivida o que não fará ao especular acerca da que não chegou a viver ( séc. XIX, por exemplo):
Onde é que aparece aqui Mário Soares como figura de imposição europeia e determinante? Em lado nenhum a não ser na referência da revista Le Nouvel Observateur, do seu amigo socialista ( e que o visitou em casa) Jean Daniel.
É isto a grande referência do 26 de Abril de 1974? É isto quando a imprensa considerava o mesmo Mário Soares como pessoa muito duvidosa para conseguir "dar a volta" ao comunismo de Cunhal, perante as hesitações e erros políticos?
Spínola mai-las suas "fantasias", era efectivamente o herói da Revolução e foi-o durante o Verão de 1974, ou seja aquele tal 26 de Abril desse ano.
Enfim, VPV anda esquecido. Ou nunca se lembrou, o que será bem pior e mais provável.
ADITAMENTO:
Do
sítio do Observador (que tem espaço de comentários...o que agora descobri) está lá um que merece transcrição porque não é dos que falam do que nem sabem. É de um antigo militar que assim escreve: