sexta-feira, janeiro 13, 2017

O povo e os apaniguados nos funerais de Estado

Parece que terá ido pouca gente ao funeral de Mário Soares e isso incomoda certos oráculos que eventualmente esperavam uma manifestação política demonstrativa da importância supostamente lendária do visado, merecedora do epíteto canhestro de  "pai da democracia" .

As revistas de "sociedade" mostram hoje a pindérica ausência de um povo  que se presumia presente em contraste com a maciça presença numérica dos notáveis que homenagearam um dos seus.
Torna-se por isso interessante ver quem foi ao enterro para se perceber a  nossa sociedade actual e a sua nomenklatura de interesses e referências.

Mário Soares, através de um partido que liderou ideologicamente durante décadas e do poder que alcançou através dele, agregou os militantes, apaniguados, simpatizantes e aboletados de vária espécie no regime que ajudou a criar.
O enterro de Mário Soares é também um retrato de um certo país em que o povo não está representado, mas apenas os que o regime adoptou.

Nestas imagens que seguem não estão todos, claro. Mas estão os que dominam os media. Aliás, o enterro foi isso: mediático.

Lux com data de 16.1.2017


Nova Gente com a mesma data:


Agora compare-se com o que sucedeu em 30 de Julho de 1970, em alguns dos mesmos locais de Lisboa. A reportagem é do Século Ilustrado de 1.8.1970, assinada entre outros por Maria Antónia Palla, mãe do babush que foi à Índia e é actual primeiro-ministro de Portugal.







Da comparação resulta uma evidência: a democracia prescinde de povo no funeral do seu pai putativo...mas não suporta a ausência dos seus apaniguados, filhos bastardos de um regime que se perverteu
Pelo contrário, o regime odiado pela democracia e vilipendiado como fassista teve povo a rodos no funeral do seu máximo representante e poucos apaniguados visíveis.
A História já não é o que era.

Só uma nota mais: consta que um dos militares que acompanharam o féretro e ajudaram a transportar o caixão, teria sido, nem mais nem menos que...Otelo Saraiva de Carvalho. A fonte é de boa cepa e si non e vero e ben trovato. Mas carece de confirmação. Do próprio, se calhar. Ou talvez não porque sempre teve propensão para actor...

26 comentários:

zazie disse...

Já não é, não.

Excelente comparação.

Kaiser Soze disse...

Hoje, o JMT lamentava - era meio encoberto mas lamentava - que Portugal não reconhecesse os seus heróis por conta da ausência de massa humana no funeral.
Também eu acho que haverá falta de referências (de heróis gosto menos) mas talvez haja uma ou outra.
O Ramalho Eanes deveria merecer muito mais consideração do que recebe mas, ainda assim, a manif de adoração a um morto incomoda-me.

A referência ao funeral do Salazar é, quanto ao ponto, contraproducente para gente como eu.
Quando vejo coisas dessas lembro-me da Coreia do Norte e todos os outros lugares em que os homens não são ou não querem ser tidos enquanto tal.

josé disse...

O funeral de Salazar não foi bem isso, mas uma mistura de gente do regime com o povo real. Havia maior imbricação nessa altura do que hoje.

Claro que os comunistas da época e também os socialistas avant la lettre regozijaram com a morte de Salazar...mas eram uma imensa minoria de poucos milhares de pessoas. 2 mil, segundo Soares, nas vésperas do 25 de Abril.

josé disse...

Salazar era uma pessoa do povo real. Quando estava na sua aldeia do Vimieiro fazia o que as pessoas de lá faziam na agricultura. Basta lá ir para ver.

E no seu dia a dia era também uma pessoa sem os luxos que esta nova camada de nababos da democracia tem.

Mário Soares nunca foi rico até chegar ao poder. Agora deve ser e seria interessante saber quanto dinheiro deixou nas contas e quanto vale o seu património ganho com dinheiro pago pelo Estado porque sempre foi funcionário do Estado desde os finais de Abril de 1974.Directa ou indirectamente.

Todos os ministros de Salazar eram pessoas reais sem serem corruptos do sistema. Agora é o que se vê.

No entanto ninguém se incomoda com isso.

Unknown disse...

Grande postal.

Miguel D

Josephvs disse...

thanx Zé

Floribundus disse...

AOS era um rústico que desceu à cidade


também sou, mas náo volto à minha aldeia porque depois de 25.iv se tornou covil de ladróes
tal como o regime

o funeral do bpxexas foi manifestação macabra

Floribundus disse...

como camponês observo esta sociedade e sinto que o espéctaculo se tornou cada dia mais violento

venho tomando notas sobre esta sociedade da violência
politicos de esquerda e sua comunicação social exercem violência verba, psíquica, politica, social, económica, religiosa, ética, étnica,sexual

a desumanização vai continuar com as transformações robótica e virtual

o ser humano voltará a
homo viator in perpetuum mobile
os low cost flights são baratos

referem por vezes
Genesis 3, 23.O Senhor Deus expulsou-o do jardim do Éden, para que ele cultivasse a terra donde tinha sido tirado.

Maria disse...

Com a hipocrisia e o cinismo - e toneladas de oportunismo - que caracterizava Soares, ao contrário do que ele afirmou devia ter confessado a verdade "primeiro sou marxista-leninista, depois sou socialista e só depois sou (vagamente) português. Porque ele nunca deixou de ser comunista e um apologista absoluto da Rússia soviética..., ou não teria protegido a 100% os comunistas após o golpe d'Abril, como é do conhecimento geral, o que aliás originou a nossa desgraça. Cunhal fez-lhe uma lavagem cerebral aos dezassete anos e ele ficou vacinado para sempre. Soares nasceu em Portugal por puro acidente, ele foi tudo menos UM autêntico português. O tremendo mal que ele nos fez, como nenhum outro português o havia feito em toda a nossa História, não pode, não deve e não será ignorado.

Só um ser carregado de ódio, um genuíno espírito do mal, teria sido capaz de ter desferido um tão miserável e fatídico golpe no corpo e alma do Povo e da Nação, provocando nestes uma ferida de tal modo profunda que jamais sarará.

Unknown disse...

Comparar Soares com Salazar?!
Como se pode comparar um gigante com um anão?

Unknown disse...

Para desfazer possíveis dúvidas,e manter a "simetria frásica", deveria ter escrito:

" Como se pode comparar um anão com um gigant?".

josé disse...

A comparação não e exactamente entre Soares e Salazar, embora pudesse fazer-se: ambos foram indivíduos que marcaram a sociedade portuguesa durante mais de 40 anos. Ambos governaram e ambos tiveram oportunidade de deixar uma marca pessoal.

A comparação a este título pode fazer-se e já se fez: quando os telespectadores portugueses elegeram Salazar como o maior português de sempre.

Porém, a comparação que faço é outra: a do povo de agora e o de outrora.

No tempo do "obscurantismo" havia maior sabedoria.Em tudo. E a Censura de agora é mais difusa e subtil mas muito mais eficaz que a de Salazar.

Nestes últimos 40 anos, muito por obra deste Soares que é apenas um fruto da época, Portugal regrediu como país.

Estamos relativamente mais pobres embora vivamos melhor. Estamos mais ignorantes embora tenhamos a cesso a maiores fontes de conhecimento e estamos mais atrasados embora tivéssemos todas as oportunides do contrário.

Mário Soares deixou esse legado porque ajudou a fazer a Constituição de 1976 e emperrou sempre o progresso económico que se impunha, com excepção de uns tempos aquando da segunda bancarrota que apadrinhou.

Da primeira, essa, foi o verdadeiro pai.


Soares em vez de pai da democracia foi o pai das bancarrotas.

Marcello Caetano o disse.



altaia disse...

Ainda não acabou o orgasmo Tristeza

AntCarvLima disse...

Há uma outra diferença. Nas exéquias de Salazar todos puderam ver o seu rosto. Nas de Soares, a urna esteve sempre fechada. Lamento, mas não me convencem do seu falecimento em 7 de janeiro. Havia muitas festas - natal, ano novo, reis - e um funeral de estado nessa altura seria um flop. Infelizmente não me surpreende, olhando para um país onde só se triunfa com aparência, superficialidade e com politicamente correto.

josé disse...

É verdade, isso. Nessa altura o costume era mostrar o morto. Agora esconde-se.

É um dos sinais mais relevantes da mudança de costumes.

adelinoferreira disse...

"Na hora das Bancarrotas"

A segunda bancarrota é do governo da AD liderado por Francisco Pinto Balsemão e que contava, entre outros, com Freitas do Amaral a Vice-Primeiro Ministro, João Salgueiro nas Finanças, Marcelo Rebelo de Sousa nos Assuntos Parlamentares e Basílio Horta na Agricultura.


adelinoferreira disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anabela Jardim disse...

Só de pensar que o usurprador daqui esteve aí para prestar condolências e que a midia daqui só fez falar de sua presença ao invés de cobrir o ocorrido, já me sinto envergonhado com eses novos tempos ditos "democráticos".

josé disse...

Sobre a paternidade da bancarrota de 83-85 já escrevi aqui várias vezes, com apoio documental.

Julgo que o padrinho foi mesmo Mário Soares.

aqui

josé disse...

E depois houve outros artigos sobre o assunto. A Esquerda gosta sempre de alijar responsabilidades e sacudir água do capote, nestes assuntos.

Mas não há volta a dar

Manuel Pereira da Rosa disse...

Disse o Prof. Dr. Marcelo no seu discurso de passagem de ano:
«É preciso aproximar o poder do povo». Vejam só como pensa ou não pensa o eminente constitucionalista. Como reagiria O Dr. Salazar se o ministro Dr. Baltazar Rebelo de Sousa afirmasse ser preciso aproximar o poder da Nação?
Parece que ninguém deu por nada!
Aliás, escrever o nome do soberano com letra minúscula na actual CRP atesta bem da falta de respeito e mediocridade desta pseudo democracia.
Quem não é capaz de submeter-se a si próprio també não é capaz de governar quem quer que seja.
Quanto a fascismos, quem condecorou o super fascista português, Dr. Rolão Preto, foi o Dr. Mário Soares.
Que quizer ler como se define um soberano leia a constituição de 1933.
A Nação Portuguesa jamais foi tratada como lixo por funcionários e burocratas estrangeiros. O povo português quase todos os dias é.
Grande democracia!

adelinoferreira disse...

Mas.. qual esquerda? O meu comentário tinha por objectivo tão só, dar a conhecer os nomes de alguns dos "afilhados" que estiveram na segunda bancarrota que alude o José ali em cima. Admito que já tenha abordado mas, como compreenderá um homem não consegue ver e memorizar tudo que na bloga é dito. É verdade o que escrevi!! Não estou vinculado a nenhuma norma e com o José sempre fui correcto, pelo que gostaria que não me colocasse rótulos. Não o faço em relação a sua pessoa. Em tempos até o elogiei por ter opiniões fundamentadas em artigos de revistas e jornais da época que poderão em alguns casos permitir uma melhor avaliação dos leitores

Maria disse...

Palavras acertadíssimas, José. Parabéns.

Concordando com o que diz Miguel Dias, acrescentaria que é humanamente impossível comparar Soares com Salazar ou Caetano - estas, duas personalidades íntegras, honestas, verdadeiras, fiéis ao Povo e à Pátria, defensores estrénuos dos mesmos. Fazê-lo é querer comparar um verme rastejante com dois gigantes. Que o foram como portugueses leais, como governantes impolutos e como políticos incorruptíveis. Não é possível comparar uma criatura sem carácter, sem honra, sem dignidade, falso, desonesto, mentiroso, corrupto e corruptor, com personalidades da alta craveira de Salazar e Caetano, dois extraordinários políticos e um deles o maior do séc. XX português. Estes tinham as qualidades que definem os grandes Estadistas. Salazar provou-o à exaustão; a Caetano não lhe deram tempo suficiente para o demonstrar por ter sido cobarde e miseràvelmente traído pelo traidor Soares e pelo seu adorado camarada e igualmente traidor Cunhal.

Viu-se o apreço dos portugueses pela enorme multidão que encheu as ruas aquando do funeral de Salazar. E viu-se a pouca ou nenhuma importância dada a Soares nas poucas centenas de gatos pingados que ao deste assistiram nas ruas. Nestes englobavam-se os apaniguados, os militantes e trabalhadores dos partidos de esquerda (que nestes acontecimentos são obrigados a comparecer), os agradecidos pelos tachos vitalícios recebidos ao longo dos anos que levamos de democracia e algumas centenas de papalvos vindos de todo país com viagem paga para vir fazer número nas ruas.
Veja-se a multidão que assistiu nas ruas à passagem do féretro de Salazar e repare-se na singela e humilde carrinha de caixa aberta que transportava o seu corpo sem um único adereço ou corôa de flores (até neste particular foi contido, poupando ao erário público despesas por si consideradas superfluas), escoltado por UM ÚNICO militar a cavalo e comparar esta singeleza e simplicidade extremas, com o luxo e pompa desmesuradas que rodeou o funeral do vaidosão e traidor Soares, sem esquecer a despesa brutal (paga por todos nós, está claro...) que tal conlevou, façam-se comparações entre as duas personagens e extraiam-se as devidas conclusões.

Soares, ganacioso de poder e invejoso da longevidade e do pestígio de Salazar, jurou a ele próprio que, uma vez alcançado o poder, havia de governar mais tempo do que aquele que tanto odiava. E não é que a cobra venenosa quase o conseguiu?

Concluíndo, Soares foi um pulha do pior.

Vivendi disse...

"Estamos relativamente mais pobres embora vivamos melhor. Estamos mais ignorantes embora tenhamos acesso a maiores fontes de conhecimento e estamos mais atrasados embora tivéssemos todas as oportunidades do contrário."

Excelente reflexão!

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Charrete, mosteiro e réquiem.
Socialista, laico e agnóstico.

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Quando Portugal estava entregue à providência:


http://o-tradicionalista.blogspot.pt/2016/11/quando-portugal-estava-entregue.html





josé disse...

Adelino Ferreira: retiro o rótulo se não enfia a carapuça. Mas fica o rótulo porque a visão de Esquerda é a que exprimiu: a de que Mário Soares não teve a ver com a bancarrota de 1983 e apenas o governo da AD+Balsemão a seguir tiveram.

Hélas!

Unknown disse...

Morreu porque não havia mais mentiras para dizer! Não havia mais ninguém para enganar;! E não havia mais nada para roubar... morreu de pois de todo o mal que já tinha feito; depois de todas as desgraças que havia provocado e, depois de cumprida a diabólica missão de acabar com um país, ainda chega ao inferno a tempo de se vangloriar de ter sido o maior filho da puta que alguma vez pisou terras lusitanas

O Público activista e relapso